Parte do percurso dos Passadiços do Paiva foi consumido pelas chamas na sequência de um incêndio que deflagrou em Castro Daire, no distrito de Viseu, e se propagou para Arouca, em setembro do ano passado. A Carmo Wood, responsável pela construção original, em 2015, foi novamente selecionada pela Câmara Municipal de Arouca para assegurar a reconstrução dessa parte do troço.
A empresa portuguesa, líder europeia em madeira tratada, iniciou as obras em janeiro, com um prazo previsto de três meses e um custo superior a 210 mil euros. A intervenção abrange 260 metros do passadiço convencional, distribuídos por três secções, e 600 metros de escadas, também em três secções, incluindo degraus, corrimãos e ligações às partes preservadas. Os trabalhos incluem a substituição de partes queimadas do passadiço e escadas e a limpeza da zona afetada, assegurando a segurança e a preservação ambiental da área envolvente.
A expectativa é que parte do percurso esteja reconstruída até ao Carnaval (4 de março), revelou a presidente da Câmara Municipal de Arouca, Margarida Belém, ao “Diário de Notícias”.
Com um custo de 210 mil euros, a intervenção deverá cumprir o cronograma previsto de três meses. “É com enorme sentido de responsabilidade e dedicação que assumimos a reconstrução dos Passadiços do Paiva, uma infraestrutura tão emblemática para o turismo nacional e com a qual a Carmo Wood tem uma relação tão especial”, afirma João Figueiredo, diretor-executivo da empresa.
A vasta experiência da empresa em projetos de engenharia complexos, conjugada com o conhecimento do terreno e das suas dificuldades logísticas, são, segundo Figueiredo, “a garantia do sucesso desta empreitada”. E acrescenta: “Os acontecimentos de setembro de 2024, como infelizmente os de tantos outros anos, lembram-nos que até as infraestruturas mais emblemáticas são vulneráveis quando a proteção ambiental é descurada. Portugal deve cuidar e proteger as suas florestas com o mesmo empenho com que protege os seus monumentos históricos e culturais.”
Os Passadiços do Paiva estendem-se por 8,7 quilómetros, rodeados de “natureza selvagem” que acolhe várias espécies em risco de extinção na Europa, na margem esquerda do Rio Paiva, numa área conhecida como a Garganta do Paiva. O trajeto, no concelho de Arouca, no distrito de Aveiro, é um dos favoritos de muitos portugueses e também estrangeiros.
O percurso atravessa pontes suspensas, pequenos lagos formados nas rochas e passa pelas praias fluviais do Areinho e de Espiunca, e entre estas duas, a praia do Vau.
Inaugurados em junho de 2015, os Passadiços do Paiva têm tido um trajeto algo atribulado: a 11 de agosto de 2016, um incêndio devastou um troço de 700 metros. O incidente levou ao encerramento de metade do trilho (de oito quilómetros passou para quatro) durante vários meses. Em setembro de 2015, na sequência de outro fogo florestal, já haviam sido destruídos 600 metros.