A rainha Isabel II, a monarca com o reinado mais longo da história do Reino Unido, veio a Portugal pela primeira vez em 1957, acompanhada pelo marido, o duque Filipe de Edimburgo. Foi recebida no Cais das Colunas, em Lisboa, e chegou a bordo de uma das mais célebres embarcações do mundo, o Royal Yacht Britannia, que serviu a família real em 968 viagens oficiais. A monarca ficou hospedada no Pavilhão D. Maria I, no Palácio de Queluz.
A fachada do monumento esconde, na verdade, duas moradas: uma delas é uma residência independente, o Pavilhão D. Maria I, concluído em 1789. Foi construído a pensar na realeza e, em 1794, tornou-se residência oficial da rainha D. Maria I e, posteriormente, dos príncipes regentes D. João VI e D. Carlota Joaquina.
Desde 1940, esta ala do Palácio de Queluz passou a acolher os chefes de Estado estrangeiros de visita ao País. Ao longo dos últimos anos, passaram por lá reis, príncipes, imperadores e presidentes — mas nenhuma visita foi tão marcante como a de Isabel II, que morreu em setembro de 2022.
Em 1956, a residência sofreu obras profundas de modernização precisamente para receber a rainha de Inglaterra, que chegaria no ano seguinte, juntamente com o marido. O momento ficou eternizado, após o casal ter assinado o livro de honra, que ainda hoje pode ser visto no piso térreo desta ala.
O duque de Edimburgo regressou ao Palácio de Queluz em 1973, desta vez sozinho, mas o casal voltou a ficar hospedado na residência em 1985. Dois anos depois, foi a vez de Carlos e Diana ocuparem os mesmos espaços .Ao longo dos anos, recebeu muitas outras personalidade, como o rei Juan Carlos e a rainha Sofia de Espanha, vários presidentes do Brasil, o 34.º presidente dos Estados Unidos, Dwight D. Eisenhower ou Marcello Caetano.
Apesar de ainda ser considerado residência oficial, o Pavilhão Maria I não recebe hóspedes desde 2004, após a estadia do presidente da Polónia. Depois de décadas a guardar os segredos de importantes figuras mundiais, a residência do Palácio de Queluz abriu ao público no verão de 2021. Não é possível passar lá a noite mas, uma vez por mês, é possível visitar o espaço e ficar a conhecer os aposentos temporários da rainha Isabel II.
“A visita tem a duração aproximada de uma hora e percorre os ambientes privados onde ficaram alojados, entre 1940 e 2004, convidados ilustres da República Portuguesa, a rainha Isabel II, o Generalíssimo Franco de Espanha, o presidente do Brasil José Sarney, o rei Juan Carlos de Espanha, os imperadores do Japão, entre tantos outros, que marcaram a história do século XX”, descreve à NiT a Parques de Sintra.
Ao longo desta viagem ao passado, destacam-se os aposentos femininos e masculinos, a sala de estar, a sala do café, a sala de jantar, “entre muitos outros espaços que guardam as memórias das personalidades notáveis que por ali passaram”. No quarto onde ficou a monarca, por exemplo, sobressai a cama de dossel e duas mesas de cabeceira que vieram diretamente do Museu de Arte Antiga e, desde então, mantêm-se na residência. Já o closet da rainha (grande o suficiente para vestidos mais longos) veio do Palácio da Ajuda.
O Palácio Nacional de Queluz e os jardins podem ser visitados diariamente, entre as 9 e as 18 horas, por 10€. Contudo, o famoso Pavilhão D.Maria I nem sempre está aberto ao público. As datas de acesso ao espaço são definidas mensalmente, explica à NiT a entidade gestora do monumento. Os bilhetes podem ser adquiridos online.
A próxima visita guiada irá acontecer a 5 de fevereiro, domingo, entre as 15 horas e as 16h30, para um máximo de 10 participantes. As inscrições ainda estão abertas e os ingressos custam 15€ por adulto e 13,5€ para miúdos e jovens entre os seis e os 17 anos. Além desta modalidade, a Parques Sintra também organiza visitas por marcação, que devem ser agendadas através do e-mail info@nullparquesdesintra.pt.
De seguida, carregue na galeria para ver algumas divisões do Pavilhão D. Maria I, no Palácio Nacional de Queluz.