O “Senhor do Adeus” chamava-se João Manuel Serra. Não era pintor, escritor, homem das artes ou da política. No entanto, toda a gente o conhecia e, mais importante do que isso, toda a gente o adorava. Quando morreu em novembro de 2010, aos 80 anos,os lisboetas fizeram questão de lhe prestar homenagem. Mesmo que fosse uma homenagem virtual.
João Manuel Serra não fazia mais do que acenar aos condutores entre a zona das Picoas e o Saldanha. Uns chamavam-lhe louco, outros um homem que tentava apenas combater a solidão. Após o anúncio da sua morte, foi criada uma página de Facebook em sua memória que reuniu mais de cinco mil comentários de lamento em poucas horas. Ainda existe, e tem quase 20 mil gostos.
Desde o dia da morte do “Senhor do Adeus” — que na verdade preferia ser chamado “Senhor do Olá”, mas o nome nunca pegou — que se falava em erguer uma estátua em homenagem a João Manuel Serra. Um grupo de cidadãos de Lisboa fez a proposta à Câmara Municipal de Lisboa (CML), Filipe Melo, co-administrador da página de Facebook e amigo do “Senhor do Adeus”, lembrou-se de sugerir que fosse criada uma escultura.
Assim foi. Este domingo, 22 de janeiro, a CML celebra o fim das obras do Saldanha. Ganhámos árvores, passeios e ciclovias, mas também uma escultura para prestar homenagem ao “Senhor do Adeus”. Falamos de um placa em pedra da autoria do escultor José Aurélio, que foi colocada no Saldanha, na zona onde João Manuel Serra habitualmente acenava aos automobilistas.
Às 21h30, Filipe Melo vai para o Saldanha acenar. Qualquer pessoa pode juntar-se a ele. No final de contas, unir as pessoas era tudo o que o “Senhor do Adeus” queria.
Recorde o artigo da NiT com tudo o que vai acontecer este domingo no Saldanha.