Sandro Nascimento ainda era um miúdo quando começou a fazer a sua primeira coleção: era viciado em cromos para cadernetas. À medida que foi crescendo e a ter mais disponibilidade financeira, começou a “expandir os horizontes”. Aos cromos juntaram-se livros de banda desenhada, discos e as famosas figuras que representam personagens dos universos de ficção. Hoje, aos 49 anos, é um dos maiores colecionadores de Funko Pop em Portugal, acervo que começou a reunir de forma inesperada.
“Desde pequeno que gosto de fazer coleções e sempre me considerei um nerd por gostar muito deste universo da Marvel e da DC Comics”, começa por contar à NiT o colecionador que vive em Valongo. Sempre foi um “ávido leitor” de banda desenhada norte-americana — e foi esse vício que o levou a encontrar, por um mero acaso, aqueles “bonecos engraçados dentro de umas caixas”. Corria o ano de 2014 quando descobriu aquelas figuras, numa deslocação à Mundo Fantasma, no Porto, loja da qual é cliente há mais de 25 anos. Além dos comics, o espaço vende também merchandising e os Funko Pop, marca fundada em 1998, pelos amigos Mike Becker e Rob Schwartz, nos EUA.
Becker e Schwartz costumavam participar em eventos de venda e troca de coleções em garagens de amigos, até terem tido a ideia de criar “brinquedos de baixa tecnologia e temas nostálgicos”. A primeira figura fabricada foi o ícone publicitário do restaurante Big Boy — na altura, não imaginavam que acabariam por se tornar nos bonecos mais desejados da subcultura geek.
Quando a marca foi comprada pelo empresário Brian Mariotti, em 2005, cresceu exponencialmente e as figuras passaram a ser vendidas em todo o mundo, incluindo na loja Mundo Fantasma.
“O encontro foi muito casual. Não fazia ideia que existiam, até os ter encontrado na loja. O primeiro que me chamou à atenção foi um Minion do filme ‘Gru’, um dos filmes favoritos da minha mulher”, recorda Sandro.
Na altura custavam cerca de 13€ e decidiu comprar o tal boneco amarelo para oferecer à companheira, Carla Nascimento. Uns dias depois, por curiosidade, pesquisou no Facebook se já existia um grupo em Portugal dedicado aos brinquedos.
“Encontrei um rapaz com quem fiz amizade que me convidou para ser administrador do grupo Funko Pop ‒ Portugal ‒ The Original Since 2014, que hoje conta com mais de 10 mil membros. A partir daí o bichinho cresceu”, confessa.
Na altura ia muitas vezes a Vigo, em Espanha, onde se encontravam algumas raridades. “Os mais banais são os mais fáceis de arranjar, mas depois existem as edições especiais, muito raras. Tudo no Pop é valorizado, desde a figura em si até ao estado de conservação da caixa e o tipo de autocolantes”, explica.
Ao Minion do filme “Gru” juntaram-se centenas de outras figuras, das mais variadas séries e filmes. Hoje tem perto de 1.500 Funko Pop em casa. Já perdeu a conta a quanto investiu nos bonecos, mas consegue ter uma ideia do valor graças ao site Pop Price, que avalia as coleções com base nas transações feitas no Ebay.
Atualmente, o espólio de Sandro Nascimento está avaliado em 37 mil euros, o que significa que já deve investido cerca de 55 mil. O boneco mais caro que comprou foi a edição exclusiva que brilha no escuro do La Muerte, do filme “The Book Of Life”, que adquiriu por cerca de 100€, depois de umas trocas.
Entre os itens da coleção, destaca também o Sorcerer Mickey, do filme “Fantasia”, um dos mais antigos do seu acervo; e ainda uma das primeiras edições do cantor Ozzy Osbourne. As figuras de “Star Wars”, a saga favorita do colecionador, são as mais representadas nas vitrines.
Após 10 anos a colecionar bonecos Funko Pop há um especial que sonha acrescentar ao espólio do museu que criou em casa: uma versão holográfica do Darth Maul, personagem de “Star Wars” lançada em julho de 2012, avaliada em 5.500€.
“Há peças muito limitadas com um valor bastante elevado. Neste momento, uma das mais caras no Ebay, é um Funko Pop metálico do Stan Lee, assinado pelo próprio, que ronda os 70 mil euros. Também há uma versão sangrenta do Jaime Lannister, de ‘Game of Thrones’, a rondar os 50 mil.”
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