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“Surf no metro”: o desafio das redes sociais que mata cada vez mais adolescentes

Em 2021, registaram-se 201 acidentes. Em 2023, subiram para 928 e o número vai continuar a subir este ano, preveem as autoridades.
As autoridades estão preocupadas.

Nos últimos anos, os desafios virais na internet evoluíram de brincadeiras inofensivas para práticas perigosas e, em alguns casos, mortais. O “Tide Pod Challenge”, em que jovens ingeriam pastilhas para a máquina de lavar roupa, foi um exemplo chocante que se tornou popular em 2018. 

Recentemente, o “Surf no Metro” tornou-se uma nova e preocupante tendência. Este desafio consiste em escalar uma carruagem do metropolitano e tentar permanecer em cima dela enquanto circula. A prática tem sido difundida principalmente no TikTok, e os números de acidentes são assustadores: até 27 de outubro, tinham sido registadas seis mortes e 181 detenções, segundo o Departamento de Polícia de Nova Iorque, aqui citado pela CNN Portugal.

O incidente mais recente ocorreu a 7 de novembro e deixou uma jovem de 18 anos em estado crítico. Dias antes, a 3 de novembro, uma miúda de 13 anos morreu enquanto gravava um vídeo semelhante. A adolescente e uma amiga de 12 anos escalaram um comboio em movimento em Queens, perderam o equilíbrio e caíram entre os comboios. A amiga sofreu uma hemorragia cerebral.

Semanas antes, no mesmo bairro de Nova Iorque, um rapaz de 13 anos também perdeu a vida e um outro participante do desafio, desta vez no Bronx, bateu com a cabeça e ficou em estado crítico, relatou o chefe de trânsito do Departamento de Polícia de Nova Iorque no X (antigo Twitter). 

“Este comportamento perigoso, em busca de adrenalina, tem consequências que mudam a vida. Não vale a pena arriscar a vida nem provocar sofrimento à tua família e amigos”, alertam as autoridades nas redes sociais.

Segundo o Departamento de Polícia de Nova Iorque (NYPD), os números trágicos relacionados com o “Surf no Metro” não param de subir. Em 2021, foram registadas apenas 206 vítimas não letais, um número que aumentou drasticamente para 928 em 2023, evidenciando o aumento da popularidade e perigo deste desafio.

A prática, que tem raízes na década de 1980, surgiu como uma forma de jovens procurarem adrenalina e desafiarem as regras. As redes sociais reavivaram esta tendência, exacerbando o problema e preocupando as autoridades.

Para alertar para os riscos associados a este desafio, a NYPD lançou a campanha “Surf no Metro Mata! Viaja Dentro, Mantém-te Vivo” e solicitou ao YouTube, Facebook e TikTok a remoção de mais de 11 mil vídeos relacionados com a prática.

Gail Saltz, psiquiatra do Hospital Presbiteriano de Nova Iorque, explica que a pressão social neste tipo de comunidades digitais tornou estes desafios mais perigosos. As plataformas digitais amplificam a sensação de pertença, a necessidade de reconhecimento social e a pressão para impressionar, levando alguns jovens a comportamentos de risco cada vez mais extremados.

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