Nunca tinha conduzido um carro em Espanha, por isso a minha primeira vez só podia ser especial. Pegar no volante de um SUV elétrico automático, e que até tem condução autónoma, numa cidade caótica como Barcelona teria tudo para correr mal. Spoiler alert: não correu. Mas antes sequer de chegar aos pedais do novo Volvo EX30, fiquei logo apaixonada por uma das cores em que marca sueca aposta.
O Moss Yellow é o grande destaque entre as cinco opções deste modelo, todas com forte inspiração no país origem da marca. Mas este amarelo é bem diferente do tom que vemos mais habitualmente em Portugal. E é particularmente sueco.
“É inspirado numa planta que nasce nas rochas juntos aos lagos no norte da Suécia”, conta Katharina Sachs, a designer de exteriores responsável por este modelo.
Mas não se assuste quem é adepto de cores menos berrantes. As outras três opções vão de certeza ao encontro da vibe de qualquer condutor. O Cloud Blue tem também uma inspiração interessante, sendo representativo do azulado que fica refletido na neve branca pelas nuvens. Existe ainda o Crystal White, Vapor Grey e o Onyx Black. Seja como for, em todos modelos o tejadilho é sempre preto.
A cor foi uma das áreas com as quais a Volvo nos pôs em contacto nas várias atividades que planeou para esta viagem. Com o ceramista Remy Pajaczkowski-Russel, por exemplo, aprendi que o amarelo é uma cor especial para os artistas por estar associada a pigmentos perigosos, como o urânio. E apesar de Remy ser mais fã dos cinzentos, soube encaixar a sua arte nesta experiência automóvel da melhor forma.
“Acho que há algo de semelhante entre a natureza tátil de trabalhar a cerâmica e a condução que também envolve as mãos, é preciso estar fisicamente envolvido, e onde há uma relação com o corpo”, explicou o artista australiano enquanto me ensinava a fazer uma chávena de café na roda de oleiro
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Se o foco desta viagem era mesmo o design, já me tinham conquistado com esta apresentação de cores — e sobretudo com aquele primeiro impacto visual. É um SUV pequeno (para mim continua a ser gigante e já perceberão porquê), com as linhas que caracterizam esta gama. Como explicou Katharina, a marca “gosta de esculpir os materiais e dar-lhes uma sensação de robustez”.
Com tanta insistência sobre facto de o Volvo EX30 ser “o mais pequeno SUV da marca”, comecei a pensar quão compacto seria o interior. E a sensação de amplitude foi o que mais me surpreendeu. Aqui não falta espaço — tudo o que é necessário está centralizado e o que não tem uma utilidade, sai. No fundo, é um manual de bom design.
Do porta-luvas que sai da frente do lugar do pendura para o meio do painel, todos os parâmetros do painel de controlo e entretenimento ficam conjugados num único ecrã no centro do tabliê, acessível também ao passageiro do lado. E ainda há espaço mais que suficiente entre este lugar e o do condutor, com pequenos espaços de arrumação cheios de utilidade. Aliás, poder colocar a minha carteira ali no meio, sem ter de a mandar para os pés de quem ia ao meu lado ou andar a abanar no banco, foi uma experiência nova na minha vida. Só conseguia pensar: “porque é que ninguém se lembrou disto há 10 anos?”.
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Outra forma de ganhar espaço para este SUV foi através do novo sistema de som, através de uma soundbar ao longo do para-brisas, da Harmon Kardon, incorporada. Algo de que nunca me tinha apercebido, mas para colocar colunas nas portas de um carro é necessário também ligações elétricas ao sistema. Se retirarmos esse volume, ganhamos espaço. Voilá! A Volvo descobriu a fórmula para ter alguns centímetros extra para o nosso conforto.
Este SUV de pequeno só tem mesmo a comparação com os outros modelos, porque é impossível alguém se sentir apertado em qualquer um dos lugares. Nem sequer temos de nos preocupar com as malas. A bagageira tem inscrito um guia de tamanhos para sabermos em pormenor tudo o que é possível colocar ali ou não. Desta forma podemos ir mais descansados à loja da IKEA.
Esta sensação de espaço melhora ainda com o tejadilho de vidro, que oferece uma fantástica amplitude. Fiquei com pena de nunca ter viajado nos bancos traseiros para ter visão límpida para o céu, mas o foco estava na condução.
Uma condução leve e até sem mãos
Para quem nunca conduziu um SUV, entrar no Volvo EX30 é uma sensação, no mínimo, diferente. Nem sabia por onde começar. Comecei por ajustar o banco e até isso foi alvo de risos por parte dos restantes passageiros — mas passemos à frente.
A maioria dos comandos está no painel de controlo central. Aqui ajustei também os espelhos laterais e coloquei o modo drive para seguirmos viagem. Senti-me alta, comparado com o meu carro citadino habitual, e o conforto dos bancos é indescritível. Melhor ainda só quando saímos no miradouro de Terragona para uma vista incrível sem noção dos 12 graus que faziam lá fora. Agradecemos os bancos aquecidos quando voltámos a entrar.
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Pormenores técnicos à parte, pessoalmente, adorei o som dos piscas. Pode parecer uma piada, mas o facto de terem um som diferente do habitual e muito mais subtil aumenta a probabilidade de sinalizarmos todas as manobras sem aquele irritante tic-tac que todos conhecemos.
Também foi a primeira vez que conduzi só com um pedal (com o sistema One Pedal Drive), o que significa que tive de esquecer a existência do travão e simplesmente tirar o pé do acelerador para o carro travar autonomamente. Pareceu-me uma ótima opção para os pára-arranca das horas de ponta nas cidades. Já a ideia de deixar o carro conduzir-se sozinho não era tão confortável para mim. Por isso, experimentei essa vertente apenas do lugar do passageiro, com alguém mais experiente ao volante — embora não tenha feito muito, visto que é essa a ideia.
O Volvo EX30 parece ter uma ótima noção espacial, tendo em conta todos os veículos circundantes, seja qual for o modo de condução, mas neste mais importante. A reação foi sempre agradável, sem reações bruscas. Talvez numa próxima me aventure a experimentar este modo.
Plantas, janelas e ganga: os detalhes inesperados de reutilização que compõem o EX30
Reutilizar e reaproveitar foram duas palavras muito usadas nos dois dias que passei em Barcelona com o Volvo EX30 e a equipa sueca. Logo à chegada fomos levados à Upcycling Barcelona, uma loja e escola onde a utilização de tecidos descartados é a palavra de ordem. Além de me terem colocado a coser adereços numa bolsa de ganga reutilizada, foi aqui que aprendi sobre os materiais que compõem o interior deste modelo. E sim, a ganga reciclada é um deles.
O interior conta com aquilo a que a marca chama de diferentes “rooms” (salas ou divisões, em português). São quatro, cada uma distinta nas cores e materiais. O Indigo é onde entra a ganga. E não é como tecido dos estofos. A marca aproveitou os pequenos pedaços que sobram da reciclagem da ganga que seriam desperdiçados para criar as peças de decor interior — uma combinação com o espaço onde nos encontrávamos, que já desde 2015 se dedica à reutilização de materiais.
“Há demasiada roupa no mundo, por isso procuramos usar o que já há para fazer novas peças. É isso que ensinamos a meninos de 10 anos mas também a pessoas mais velhas. A técnica é complicada, mas há espaço para fazê-lo e o sistema precisa de ser mudado”, contou-nos Silvia Jou, presidente e uma das fundadoras desta associação que surgiu no seguimento da morte de centenas de trabalhadores de uma fábrica sem condições de segurança em Dacca, no Bangladesh, em 2013.
Este elemento está em destaque num friso que atravessa o painel da frente do carro e também nas portas ao nível dos puxadores. No ambiente Indigo, a sensação é a de um mood mais desportivo com um toque de modernidade pelas combinações de azul e preto. Nos assentos, também há tecido reciclado, mas aqui é poliéster. Em tom de azul, ajuda a realçar este look ao combinar com o preto em Nordico — um material inovador da Volvo que imita pele mas é também sustentável, composto pode plástico reciclado e óleo de pinho da Suécia e Finlândia.
Este material compõe ainda os assentos dos ambientes Pine e Breeze. Se o primeiro é inspirado na floresta escandinava e aposta nos verdes, o segundo foca-se num azul suave e fresco. Só o ambiente Mist é que não conta com assentos em Nordico, visto que estes são todos revestidos de tecido composto por 30 por cento lã e 70 por cento poliéster reciclado.
Os ambientes são assim uma ida ao encontro de gostos diversos, do mais clássico aos mais ousados, com todos os detalhes pensados sob a inspiração local de quem os desenhou. Essa pessoa é Marie Stark, a designer de interiores da Volvo.
“O Mist é a nossa combinação mais premium e clássica, enquanto o verde do Pine dá-lhe um ar mais urbano e é dedicado a clientes mais novos. É também o meu favorito, mas todos têm elementos que vale a pena destacar. Nos materiais temos alguns pormenores interessantes, como o painel decor feito a partir de molduras de janelas descartadas, que fica com um padrão que parece um céu estrelado e pode ser visto no Breeze. Ou o que temos no Pine e no Mist, feito a partir de linhaça e que parece um tecido”, explicou a especialista.
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A reutilização e o tipo de materiais, além das representações que cada cor ou ambiente nos dá, levaram-nos a explorar a cidade de Barcelona sob o olhar da arte urbana. Entre as ruas à volta da Catedral e do Mercado de Santa Catarina, vimos diferentes formas de expressão nas paredes. Mas foi com Mowcka que pusemos literalmente as mãos na arte. De pincel na mão, ajudei esta artista argentina de 34 anos a fazer um pasteup, uma peça onde a pintura se mistura com colagens. No entanto, a verdadeira obra de arte foi a pintura do Volvo EX30.
“Tento mostrar a conexão com a energia e o movimento do carro. É uma interpretação da sensação das folhas ou do vento na pele”, explica a artista que vai buscar inspiração à natureza e às relações humanas. “A relação entre um carro e a arte urbana é que ambos têm impacto nas ruas de várias maneiras. Acredito que são meios de comunicação, transporte e movimentação, seja de ideias, pensamentos ou pessoas”, acrescentou Mowcka.
Depois de tanta atividade e condução, poderia dizer que só queríamos descansar. E no fundo é possível fazê-lo mesmo dentro do carro. Com o conforto dos bancos, basta ligar um dos ambientes que a marca programou para se sentir num spa. São cinco moods distintos, que vão de um por do sol, em que a iluminação fica em tons laranja e rosa, a uma noite debaixo das auroras boreais, com as cores a mudarem para verde e azul. O som de cada ambiente é também distinto — assim é possível desligar um pouco do mundo lá fora.
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