Os passadiços são, de certa forma, um ótimo local para meditação. Embora não esteja parado e concentrado na respiração, a verdade é que um passeio por estas longas pontes de madeira trazem toda a calma de que precisa — especialmente após uma semana mais stressante. São planos perfeitos para um fim de semana com a família, com os amigos ou com alguém especial. O passadiço de Barrinha de Esmoriz, que percorre Ovar e Espinho, não é exceção. E tem no seu percurso vários elementos que lhe dão destaque.
Este caminho abriu em junho de 2018, após aproximadamente três anos de obras. É o resultado de um investimento de mais de três milhões de euros. Pelo caminho vai encontrar duas pequenas pontes, um cais flutuante e um miradouro com uma vista maravilhosa sobre o mar azul, as enormes dunas e sobre a própria barrinha.
“A Barrinha de Esmoriz/Lagoa de Paramos é a zona húmida mais importante no litoral norte de Portugal, ocupando 396 hectares dos concelhos de Espinho e Ovar. Consiste numa lagoa costeira que comunica periodicamente com o mar através de um canal no cordão dunar. As suas águas são salobras, mais salgadas junto da foz e mais salobras próximo do Rio de Lamas e do Rio Lambo, que aqui desaguam. As lagoas costeiras sofrem processos naturais de colmatação, devido à deposição de sedimentos, oriundos do mar e das linhas de água afluentes”, lê-se numa das várias placa informativas que se erguem daquela rústica madeira.
Neste percurso circular de oito quilómetros, outro grande destaque é a fauna que ali habita calmamente. “Podemos ver uma lagoa costeira, mar, dunas, amiais e salgueirais paludosos onde inúmeras aves migradoras param. São mais de 170 espécies já observadas, 129 de ocorrência regular. Entre elas salientam-se o garçote, a Garça-vermelha, a Águia-sapeira, o Pernilongo e o Pisco-de-peito-azul”, explica Cláudia Cardoso, chefe da Divisão do Ambiente da Câmara Municipal de Ovar, à NiT.
E acrescenta: “Destacam-se ainda outros vertebrados como a vulnerável rã de focinho pontiagudo, a enguia-europeia, em perigo, e o morcego-rato-grande também com estatuto de conservação vulnerável. Existe também um observatório de aves”.
Como o passadiço é tão extenso tem a capacidade para o levar a uma panóplia de lugares, como a praia da Paramos e de Esmoriz, a lagoa e várias zonas onde apenas se vê o verde das árvores e plantas. É impossível pedir um ar mais puro e limpo do que o que pode respirar ali.
Embora o passadiço esteja aberto a toda a gente, Cláudia Cardoso adianta que maior parte dos visitantes chega de zonas próximas, como Ovar, Espinho, Santa Maria da Feira, Vila Nova de Gaia e Porto. “Os passadiços são de livre acesso pelo que não existe contabilização efetiva de utilizadores, mas são diariamente usados por dezenas de pessoas, com maior afluência aos fins de semana.” No entanto, aquele longo percurso já conquistou milhares de portugueses, e é um dos passadiços mais partilhados no maior grupo deste estilo no Facebook, o “Passadiços de Portugal”, que conta com 67 mil membros.
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