Já foi apelidado “o maior negócio de sempre da Igreja” e muitos percebem porquê: as responsabilidades e compromissos assumidos pelo Estado na Jornada Mundial da Juventude (MJ) poderão ir até aos 21,8 milhões de euros. A este valor são ainda somados outros milhões para a deslocação do terminal de contentores. Fazendo as contas, no total, a despesa do governo ronda os 30 milhões de euros, sem o imposto sobre o valor acrescentado (IVA).
A poucos meses da realização da JMJ, que acontece de 1 a 6 de agosto, em Lisboa, o maior evento juvenil católico do mundo continua envolvido em polémica. Depois do valor exorbitante para a construção do altar-palco principal onde Papa Francisco vai celebrar a missa no final da iniciativa, os pacotes para os voluntários são agora motivo de escrutínio nas redes sociais. O motivo? Quem quiser ser trabalhar como voluntário no evento terá de pagar.
“A todos os voluntários é por isso pedido que contribuam com um valor, dependente do Pacote que escolham, fazendo face a parte dos custos envolvidos na sua gestão. A inscrição como voluntário só fica confirmada após o pagamento dessa contribuição. No caso dos voluntários paroquiais o pagamento é feito através da paróquia”, lê-se no portal do evento religioso.
Sim, leu bem. Ainda que para ser voluntário basta que tenha “mais de 18 anos à data de 1 de agosto de 2023” e que se tenha “disponibilidade total nos dias 23 de julho a 7 de agosto de 2023, em Lisboa”, as inscrições para pacotes de voluntários centrais envolvem um valor monetário que pode variar entre os 30€ e os 145€. Para justificar o montante, que pode incluir alojamento, alimentação, transporte, seguro e kit do voluntário, a JMJ23 explica que o evento é construído “com a generosidade de todos”.
A modalidade de inscrição varia, portanto, de acordo com a tabela de pacotes. Na opção mais cara, que inclui alojamento, alimentação, transporte, seguro e kit do voluntário, o preço é de 145€. No V2, que exclui o alojamento, os voluntários têm que pagar 90€, mais 30€ do que se escolherem apenas alimentação de 31 de julho a 7 de agosto, transporte, seguro e kit do voluntário. A sugestão mais acessível é mesmo a que inclui apenas o transporte, seguro e kit do voluntário: fica a 30€ por voluntário.
Estes valores, segundo explicou ao “Polígrafo” uma fonte oficial da JMJ Lisboa 2023, revertem “para os gastos associados à organização da Jornada Mundial da Juventude Lisboa 2023”.
“Esta contribuição constitui uma manifestação de solidariedade para com todos os participantes na JMJ Lisboa 2023. Recordamos que toda a organização da JMJ Lisboa 2023, no que diz respeito à Igreja, é assente em donativos de empresas, apoios da sociedade civil e nas inscrições dos peregrinos e dos voluntários”, acrescenta.
Lisboa pretendia receber pela primeira vez a Jornada Mundial da Juventude (JMJ) em 2022, mas devido à pandemia o maior evento juvenil católico do mundo foi adiado para 2023. A capital portuguesa irá receber este ano grupos de jovens de todo o planeta, além de contar com a presença do Papa Francisco, que também esteve na última jornada — que se realizou no Panamá em 2019.
São esperados cerca de 1,5 milhões de fiéis durante essa semana em Portugal. 30 mil serão voluntários. As principais cerimónias estão marcadas para o Parque Tejo, a norte do Parque das Nações, na margem ribeirinha do Tejo, em terrenos dos concelhos de Lisboa e de Loures.
Aproveite para ler o artigo da NiT e descobrir quanto é que o governo vai gastar ao certo para receber a iniciativa.