Custou, mas foi. A Zona de Couros, em Guimarães, é, desde segunda-feira, 25 de setembro, uma dos novos patrimónios mundiais alargados da UNESCO. A distinção reconhece o compromisso em colocar a cultura e a criatividade no centro do desenvolvimento urbano sustentável, partilhando conhecimento e boas práticas a nível internacional.
Em 2015, a Câmara Municipal de Guimarães, previa “duplicar a área classificada, inscrevendo a Zona de Couros na lista indicativa para obter o estatuto de património da humanidade”. Oito anos depois, o bairro conhecido anteriormente como “mal-cheiroso”, com dezenas de tanques, passa, assim, a ser reconhecido pelas Nações Unidas.
“Hoje, em Guimarães, vemos o Castelo, a Muralha, os palacetes, as casas medievais, e vemos os tanques, aquela área que, durante muitos anos, a própria cartografia vimaranense não representava. Eram espaços tão insignificantes, tão anónimos, representavam um tema da história que era tão pouco trabalhado, que nem sequer eram representados”, explica o arquiteto Ricardo Rodrigues, que liderou a candidatura da Zona de Couros a Património Mundial da Humanidade da UNESCO, aqui citado pelo “Observador”.
A Zona de Couros foi, durante os séculos XIX e XX, um dinâmico núcleo da indústria de transformação de peles em couros, com base em trabalho manual. Dessa época restam alguns tanques de tinturaria e edifícios. A reabilitação de antigas fábricas na área deu lugar, por exemplo, a uma Pousada da Juventude, ao Instituto do Design ou ao Centro de Ciência Viva de Guimarães.

O primeiro reconhecimento nacional desta área da cidade aconteceu em 1977, quando a Zona de Couros foi classificada como Imóvel de Interesse Público. Esta vem, assim, juntar-se aos restantes monumentos da cidade já classificados pela UNESCO. Faltava classificar “esta zona do trabalho, da curtimenta, dos artesãos, do povo”, que vale pelo conjunto edificado, considerou o presidente da Câmara, Domingos Bragança.
“É um orgulho que partilhamos com todos os portugueses, com Portugal inteiro. Isto aqui é de Guimarães, mas é Portugal, dos portugueses. Temos um enorme orgulho no nosso património. (…) Vale a pena ser Património da Humanidade, vale a pena partilhar com o Mundo o nosso património edificado e cultural. Pela persistência, pela sabedoria coletiva, queremos ser referência nacional e Mundial”, sublinhou o autarca.
A classificação foi aprovada na 45.ª reunião do Comité do Património Mundial da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO), que decorreu entre 10 e 25 de setembro, em Riade, Arábia Saudita. O cemitério português onde estão sepultados 1.831 soldados também foi reconhecido neste encontro como lhe explicámos neste artigo.
Além da Zona de Couros, em Guimarães, foram adicionados à lista mais 41 locais de interesse mundial. Carregue na galeria para os conhecer.