Quando aterrámos em Paris, dois dias depois da cerimónia de abertura dos Jogos Olímpicos, que decorreu na passada sexta-feira, 26 de julho, íamos mentalmente preparados para o caos. Em 2023, foi a quinta cidade do mundo a receber mais turistas: mais de 15 milhões, segundo a Euromonitor International. Embora já seja um lugar habitual de confusão, imaginávamos que a situação fosse ainda pior durante a competição. Contudo, ao sairmos do Aeroporto de Orly, tivemos uma surpresa — as ruas estavam desertas, o trânsito quase inexistente, o céu limpo e as temperaturas a rondar os 28 graus.
Normalmente, a viagem até ao hotel onde nos instalámos, o The Westin Paris – Vendôme, levaria entre 40 a 50 minutos, mas após 35 minutos já estávamos à porta. No centro da cidade, observámos várias ruas bloqueadas, com dezenas de polícias conversando com os motoristas que tentavam atravessar. A resposta era sempre a mesma: dar meia volta ou estacionar e prosseguir a pé.
As chamadas “Rotas Olímpicas” percorrem 185 quilómetros de estrada por Paris, limitando o acesso a várias áreas-chave, incluindo a Place de la Concorde, o Pont Alexandre III e a Avenue Gallieni. Além destas zonas dedicadas a desportos como BMX, triatlo e tiro com arco, outros bairros também enfrentam restrições de circulação, onde apenas os veículos de moradores e trabalhadores, com autorização através de um QR code, podem passar. Os pedestres, no entanto, não têm qualquer limitação.
O Museu do Louvre, que normalmente apresenta longas filas com centenas de turistas ansiosos por explorar as suas imensas salas, encontrava-se quase vazio, com apenas algumas pessoas dispersas.
No Jardim de Tuileries, à noite, grupos de jovens aproveitavam o verão, enquanto pequenas multidões levantavam os seus telemóveis para admirar a Tocha Olímpica, que flutua num balão de 30 metros de altura e 22 de diâmetro, localizada em frente à famosa pirâmide de vidro. Contudo, ao afastarmo-nos dessa zona, o cenário parecia remeter-nos para o período de confinamento da pandemia de Covid-19.
No final da tarde do primeiro dia, deslocámo-nos até Roland Garros e, pela primeira vez desde a nossa chegada a Paris, no domingo, 28 de julho, deparamo-nos com uma verdadeira agitação. A fila para entrar ultrapassava metade do quarteirão do estádio, com visitantes de todo o mundo, exibindo bandeiras e trajes elaborados em apoio às suas seleções. Quando as portas se abriram, a experiência remetia a entrar num concerto da Taylor Swift — rodeados por pelo menos 15 mil pessoas, mas de uma forma menos organizada. A ausência de sinalização resultou num pequeno caos, e todos seguiram na mesma direção, sem regras ou divisores.
Apesar do elevado número de pessoas — os vários campos têm capacidade para cerca de 30 mil — a entrada foi relativamente rápida, ainda que a segurança deixasse a desejar. Enquanto do lado de fora havia polícias armados, a fiscalização das bagagens ao entrarmos no universo do ténis foi bastante superficial.
Após a adrenalina inicial, dirigimo-nos ao Court Philippe-Chatrier, onde assistimos à norte-americana Coco Gauff (que derrotou Venus Williams aos 15 anos) em ação. O ambiente era tudo o que se esperava de um espaço assim, principalmente durante os Jogos Olímpicos, com uma alegria, entusiasmo e ansiedade palpáveis.
Mais tarde, no court 13, tivemos oportunidade de ver os portugueses Nuno Borges e Francisco Cabral na primeira fila. Embora a estreia da dupla estivesse agendada para o dia anterior, foi adiada devido à chuva (e ainda bem). As bancadas estavam repletas de apoiantes que levaram Portugal consigo para França. Durante todo o jogo, as palavras “Portugal”, “Borges” e “Cabral” ecoavam, abafando qualquer cântico a favor dos adversários.
De volta ao hotel, o espírito olímpico continuava presente. Quase todas as lojas do centro exibiam montras dedicadas às coleções dos Jogos, além de diversas decorações alusivas a diferentes desportos. O The Westin Paris – Vendôme encontrava-se completamente cheio, em contraste com outras unidades que necessitaram de lançar campanhas promocionais com descontos até 70 por cento para atrair turistas, segundo a Reuters. A maioria dos hóspedes estava envolvido na competição internacional, muitos integravam o grupo do World Aquatics, entidade encarregue de organizar competições internacionais em desportos aquáticos.
O hotel chegou a disponibilizar uma das suas salas de eventos para a organização dos Jogos e criou uma espécie de bar para receber os visitantes. A decoração no lobby foi planeada em torno do World Aquatics, com exposições de trajes de banho e mergulho de atletas olímpicos, bem como documentos a partilhar a história das Olimpíadas na cidade.
Mais de 1.200 pontos de água gratuitos
A cidade estava bem preparada para o calor insuportável que se fazia sentir durante o dia, e andávamos sempre com bebidas refrescantes à mão. No hotel, recebemos uma garrafa temática com várias atrações turísticas, como a Torre Eiffel e o Arco do Triunfo, além de um QR code disponível para consultar os 1.200 pontos de água gratuitos espalhados pela capital francesa.
No nosso último dia, dirigimo-nos aos Champs-Élysées, no coração de Paris. Embora a zona estivesse mais movimentada em termos de turistas e pedestres, o trânsito permanecia mais tranquilo que o habitual, e a maioria das lojas e restaurantes não funcionava a plena capacidade. No número 125 da avenida, encontramos uma das três ativações da Samsung. A NiT viajou para Paris convite da marca, principal patrocinadora dos Jogos Olímpicos 2024.
A empresa ofereceu 17 mil telemóveis Samsung Galaxy Z Flip 6 personalizados especialmente para os atletas da competição. A nova edição, em dourado, ostenta os anéis olímpicos gravados na parte traseira e inclui vários aplicativos essenciais para a estadia no país, permitindo que os atletas utilizem transportes e adquiram bebidas em máquinas automáticas gratuitamente com um simples toque.
No espaço, os visitantes podem conhecer o novo aparelho e participar em atividades, como tirar fotografias com os smartphones e competir em jogos para ganhar pontos, que podem ser trocados por pins colecionáveis dos Jogos Olímpicos. Além disso, o espaço oferece a possibilidade de criar fitas personalizadas com os nomes dos participantes e ícones de França, como os principais pontos turísticos.
Despedimo-nos de França no Aeroporto de Orly, que estava mais caótico do que o centro de Paris. O número elevado de voos e passageiros superava a capacidade do pequeno terminal, resultando em muitas viagens com atrasos de até duas horas. Apesar disso, surpreendentemente, esta pode ser a melhor altura para explorar (e desfrutar) da cidade a pé, sem ruas repletas de turistas.
Leia também este artigo da NiT para descobrir onde pode ver todas as provas dos atletas portugueses nos Jogos Olímpicos até 11 de agosto.
Carregue na galeria para ver algumas imagens captadas durante a nossa viagem a Paris.