Turismos Rurais e Hotéis

Talasnal: o recanto de xisto entre o verde da serra que vale a pena descobrir

Dorme-se bem, come-se ainda melhor e tem toda a serra da Lousã para apreciar.
Um segredo de xisto.

A chegada faz-se por um percurso um pouco íngreme, daqueles em que vale a pena fazer os passos com calma. A rua principal, que na verdade é mais uma ruela, vai-se abrindo em tons de castanho das habitações, pintadas pelo xisto de tom escuro. Lá atrás, no horizonte, vai-se notando o verde da serra da Lousã.

Por ali há uma série de turismos rurais, fáceis de descobrir nas placas de madeira pitorescas que nos orientam. Se já sabe onde ficar pode deixar primeiro as malas. Mas uma das experiências giras do Talasnal é esta sensação de que estamos num pequeno labirinto de xisto. Cada ruela abre para uma casinha mais adorável do que a anterior, e em diferentes recantos a serra da Lousã vai-nos espreitando.

Visitar a aldeia é também entender aquele verde ali à volta. O Talasnal é das mais características (e orgulhosas) aldeias de toda a rota de Xisto e a sua posição privilegiada na encosta permite começar a apreciá-la ainda antes de lá pôr os pés. Os fãs de caminhos pedestres têm na rota do xisto passagem obrigatória pelo coração de aldeia. A entrada da aldeia, aliás, é um dos pontos de partida do percurso. Quem aprecia BTT também costuma reservar uma paragem e, com sorte, na serra, talvez ainda aviste algum corço ou javali.

Ao longo dos anos tem havido um esforço para reabilitar algumas das casas mais antigas e desaproveitadas. O cenário hoje em dia preserva a traça e aldeia de outros tempos mas conta com cada vez mais opções. É também um caso de recuperação especial. Esta foi mais uma de muitas aldeias do interior do País que chegou a ter cerca de uma centena de habitantes mas que ao longo do século foi perdendo população.

Em tempos, foi aldeia de pastores mas a subsistência foi sendo cada vez mais difícil. Em 1975, a escola primária fechou. Uma a uma, cada casa foi sendo esquecida até o Talasnal ter direito a nova e merecida segunda oportunidade. Hoje em dia a vida que ali é feita é essencialmente de fora, com visitantes e pessoas que moram na região e têm por lá uma segunda habitação.

Ao passear pelo Talasnal, a fonte, o tanque e o antigo lagar de azeite ajudam a lembrar-nos de tempos antigos. Vai descobrir ainda as homenagens à Ti Lena e ao Ti Manel, os últimos habitantes da aldeia antes do tal êxodo que quase nos levava a aldeia para sempre. Não levou.

É bem pitoresca.

O talasnal é o tipo de lugar que pode ser o seu quartel-general para uns passeios de carro pela zona e, ainda que não durma por lá, vale sempre a pena uma visita, de preferência à hora de almoço e com o apetite a pedir atenção.

Para dormir, tem mais de uma dezena de opções. O Talasnal Montanhas de Amor (preços a partir de 70€) é pet-friendly e conta com lareira, perfeita para estes meses mais frios. Conta também com bicicletas para alugar caso queira poupar espaço na mala.

A Casa Princesa Peralta (a partir de 75€) é um dos espaços mais elogiados, com um terraço exterior com vista panorâmica sobre as montanhas Trevim. O xisto e a madeira abundam na decoração desta casa de campo ecológica. É o tipo de lugar tranquilo para uma escapadinha romântica. Também perfeita para casais, e com terraço para banhos de sol, há a Casa do Cascão (reserva mínima de duas noites, por 150€). Se alguma destas sugestões não tiver reserva para os dias que lhe interessam, o mapa das Aldeias de Xisto dedicado ao Talasnal destaca mais alguns dos turismos rurais disponíveis.

Para comer há também diferentes opções, com destaque para a Taberna Talasnal (reservas pelo 918 212 523), lugar pequeno e rústico no centro da aldeia, daqueles sítios onde a tal aparência rústica se apaga de qualquer sombra de dúvida assim que prova um dos pratos de cozinha local (a chanfana é um dos obrigatórios)

Tem também o restaurante Ti Lena, um espaço onde se aconselha a reserva prévia (933 832 624) para desfrutar de qualquer um dos poucos mas excelentes pratos. Há cabrito assado, chanfana ou bacalhau com batata a murro. A cozinha tem a mão da D. Lisete e a decoração à taberna antiga é também um tributo à história da aldeia. O nome, aliás, é o da última habitante do Talasnal, que era bem capaz de ficar orgulhosa de como a sua aldeia está hoje em dia.

Um pouco a sul de Coimbra, a Lousã está a quase a meio caminho entre Lisboa e Porto, a pouco mais de duas horas de viagem. Siga pela A1 e A13 até Coimbra. Siga depois pela nacional 342. Da Lousã até à aldeia são cerca de 12 quilómetros pela estrada das hortas, que serpenteia a serra.

Vale bem a visita.

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