Há cerca de 27 anos, os pais de Fabíola Ponte adquiriram uma pequena casa em pedra, completamente em ruínas e sem telhado, no sopé da Serra da Cabreira, em Vieira do Minho. Era, na verdade, uma tentativa de regressar às origens.
A mãe cresceu na zona de Soutelo e a família, que vive em Viana do Castelo, andava procura de uma propriedade onde pudessem “passar férias no meio da natureza de forma mais tranquila”. “Surgiu a oportunidade de comprar uma casa num terreno com cinco mil metros quadrados, todo em socalcos. Era mesmo isto que queríamos”, conta à NiT a professora de 47 anos, Fabíola Pontes.
Descobriram, pouco depois, que o edifício que estavam prestes a reerguer funcionou como um curral, no piso de baixo, e como uma casa de família, no andar de cima. “Soubemos que o casal que lá tinha morado antes criou os sete filhos neste pequeno espaço”, conta.
Durante dois anos, dedicaram-se à reconstrução da propriedade, que mantinha apenas um antigo forno. “Foram feitas alterações aos quartos e casas de banho e ampliámos a casa, mas mantemos a essência, com as paredes em pedra. Na parte do terreno organizámos os socalcos e arborizámos toda a propriedade com árvores de fruto e ornamentais”, explica.
Ao início foi mágico, ter um “cantinho especial” onde pudessem passar férias em família, mas com o tempo perceberam que não davam tanto uso ao espaço como esperavam. Então, em 2014, os pais de Fabíola consideraram que o ideal seria rentabilizar a proprietária, em vez de estar fechada.
Há cerca de 10 anos que a Casa das Leiras começou a receber hóspedes, mas sempre foi muito através do passa-palavra. Agora, o negócio passou para as mãos da filha. “Os meus pais chegaram ao final do ano e resolveram entregar a pasta e passar o testemunho. Senti necessidade de fazer algumas alterações e melhorar a oferta”, confessa.
O alojamento, que geralmente só estava aberto durante o verão devido à falta de climatização, vai passar a estar disponível o ano inteiro. As obras, que vão aumentar o conforto numa zona geralmente muito fria no inverno, são uma das grandes alterações do projeto.
“Com a nossa passagem de testemunho pretendemos rentabilizar o alojamento todo o ano, tornar agradável estar dentro de casa mesmo nos dias de frio. A beleza natural do Gerês é diferente em cada estação e merece ser vista seja qual for a altura”, sublinha. Além disso, explica, vão dar um upgrade na decoração, torná-la mais moderna, mas sem “abrir mão dos elementos tradicionais que caracterizam o espaço”.
Entre duas albufeiras, a do Ermelo e a da Caniçada, o alojamento é um “espaço de silêncio quase absoluto”, com três quartos, sala com lareira e um cozinha totalmente equipada. Da casa tem-se vista direta para a piscina privada, que ocupa parte do jardim.
O refúgio no sopé da Serra da Cabreira oferece ainda amplos espaços exterior de lazer, onde crescem inúmeras árvores de fruto e ornamentais, tudo isto rodeado de montes e com vistas panorâmicas para todo o povoado.
O nome, Casa das Leiras, advém dos vários socalcos que rodeiam a propriedade. São cinco, no total, cada um com um nome específico, como a Leira das Camélias, que se distingue por ter 12 espécies desta planta. A Leira do Lago, assim batizada graças à pequena queda de água natural que, em determinadas alturas do ano, forma ali um lago, a Leira da Piscina, a Leira do Monte e a Leira da Bica são as restantes.
“O facto de sairmos à rua e encontrarmos cavalos selvagens a passear junto ao terreno é algo único. Também é normal vermos rebanhos de ovelhas a passar pela estrada. É um encanto especial”, destaca.
Com uma localização privilegiada, fica a poucos minutos de locais emblemáticos da região, como a Capela da Senhora da Lapa. Situada no monte de Penamourinha, mesmo ao lado da casa, destaca-se pela sua originalidade, uma vez que foi edificada no interior de um penedo.
Após as obras de renovação, a responsável vai reabrir a Casa das Leiras pela altura da Páscoa. As reservas já podem ser feitas no site. Com capacidade para acomodar seis hóspedes, os preços da estadia rondam os 200€ por noite.
A longo prazo, o objetivo é aumentar o número de dormidas, uma vez que há bastante espaço que pode ser aproveitado nos cinco mil metros de terreno.
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