Quando Deolinda Gomes visitou pela primeira vez a aldeia de Cibões, em Terras de Bouro, há cerca de quatro anos, só estavam habitadas meia dúzia de casas. A emigração dos moradores fez com que a localidade, que em tempos pertenceu ao extinto concelho de Villa Garcia, ficasse esquecida. Muitas das habitações estavam já em ruínas, abandonadas, mas a administrativa de 49 anos mudou o rumo deste destino no coração do Parque Nacional Peneda-Gerês.
Tudo começou em 2019, quando Deolinda e a família, que viviam em Braga, começaram a procurar uma casa de fim de semana. “Tivemos uma autocaravana durante muitos anos, mas com o crescimento dos filhos já não fazia muito sentido e optamos por comprar uma casa”, conta à NiT.
Com uma vontade enorme de “sair da cidade e estar em contacto com natureza”, começaram a procurar um refúgio na zona do Gerês, até que o encontraram em Cibões, aninhado entre “majestosas montanhas e exuberantes vales”. Mal sabiam que seria a primeira casa de muitas.
“Depois da recuperação, vimos outra num lugar ainda melhor e também comprámos. Começámos a comprar outras, já com a ideia de recuperar a aldeia que estava em ruínas quando lá chegámos. Hoje é uma mini aldeia turística”, confessa Deolinda. Atualmente possuem mais de 10 habitações, algumas delas já reabilitadas, outras ainda à espera da sua vez.
Em 2021, abriram a primeira casa do projeto turístico a que chamaram Villa Garcia. “A origem do nome surge como um regresso ao passado, quando este pitoresco concelho era carinhosamente conhecido como Villa Garcia”, explica.
Esta designação remonta há tempos onde “a essência da comunidade se encontrava nas pequenas aldeias que compunham esta região, cada uma com as suas histórias singulares”. O nome é, assim, uma forma de homenagear as raízes profundas que moldaram o caráter deste lugar e de “celebrar a tradição, a identidade e o legado” de quem lá viveu.
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Situada em frente a uma pequena igreja, a Casa da Capela foi a que deu início ao projeto. Com paredes de pedra e telhado vermelho, o alojamento é composto por um quarto, sala de estar, cozinha e zona de lazer exterior no jardim.
Com a abertura da primeira casa, Deolinda percebeu o “potencial de devolver vida a estas construções que carregam histórias, memórias e uma identidade única”. Após recuperá-la, seguiram-se outras tantas: a Sequeira da Capela, a Casa da Adoração, a Casa da Peneira, a Casa da Marianinha e a Casa da Cascata. Esta última é uma das mais procuradas e o motivo está precisamente no nome.
Dentro da propriedade, após percorrer um pequeno passadiço de madeira, encontra-se uma cascata praticamente exclusiva para os hóspedes da Villa Garcia. As águas que caem formam uma pequena piscina natural que tornam o cenário ainda mais encantador.
É o único alojamento que fica ligeiramente distante dos restantes (cerca de sete quilómetros), o que permite uma maior privacidade na estadia. Com 40 mil metros de terreno, a casa, que abriu em 2022, é composta por quatro quartos, uma sala de estar, cozinha e acesso à cascata com uso exclusivo e privado. Outro destaque é o acesso direto ao rio Homem.
As unidades de alojamento têm sido inauguradas ao longo do tempo, mas a mais recente, a Casa do Outeiro, começou a receber hóspedes em junho deste ano. Com capacidade para seis hóspedes, tem uma decoração mais moderna e está equipada com três quartos de casal, sala de estar, casa de cozinha e cozinha.
Com trilhos exclusivos e paisagens deslumbrantes, os hóspedes podem explorar a natureza envolvente à vontade. Mais do que oferecer estadias, o objetivo da Villa Garcia é “proporcionar experiências” e dar a conhecer “a autenticidade e a beleza de Cibões”. “É um convite para redescobrir as riquezas culturais e naturais de Terras de Bouro”, destaca.
Com outras 10 casas ainda por recuperar — deverão abrir ao público nos próximos tempos —, este é um projeto que continua a crescer, impulsionado pelo “amor à região”.
Os preços da estadia começam nos 75€ por noite na maioria dos alojamentos. Na Casa da Cascata, os valores rondam os 140€. As reservas podem ser feitas online.
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