Turismos Rurais e Hotéis

Afinal, como é que é dormir no famoso hotel do sono em Montemor-o-Novo?

Uma repórter da NiT tentou responder a esta pergunta no Sleep & Nature Hotel, que abriu em junho. Diz que só quer voltar para lá.
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Chega a uma altura da vida em que, depois de todo o rebuliço da faculdade e das noites passadas a estudar ou em festas, tudo o que queremos é uma boa noite de sono. Às vezes, precisamos mesmo de fugir para bem longe para conseguirmos tal proeza. Foi precisamente isso que fiz, quando peguei no carro para ir conhecer a nova e revolucionária unidade hoteleira de quatro estrelas em Montemor-o-Novo, que me chamou a atenção logo pelo nome: Sleep & Nature Hotel.

A ideia de criar um hotel totalmente orientado para as “noites bem dormidas” foi de Teresa Paiva, especialista em Neurologia e Neurofisiologia, que apresentou o projeto à Amazing Evolution. Podia ter aberto a unidade hoteleira em qualquer canto do País, mas a escolha acabou por recair na freguesia de Lavre, precisamente por ser um ambiente 100 por cento rural. Afastado das grandes cidades e sem o barulho dos carros, é o local perfeito para descansar e encontrar o equilíbrio interior.

O silêncio e a tranquilidade foram os dois primeiros aspetos que reparei assim que cheguei ao Sleep & Nature Hotel, que fica a cerca de 1h30 de carro de Lisboa. Depois de um caminho meio conturbado, com uma estrada de terra batida enlameada devido à chuva que caiu durante o dia, cheguei ao paraíso. Escondido por entre a vegetação do Monte do Vagar, ninguém o consegue ver a partir da estrada, mas o complexo está lá.

Diferente do que se costuma ver nos hotéis, principalmente no Alentejo, a tonalidade escolhida para as paredes exteriores foi o azul-celeste. Quando a NiT falou com Margarida Almeida, na altura da inauguração, em junho, a diretora-geral da Amazing Evolution explicou que escolheram o azul por ser o “tom mais calmante de uma cor que, comprovadamente, ajuda a pessoa a relaxar e é também um tom que inspira segurança e serenidade.

Assim que estacionei o carro e me dirigi para a receção, percebi que era mesmo verdade. É um pormenor tão simples, mas que faz toda a diferença. A mim, por exemplo, a cor do hotel fez-me sentir em casa logo no primeiro momento.

Ao entrar, percebe-se que foi tudo pensado ao mínimo detalhe. A receção é minimalista, sem aquela decoração e luminosidade que às vezes é tão exagerada que até nos faz doer os olhos. Ao contrário do exterior, as paredes no interior são brancas e as poucas peças de decoração que existem no espaço, como os candeeiros, as cadeiras e os tapetes têm um tom de castanho claro e combinam perfeitamente com o ambiente. 

Junto à receção, do lado direito, existe um pequeno bar aconchegante, com uma lareira que acendem nos dias mais frios. Já do lado esquerdo, há uma pequena biblioteca, com livros de José Saramago e uma frase de Miguel Torga inscrita na parede: “Alentejo, a luz que te ilumina, terra da cor dos olhos de quem olha!”.

Depois de daruma vista de olhos às áreas comuns, fui conhecer o quarto. O hotel rural conta com 32 unidades de alojamento, incluindo oito quartos duplos, 12 quartos duplos com pátio, sete suites e cinco suites familiares com terraço. Também existem quartos para pessoas com mobilidade condicionada.

Não sei quanto aos outros, mas a suite onde fiquei hospedada era tudo o que precisava e nem sabia. Com os preços exorbitantes das casas em Lisboa, até me imaginei a morar ali para sempre: era espaçosa, a sala era enorme e tinha uma varanda com vistas incríveis. Com um estilo de decoração que conjuga tons luminosos com materiais naturais, como madeira a cortiça típica da região e pedra, dá-nos a sensação de tranquilidade.

À minha espera no quarto, estavam bolachas que são feitas na unidade hoteleira — e foram umas das melhores que já comi na vida. O quarto, que tinha uma porta de correr que separava a sala, também era espaçoso, assim como a casa de banho.

Depois de me ter surpreendido com o tamanho da suite, fui apanhada de surpresa novamente com a piscina exterior infinita. Ao redor há várias espreguiçadeiras que acredito que estejam cheias durante o verão. Como fui em novembro, nenhum dos hóspedes se atreveu a ficar por lá. Exceto nós — e a água estava gelada, como se esperava. 

O ponto positivo é que o Sleep & Nature Hotel tem o refúgio ideal para nos escondermos do frio: o spa. É lá que fica a piscina interior, a sala de massagens, a sauna e o banho turco. Ao lado da sauna, há ainda um lugar só para os mais corajosos: uma pequena sala para ser usada após a sauna, onde puxa uma corda e cai-lhe um balde de água fria em cima. Não me atrevi a experimentar.

Ainda antes de estrear a piscina interior, fui receber a massagem que tinha agendado, com a duração de uma hora. Escolhi a Detox, que estimula o sistema linfático e ajuda-nos a eliminar as toxinas acumuladas no corpo. Também pode marcar algumas terapias, como a meditação, para aquietar a mente e desenvolver a capacidade de concentração, ou ioga.

Depois da massagem de 60 minutos, fui finalmente dar um mergulho na piscina interior, e foi aí que me deparei com um aspeto menos positivo da unidade hoteleira: o facto de não ser só para adultos. Num hotel rural, que fica praticamente isolado de tudo, e que tem como mote o sono e o descanso, acaba por não fazer sentido aceitar crianças. 

Apesar de adorar miúdos, todos sabemos que não são as pessoas mais silenciosas do mundo e acabam por arruinar o mood e o descanso que alguns procuram quando vão para um hotel do género. Mas o mais importante é que, mesmo assim, deu para relaxar e aproveitar o fim de semana.

O jantar foi no Monte do Vagar, o único restaurante do hotel. Com um ambiente confortável e com paredes de vidro, é um espaço pequeno e acolhedor, diferente do que se costuma encontrar noutras unidades hoteleiras. Na ementa, não faltam opções de refeições ligeiras, receitas vegetarianas ou pratos para partilhar.

Pedi o polvo à lagareiro com batata a murro e espinafres salteados (18€), o peito de frango grelhado com molho de mostarda tomilho e mel, com couscous de legumes (14,50€, e uma sangria para acompanhar. A carta tem ainda sopa de cação, borrego confecionado a baixa temperatura com texturas de ervilha e hortelã ou lombinhos de porco preto grelhados com migas de espargos.

Para sobremesa, não resisti ao arroz doce com tuille de canela e limão (5€), que foi uma das recomendações de um dos colaboradores. Revelou-se uma das melhores sobremesas que já comi na vida. Ao contrário do que é habitual, este arroz doce não tinha pedaços de arroz e quase se desfazia na boca. No final, como digestivo, ainda me ofereceram um vinho especial, feito na região.

Depois do jantar, regressei ao quarto para tentar ter aquela noite de sono que tanto queria. E consegui. Não se ouve barulho nenhum, não entra luz quando o sol nasce e a cama (que é enorme) é bastante confortável. A única coisa que me obrigou a levantar foi mesmo o pequeno-almoço, que é servido no mesmo Monte do Vagar.

Antes de me despedir deste refúgio, ainda aproveitei as bicicletas que o hotel disponibiliza a todos os hóspedes. À semelhança das paredes exteriores, também são pintadas de azul-celeste e fazem lembrar aqueles filmes ou séries em que os protagonistas vivem numa aldeia remota e só andam de bicicletas.

Apesar de não existir nenhuma ciclovia própria, há toda uma estrada de terra batida onde podemos passear. Uma das paisagens até parecia aquele wallpaper tradicional do Windows — o cenário perfeito para me despedir do Sleep & Nature Hotel.

Por toda a comodidade dos quartos, pela paisagem envolvente e pela simplicidade do espaço, é uma boa escapadinha para se fazer em casal ou com uma amiga, mas dois dias souberam a muito pouco. Ainda assim, foi o suficiente para dizer adeus às noites mal dormidas. Pelo menos durante uma noite. 

Os alojamentos estão disponíveis a partir de 108€ por noite e as reservas podem ser realizadas no site ou através do e-mail res@nullsleepandnature.com. Carregue na galeria para conhecer melhor o Sleep & Nature Hotel.

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FICHA TÉCNICA

  • MORADA
    Monte do Vagar
    7050-463  Montemor-o-Novo
ESTILO
hotel rural
PREÇO MÉDIO
Entre 100€ e 200€
AMBIENTE
rural

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