É preciso recuar cerca de 10 séculos para contar a história do Mosteiro de Arouca, considerada a maior construção granítica do género em Portugal. Originalmente construído no século X pela Ordem de Cister, as paredes deste edifício ainda hoje contam as histórias de quem por lá passou — e muitas foram mulheres.
Tornou-se uma casa exclusivamente feminina a partir do século XII. Foi morada de D. Mafalda, a “rainha que se tornou santa”, filha de D. Sancho I e neta de D. Afonso Henriques, primeiro rei de Portugal. A chegada ao mosteiro deu-se após a morte precoce do marido, Henrique I de Castela.
Mafalda decide, então, dedicar-se à vida religiosa e recolhe-se no Mosteiro de Arouca, que terá recebido por legado do pai. Foi ali que viveu entre 1220 e 1256, estando lá sepultada. Quando as ordens religiosas foram extintas, em 1834, o imóvel, classificado como Monumento Nacional desde 1910, passou a estar na posse do Estado.
Depois de ser lar de freiras, que passavam grande parte dos dias a vaguear pelo jardim, o mosteiro é hoje casa de novos hóspedes, religiosos ou não, graças à abertura do MS Collection Arouca.
O segundo projeto da marca Collection do grupo MS Group foi inaugurado esta segunda-feira, 7 de abril, e pretende ser uma “referência na hotelaria de luxo em Portugal”, num destino que está a atrair cada vez mais turistas.
“Já estávamos atentos, há alguns anos, à cidade de Arouca, um território muito autêntico, que ainda preserva muitas das suas tradições e culturas, além de estar inserido num Geoparque. Tem-se tornado um destino bastante atrativo nos últimos anos”, revela à NiT Helena Valente, diretora de marketing e comunicação do MS Group.
A oportunidade de reabilitar a ala sul do mosteiro surgiu com o projeto Revive, uma iniciativa que visa a recuperação e valorização de imóveis públicos. Entre as várias propostas que apresentara, o Mosteiro de Arouca foi, para o grupo, “o mais interessante”.
As obras para transformar a ala sul do mosteiro num hotel de cinco estrelas arrancaram em 2022 e o projeto hoteleiro juntou-se assim ao Museu de Arte Sacra, que ocupa a ala norte. “Fizemos uma recuperação do que já existia, tentando manter ao máximo a construção original. Recuperámos as janelas, as madeiras, os tetos e o pavimento, tudo o que nos foi possível”, adianta a responsável.
O hotel, que representa um investimento de cerca de 10 milhões de euros, alia “história ao conforto contemporâneo”. O espaço de oração, retiro e memória, onde em tempos residiu D. Mafalda, renasceu com 53 quartos de diferentes tipologias, entre duplos, suite e a maior de todas, a suite real duplex, com dois quartos, sala de estar e sala de jantar.
Quanto à decoração, tudo foi pensado para “manter a autenticidade do tempo das freiras”, com detalhes modernos, mas sem exagero de peças decorativas. Entre as áreas comuns destaca-se o restaurante e bar Heritage, onde “cada refeição é uma viagem às origens” graças aos sabores da região.
Já no espaço onde em tempos se localizava a adega e o lagar, nasceu o lobby bar, o local ideal para conhecer os cocktails de autoria ao som de uma música agradável. Nos dias mais quentes também o pode fazer no bar da piscina, enquadrado na paisagem dos jardins, que oferecem refeições ligeiras, snacks, gelados e uma carta de bebidas refrescantes.
É também no jardim, com cerca de dois mil metros quadrados, que se encontram espaços onde os hóspedes “podem relaxar ou ler um livro”, seja ao pé dos lagos ou à beira das piscinas — uma para miúdos e outra para adultos.
Num edifício construído de raiz fica a zona de spa, que inclui salas de tratamentos de rosto e corpo, espaço de relaxamento, piscina aquecida interior, jacuzzi, sauna e banho turco. Os miúdos, por sua vez, podem aproveitar a estadia no Kids Club, que oferece uma variedade de atividades interativas e educativas. Para quem não dispensa exercício físico nem mesmo nas férias, a unidade hoteleira dispõe de equipamentos como ginásio e um campo de padel.
Nos arredores, podem sempre aproveitar para explorar os pontos turísticos da região, como os Passadiços do Paiva, a Ponte 516 — uma das maiores pontes pedonais suspensas do mundo — e a Serra da Freita. O MS Collection Arouca é assim “uma porta de entrada para explorar a riqueza da cultura, gastronomia e natureza locais”.
Quanto aos preços da estadia, os valores rondam os 250€ por noite. As reservas podem ser feitas online.
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