Apesar de toda a beleza natural e arquitetónica de Cascais, a vila tem vários edifícios históricos que foram deixados ao abandono. No entanto, algumas das moradas mais icónicas estão prestes a ganhar nova vida, sob a forma de apartamentos.
O Chalet Faial, que fica mesmo ao lado da praia da Conceição, é um deles. Neste caso, as obras já arrancaram e estão até bastante avançadas. O edifício costumava desempenhar um papel essencial em Cascais, funcionando como o tribunal da vila. Trata-se de um prédio oitocentista, mando construir pelo marquês do Faial no final do século XIX. Em 2012, foi considerado Monumento de Interesse Público.
Ante disso, em 2006, foi vendido ao hotel Albatroz, por cerca de 3,5 milhões de euros, que seriam pagos por Carlos Simões de Almeida. Mas, segundo explica ao “Expresso” o presidente da Câmara de Cascais, o empresário “deu o sinal mas não cumpriu, e o edifício voltou outra vez ao Estado. Atualmente pertence a um ex-embaixador e vai ter cinco fogos”. Registado em nome da empresa Renowned Champion SA, servirá como “habitação multifamiliar”.
Este não é, contudo, o único edifício abandonado que pode ter um futuro promissor. As Cavalariças (ou Cocheiras) de Santo Jorge foram criadas em 1916 como um espaço de garagem, cocheira e cavalariça, estando integrado num conjunto habitacional que não chegou a ser concluído por António Santos Jorge, o proprietário naquela altura. Fica perto da estação do Estoril e há vários anos que os habitantes temem que desabe, devido aos estragos e abandono.
Considerado Imóvel de Interesse Público, já foi ameaçado de expropriação pela Câmara Municipal de Cascais em 2000. Contudo, tem atualmente as autorizações necessárias para a sua recuperação. Ali deverá nascer um edifício residencial com quatro pisos e uma área de 438 metros quadrados. A responsável pelo projeto é a empresa Westhouse.
A proprietária tem um alvará de obras de alteração para cinco fogos com licença até julho de 2023. A obra já recebeu pareceres favoráveis, mas as construções ainda não começaram.
“Foi um processo complicado. Falei para aí com 12 hipotéticos proprietários, depois o edifício era de uma sociedade e de um particular que se desentenderam. Depois a sociedade faliu, andaram numa disputa judicial para ver quem ficava com o espaço e depois, finalmente, houve uma decisão judicial para o proprietário comprar a outra parte. É um edifício que trazia muitas chatices”, explica Carlos Carreiras.
Nem todos os moradores de Cascais estão contentes com estes novos empreendimento. Paulo Ferrero, o presidente do Fórum Cidadania Lx, pediu esclarecimentos à Direção-Geral do Património Cultura, que aprovou o projeto. Afirma que nas Cavalariças de Santo Jorge se poderá fazer uma “barbaridade urbanística”.
“Não é assim que se recupera património, muito menos classificado”, aponta. Quanto ao Chalet Faial, diz que vai esperar para ver “se o projeto com obra em curso respeita o edifício”.