Turismos Rurais e Hotéis

Grupo Vila Galé impedido de abrir hotel em Elvas devido a irregularidades

A cadeia hoteleira já tinha tudo preparado para a inauguração, mas teve de ser adiada por tempo indeterminado.
A abertura foi adiada.

Já estava tudo pronto para a abertura do Vila Galé Casa D’Elvas, que deveria começar a receber hóspedes em fevereiro, mas o grupo hoteleiro foi impedido de inaugurar o hotel. Por estar situado no centro histórico da cidade, uma área classificada como Património da Humanidade pela UNESCO, o Património Cultural I.P. colocou alguns entraves ao projeto, que ficou impedido de ter licença de utilização.

O novo empreendimento do grupo Vila Galé resulta da reabilitação das antigas instalações da fábrica de ameixas e dos ex-edifícios do aljube eclesiástico e do conselho de guerra. Antes das intervenções, o espaço era uma “lixeira a céu aberto”.

“Nem se podia entrar aqui, estamos a falar do coração do centro histórico de Elvas. Temos feito tanto a recuperar património no interior e, em vez de sermos medalhados pelo trabalho que estamos a fazer, somos difamados e injuriados por quem nada faz e devia fazer”, disse ao “Expresso” Jorge Rebelo de Almeida, presidente do grupo.

A unidade hoteleira, que recria o conceito de uma aldeia no centro da cidade, envolveu investimentos de seis a sete milhões de euros, mas agora a data de abertura continua uma incógnita. Isto porque o Instituto Património Cultural colocou entraves que impedem a obtenção de licença de utilização.

“O hotel está aprovado, recuperámos isto tudo, e quando está pronto é que nos vêm questionar? Dois anos depois, vêm pedir estudos arqueológicos, quando a obra está concluída”, questiona o responsável. A autoridade cultural, por sua vez, adiantou à SIC que o aviso foi feito antecipadamente.

Por estar numa área classificada como Património da Humanidade, qualquer intervenção feita deve respeitar as regras definidas no Plano de Pormenor de Salvaguarda do Centro Histórico. Uma das irregularidades identificadas no projeto foi a construção de uma piscina sem autorização, algo que a legislação proíbe nesta zona. 

Para o instituto, representa uma “violação inultrapassável face à legislação em vigor”, pelo que foi emitido um parecer negativo à obra. Em declarações ao “Expresso”, a autoridade revelou que fez uma visita ao projeto em março de 2024 e, na altura, já estava construída uma piscina para cuja obra não foram autorizados qualquer tipo de trabalhos arqueológicos.

“Dá-se o caso, certamente por lapso ou inadvertência, de o município ter licenciado o projeto sem que, no concreto relativo à piscina, fosse cumprido o plano de pormenor de salvaguarda”, explica o instituto.

“Vêm meter-se com uma empresa que tem as contas certas e 18 edifícios históricos recuperados. Assumimos esta responsabilidade social, de recuperar o património no interior, de que o País tanto precisa, que é difícil, trabalhoso e caro, muito mais sofrido do que outro tipo de projetos”, desabafou Jorge Rebelo de Almeida.

O Vila Galé Casa d’Elvas nasceu na antiga fábrica de ameixas e conta com 44 quartos meticulosamente concebidos para “assegurar conforto e elegância, preservando a história e a identidade local”. Situada no centro da emblemática cidade-fortaleza, a nova unidade hoteleira oferecerá ainda uma piscina panorâmica, um restaurante e bar com uma proposta gastronómica inspirada nos sabores alentejanos e um salão para eventos.

Além do empreendimento em Elvas, as restrições colocadas pelo Instituto do Património estendem-se ao projeto hoteleiro da Vila Galé no Paço do Curutelo, em Ponte de Lima. Poucos dias antes da inauguração da adega do projeto turístico, em outubro do ano passado, a Câmara Municipal de Ponte de Lima embargou parcialmente a construção do hotel vínico. A decisão surge após o Bloco de Esquerda (BE) ter questionado o Ministério da Cultura sobre a reconversão do castelo, que considera estar “a destruir e a descaracterizar o imóvel”.

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