Quando os primeiros raios de sol chegam à Suécia, e a primavera vem ocupar o lugar do inverno, o IceHotel começa a derreter. Ninguém tenta parar o inevitável: é assim desde 1989, altura em que se decidiu pela primeira vez construir um hotel com data de validade. Falamos do IceHotel, que fica na localidade de Jukkasjärvi, no norte do país, a 200 quilómetros do Círculo Polar Ártico.
A 15 de dezembro, ele regressou pelo 28.º ano consecutivo. A versão de 2017/2018 contou com a colaboração de dezenas de artistas. Milhares de blocos de gelo foram retirados do rio Torne. Para sermos mais precisos, foram utilizadas cerca de 500 toneladas de gelo natural e mil cristais de gelo, todos polidos à mão.
36 artistas de 17 países diferentes juntaram-se para idealizar a versão deste ano. Com um total de 35 suites luxuosas, todas diferentes umas das outras, há elementos únicos como uma escultura gigante do King Kong ou uma cama suspensa.
A edição deste ano também conta com um restaurante construído de raiz, que tem a cozinha a cargo de Alexander Meier (não é o futebolista). Entre outros espaços, o chef trabalhou no Le Béarn, em Genebra, com duas estrelas Michelin. Na ementa há um menu degustação com 12 pratos, onde se concentram produtos locais como amoras brancas silvestres.
Além disso, também há um bar, o Icebar, um lounge mais quentinho, dois restaurantes ditos normais (não feitos de gelo, portanto). Também há os chamados Warm Rooms, para intercalar a estadia com os quartos gelados — provavelmente não vai querer passar sete noites a dormir com temperaturas que variam entre os -5 e -7 graus.
O IceHotel vai manter-se aberto até 15 de abril. Depois disso, a natureza encarrega-se de voltar a transformar o gelo em água, que retomará naturalmente ao sítio de onde veio: o rio Torne.
Mas isso não significa o fim das estadias. Desde novembro do ano passado que existe o Icehotel 365, uma alternativa que nunca derrete — é mantida sempre gelada com a ajuda de painéis solares durante os meses de verão. Além das suites, tem uma grande barra de gelo que serve champanhe e uma galeria de gelo.
Como é que tudo começou
Inspirado na tradição japonesa de esculpir gelo, Yngve Bergqvist, fundador do Icehotel, convidou dois profissionais da área para um workshop em Jukkasjärvi em 1989. No inverno seguinte, foi construído um iglô com 60 metros quadrados, que recebeu o nome ARTic Hall e servia como galeria de arte. Nos anos seguintes, além das exposições artísticas o espaço servia também para serviços religiosos e projeção de filmes.
De 60 metros quadrados passou para 250. Uma noite, um grupo de convidados perguntou se podia passar a noite no ARTic Hall. Assim foi: equipados com cobertores feitos com pele de rena e sacos-cama, eles dormiram na galeria de arte — e adoraram a experiência. Nascia assim a ideia do Icehotel. A marca consolidou-se no início dos anos 90.
Para construir o hotel, é utilizada uma mistura de gelo e neve feitos a partir da água do rio. Chamam-lhe snice. Isto é colocado em moldes até estar totalmente solidificado. Quando as paredes estão construídos, começa o processo criativo. Cada um dos quartos é preenchido com neve e gelo nas quantidades necessárias, o material necessário para cada artista iniciar o seu processo criativo assim que chegar. Seis semanas depois, está terminado.
Carregue na imagem para saber mais sobre o Icehotel 365.