Fundado em 1874, o Hotel Palmyra, situado perto dos templos de Baco e Júpiter, em Baalbek, no Líbano, é também conhecido por ter recebido diversos hóspedes ilustres. Desde Albert Einstein e Charles de Gaulle a Joan Baez, Ella Fitzgerald e Fairouz, já passaram pelo hotel nomes de destaque da ciência, política, música e artes, que se tornou um marco histórico e cultural da era otomana.
Ao fim de 150 anos de história, o hotel enfrenta agora o seu maior desafio, depois de ter ficado gravemente danificado na sequência de um bombardeamento israelita na semana passada. Segundo a “Reuters”, o ataque ocorreu a pouca distância dos templos romanos que são património da UNESCO e um dos mais valiosos locais arqueológicos do país.
Das janelas do hotel avistam-se agora pilhas de pedras e de metal retorcido. À porta, um autocarro carbonizado. Consequências de mais um ataque que neste caso terá feito mais 40 mortos na zona de Baalbek. Apenas um entre centenas de ataques aéreos que começaram no final de setembro e que evoluíram para uma invasão terrestre a 1 de outubro.
As ruínas romanas que atraiam turistas levaram a que, no final do século XIX, o hotel fosse construído. A localização privilegiada, num bairro de grande interesse histórico, tornou-o num ponto de encontro para viajantes de todo o mundo — uma tradição que se mantém até hoje.
The Palmyra hotel in Baalbek is 150 years old. It’s a part of Lebanon’s heritage.
And Israel bombed it.
This is an attack on all Lebanese people and their culture.
My good friend made this before and after video pic.twitter.com/U7sIoEOXvd
— Rania Khalek (@RaniaKhalek) November 8, 2024
Entrar neste hotel libanês era quase como fazer uma viagem no tempo. A decoração combinava elementos originais do século XIX, e muitas outras peças preservadas. Espelhos dourados, pinturas, móveis, cadeiras de madeira entalhada, mesas de mármore e tapetes orientais compunham um cenário rústico, mas charmoso.
Os tetos altos estavam adornados com majestosos lustres de cristal. Nos 22 quartos, as cortinas de renda antigas e as redes de mosquito penduradas evocavam tempos passados, numa altura em que poucos eram tão luxuosos como o Palmyra.
A decoração do espaço era um reflexo da rica herança cultural da região, que funcionava quase como um museu. Fotografias antigas em molduras elaboradas e objetos pessoais de hóspedes ilustres, como um quadro de Jean Cocteau, contam a história do Palmyra e dos seus visitantes. Dos tempos áureos, sobram os relatos, por exemplo, da noite em que Nina Simone ali bebeu meia dúzia de garrafas de champanhe.
A artista não foi a única celebridade do mundo da música a passar por lá. Em 1955, a cidade tornou-se palco do Festival Internacional de Baalbek, que acolhia performances de todas as artes, da música clássica ao teatro, ópera, jazz. Interrompido durane os anos da guerra civil, entre 1975 e 1990, regressou em 1997.
Estrategicamente colocado, o Palmyra tornava-se na morada temporária de artistas e celebridades como Joan Baez ou a libanesa Fairouz, uma das figuras mais importantes da música árabe.
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