A Ericeira é o epicentro do surf e um dos spots mais procurados nos meses de verão, tanto por turistas como por portugueses. Curiosamente, ainda não tinha um hotel de cinco estrelas para receber os hóspedes. Até chegar o Immerso.
Aberto desde o dia 15 de junho, foi uma das inaugurações mais esperadas do ano e até mereceu destaque em jornais internacionais como a “Condé Nast Traveller” e na “Forbes”. A espera finalmente terminou e, após um investimento de cinco milhões de euros da Inspire Capital, o Immerso abriu ao público.
É o primeiro hotel de luxo da Ericeira e é também o primeiro investimento da Inspiring Capital. Mergulhado na natureza e em harmonia com os tons do mar e da terra, a nova unidade hoteleira chegou para trazer uma nova proposta de hospitalidade.
Por trás do projeto está uma família que se apaixonou pela vila turística e pelas ondas do mar, como contou à NiT Pedro Lopes, fundador da Inspiring Capital. Foi o sobrinho surfista, Gonçalo Meneses, de 40 anos, que sugeriu abrir uma guest house na Ericeira. Entre discussões, avanços e recuos, o projeto ganhou outras proporções e transformou-se num hotel.
“A Ericeira pode vir a tornar-se a Biarritz de Portugal, um destino turístico muito tradicional de surf que passou a ser um destino de luxo. Apareceram bons hotéis e foi algo que sentimos que faltava na Ericeira. É a primeira reserva natural de surf e não havia um espaço qualificado”, conta à NiT Pedro Lopes.
Resguardado da confusão da capital, mas ainda assim muito perto de Lisboa — a cerca de 50 quilómetros — o Immerso fica situado num vale com vista para o mar e o maior luxo é, sem dúvida, o contacto com a natureza. Prova disso são os elementos naturais que fazem parte do imaginário do projeto.
“A vista para o mar, o pôr do sol que faz do final da tarde um momento único, e o convívio e a partilha vividos em torno do fogo são experiências de integração na natureza que ficam, por muito tempo, enraizadas nas nossas memórias”, evidenciam.
O grande objetivo seria criar um conceito diferente de tudo o que existe na zona. “O hotel tem algumas características que não existiam na Ericeira. Não é um edifício, está instalado num terreno que tentou respeitar ao máximo a paisagem. É uma proposta muito cuidada e personalizada e essa foi uma das razões por que decidimos ficar com a gestão do conceito”, explica.
O projeto de arquitetura tem a assinatura de Tiago Silva Dias, que conseguiu conciliar da melhor forma “os valores naturais e a edificação, através da contextualização e integração das construções no sítio, em articulação com os princípios de sustentabilidade ambiental ajustados às condições climatéricas do local”. Juntamente com a proprietária do hotel, Alexandra Almeida d’Eça, e a designer Bárbara Neto, da LemonVariance, os três foram os responsáveis por dar vida ao interior do hotel.
A partir da natureza, criaram-se espaços únicos, inspirados na terra e do mar. “As cores e texturas usadas colhem fundamento, tal como os elementos formais, de uma síntese entre o contexto natural e a contemporaneidade que se pretende imprimir, através do uso de uma gama restrita de materiais: betão à vista, paramentos pintados a cores dentro da paleta oferecida por elementos minerais, madeira e ferro”, explicam.
A decoração é muito personalizada e tem “um milhão de pequenos detalhes”. Destacam-se as esculturas de gesso que trazem forma às paredes e os entrançados nos tapetes com cortiça e materiais reciclados, mas são os trabalhos de artesãos que diferenciam o Immerso.
Em todos os espaços existem peças de artistas contemporâneos, maioritariamente portugueses, “como os painéis no lobby e nos quartos de Iva Viana, ou os tapetes artesanais feitos a partir de desperdícios de lã e algodão orgânicos da SUGO CORK Rugs, de Susana Godinho”. A proprietária escolheu também candeeiros e as cadeiras de baloiço da Oficina 166, de Diana Cunha, peças do designer mexicano de mobiliário Diego Franco, um espelho da autoria de Anna Westerlund e uma mandala Palmas Douradas, de Maria João Gomes.
A presença dos artesãos não se encontra apenas no interior do hotel: lá fora, a instalação escultórica “Mergulho em Ti”, do pintor João Noutel, e a intervenção artística “Uniouriço” de Paulo Reis dão as boas-vindas aos hóspedes.
Com o objetivo de apelar a todos os sentidos, o projeto convidou outros artistas para tornar o ADN do hotel ainda mais singular, como Lourenço Lucena, o único português membro da Sociedade Francesa de Perfumistas. “É o responsável pela criação da identidade olfativa do Immerso, tendo traduzido em aromas o azul profundo do mar e a tranquilidade do campo, numa harmonia que permanece na memória e faz com que se queira sempre renascer”.
Dividido em quatro zonas diferentes de alojamento que surgem das elevações do vale, o hotel está rodeado de verde. Dispõe de 37 quartos, sendo que dois deles são suites. Todos os quartos têm vista para o mar, varanda e uma janela enorme que ocupa toda a parede do quarto.
A unidade hoteleira tem ainda dois espaços de restauração — o Emme e Emme on Fire — com consultoria do chef Alexandra Silva, premiado com uma estrela Michelin no LOCO, em Lisboa.
O restaurante Emme ocupa parte significativa da sala térrea do hotel e estende-se para a varanda. É um espaço mais sofisticado e será o palco principal do casual dining atlântico, numa “cozinha mais delicada, democrática, abrangente, mas com personalidade”. Já o Emme on Fire é uma cozinha em ambiente exterior, com uma vibração mais espontânea e mais festiva.
“Escolhemos um chefe para a nossa cozinha que se identificasse com este contexto de proximidade, uma cozinha Atlântica da época e da região. Fomos à procura dos bons fornecedores mas privilegiamos os produtos locais”, reforça Pedro Lopes. Mais do que a sustentabilidade, um dos grandes objetivos deste projeto familiar é a sustentabilidade social e ter um impacto positivo na sociedade.
A Lota de Peniche é, por isso, visitada diariamente pelo chef e restante equipa. É lá que escolhem o peixe e o marisco, de forma a garantir a frescura e qualidade dos produtos, destacando assim o potencial da região.
No que diz respeito às áreas comuns, o Immerso conta ainda com um spa, uma piscina, bar e jardim orgânico, de onde saem alguns verdes que abastecem a cozinha do hotel
O spa do Immerso dispõe de sauna, banho turco, banho sensorial e três salas de massagem, com vários tratamentos em parceria com a Vinocle Cosmetics, uma marca vegan, sustentável e intensamente nutritiva.
Os hóspedes podem escolher o tipo de massagem que desejam, desde as de relaxamento e desportivas às ayurvédicas. O hotel tem ainda um ginásio e zonas específicas no terreno onde é possível praticar ioga e outros desportos ao ar livre. A paisagem envolvente pode ser descoberta através de caminhadas ou passeios de bicicletas, disponibilizadas pelo hotel.
Para o fundador da Inspiring Capital, o Immerso destaca-se sobretudo pelo “serviço, a atenção ao cliente, a decoração, o espaço e os quartos”. “É o projeto de uma família que gostou de fazer este hotel, fê-lo com muito carinho e muita dedicação”, diz.
Os preços por noite variam consoante a época e o quarto, mas variam entre os 280€ (quarto Nature) e os 600€ (suite) por noite. As reservas podem ser feitas online. De seguida, carregue na galeria para conhecer melhor o primeiro hotel de cinco estrelas da Ericeira.