Depois de ter chegado ao Douro, Gerês e Cabeceiras de Basto, o projeto Ecocubo prossegue o seu plano de expansão. Desta vez, em direção a Trás-os-Montes. Se está à procura de uma experiência de alojamento única, dificilmente vai encontrar algo melhor do que este mini cubo escondido numa quinta em Mirandela, perto do rio Tuela.
Com um design moderno e um amplo envidraçado, este refúgio minimalista para duas pessoas tem quatro metros quadrados e é completamente desmontável, autónomo e ecológico, assim como todos os outros da marca. O cubo foi instalado em meados de julho, num terreno privado de uma quinta rural, onde os proprietários produzem vinho e azeite, a poucos metros do rio e da praia fluvial de Quintas.
“É uma localidade que pouca gente conhece e o nosso conceito é levar os cubos a locais menos convencionais para dar a conhecer o País”, começa por contar à NiT António Fernandes, o criador do Ecocubo. Quando a oportunidade surgiu, os proprietários da quinta não pensaram duas vezes.
“Acharam a ideia excelente, até porque sempre tiveram o desejo de criar ali algo para o turismo. Desde o primeiro momento que nos ajudaram em tudo, desde a montar a estrutura e a preparar o terreno”, destaca. Feito de madeira e cortiça — um material 100 por cento natural e português —, o cubo pretende criar uma simbiose plena entre arquitetura e natureza, sem qualquer impacto negativo no meio ambiente. A iluminação, por exemplo, é feita através de candeeiros recarregáveis.
Por ser tão pequeno, no interior do alojamento, que está rodeado de pessegueiros, existe apenas uma cama e pouco mais. Para a experiência ser ainda mais confortável, António decidiu que, desta vez, iriam instalar também uma casa de banho de cortiça completamente autónoma e ecológica, com uma sanita seca de design nórdica — vinda diretamente da Finlândia, que funciona sem recurso a água, e um chuveiro solar.
Quem ficar hospedado neste refúgio minimalista, além de explorar os encantos da vida rural, tem direito um cabaz de produtos locais cuidadosamente selecionais, como o vinho artesanal produzido na própria quinta, o azeite orgânico e o pão caseiro feita pela proprietária.
A experiência só está disponível até setembro — ou até o tempo o permitir —, com os preços a oscilarem entre os 50€ e os 70€ por noite, consoante o número de dias da estadia. As reservas podem ser feitas através do Airbnb.
“Achamos que a oferta deve ser feita na melhor altura do ano para as pessoas terem a melhor experiência possível, por isso é que não está disponível o ano inteiro. É algo sazonal e, no próximo verão, vamos abrir noutros sítios”, refere.
Curiosamente, todos os cubos são diferentes uns dos outros, embora a base seja sempre igual. “Vamos brincando com a forma cúbica. Este, por exemplo, tem a cobertura inclinada para os dois lados”.
A história do Ecocubo
António Fernandes tinha acabado de se licenciar em arquitetura na Escola Superior Artística do Porto, em 2010, quando “surgiu a oportunidade de trabalhar na Suíça, numa área totalmente diferente, ligada ao turismo”. A crise no setor que se vivia na época, conta, levou-o a agarrar a chance que lhe foi apresentada e a partir para aquilo que, imaginou, seria apenas “uma experiência de verão”. A verdade é que esta acabaria por durar três anos, ao longo dos quais trabalhou em hotelaria no parque nacional suíço.
Nesse período, nasceu a ideia que viria a dar origem à Ecocubo. “Uma das coisas que mais adorava fazer nos meus tempos livres era percorrer os trilhos nos Alpes, contemplar toda aquela imensidão. Certo dia, fiz uma caminhada de quatro horas para chegar ao topo de uma montanha e, depois, tinha pouco tempo para usufruir daquele momento, uma vez que precisava regressar e esperavam-me outras tantas horas de caminhada”, conta à NiT o empresário de 44 anos.
Começou a pensar sobre uma “estrutura que permitisse desfrutar do pôr-do-sol e permanecer naquele sítio até ao dia seguinte, para então regressar ou prosseguir viagem para outro local. Algo amigo do ambiente, que tivesse a flexibilidade de uma tenda e o conforto de um quarto de hotel”
Numa primeira fase, equacionou “tentar recuperar a ideia das casas das árvores e dos abrigos de montanha, estruturas bem simples, mas que cumpririam com o propósito de funcionar como abrigo e possibilitariam viver experiências inesquecíveis”. Deste esboço, contudo, acabaria por sair algo mais arrojado.
Não pôs a ideia de lado e, quando regressou a Portugal, tratou logo de a apresentar à UPTEC — Parque de Ciência e Tecnologia da Universidade do Porto, de modo a perceber se fazia sentido avançar com a mesma. “Foi assim que tudo começou”.
Mais do que pelo aspeto formal dos cubos que dão suporte à atividade, a marca Eco3 foi pensada com o propósito de simbolizar o tipo de experiências que queria proporcionar. Ou seja, para representar o conceito de “viver, sentir e explorar a natureza à potência máxima, ao cubo”.
“Neste momento, a Ecocubo é uma marca registada comunitária, com designs patenteados, cuja missão é refletir sobre novas formas de fazer turismo, sempre com o foco na sustentabilidade, e contribuir de forma positiva para as comunidades locais. Temos vindo a amadurecer as nossas ideias desde o primeiro protótipo, de uma casa de apenas nove metros quadrados até ao conceito atual”, clarifica António.
“Proporcionar experiências sustentáveis de imersão na natureza”, através das quais as pessoas possam conhecer diferentes regiões, “onde os cubos atuam como referenciais nos diversos territórios em que estão inseridos”, sempre foi a visão na origem do conceito.
Antes de qualquer outra coisa, pretende-se “criar uma oferta que, por um lado, dê a conhecer novos lugares fora dos tradicionais, ligando vários territórios cubo a cubo, contribuindo para a dinamização das comunidades locais e, por outro, possibilitar uma experiência local única, de forma sustentável, dando a conhecer o melhor de cada região”, resume o responsável.
De seguida, carregue na galeria para conhecer melhor este cubo escondido numa quinta em Mirandela.