Mais fácil, rápido e sustentável. São estas as características do novo funicular da Nazaré, que irá ligar o centro da vila e à zona da Pederneira, considerada “um dos segredos mais bem guardados” do município.
O bairro fica situado no cimo de uma colina e terá sido a sede de um dos concelhos dos coutos de Alcobaça (antigos territórios administrados pelo mosteiro homónimo). Durante vários séculos, foi um famoso porto marítimo. Porém, com o recuo do mar, os pescadores desceram para as zonas de menor altitude, como a vila da Nazaré.
A Pederneira pode já não estar perto da praia, mas continua a ser um local repleto de história e um orgulho para a região — e o acesso até lá vai tornar-se mais fácil com a construção do novo funicular. As obras arrancam já no próximo ano e a estrutura deverá começar a funcionar em 2026.
O elevador terá capacidade para 40 passageiros, prevendo-se o transporte de 300 pessoas por hora, em cada sentido. O objetivo é que se torne um meio de deslocação para uso diário para os residentes, que não têm como chegar ao bairro sem ser de carro (o custo das viagens ainda não foi anunciado).
Ali, é possível visitar o edifício da antiga sede da Câmara Municipal do concelho, a Igreja Matriz ou o “desconhecido” miradouro com vista para o mar e onde se situa a Igreja da Misericórdia.
O projeto integra o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) — um programa de âmbito nacional, que procura implementar um conjunto de reformas e investimentos, destinados a impulsionar o país economicamente.

Este não será o primeiro funicular da cidade. Se já passou por lá, deve ter reparado nas duas carruagens modernas que ligam a praia ao bairro Sítio. Falamos-lhe do famoso elevador da Nazaré.
No final do século XIX, foi idealizada a construção de uma estrutura mecânica que servisse os interesses dos nazarenos e facilitasse a chegada dos peregrinos. Consequentemente, a 28 de julho de 1889, surgiu este ascensor.
Atualmente, é considerada uma das melhores iniciativas da história da vila, pois incrementou o crescimento do Sítio e dinamizou a ligação à praia. O autor do projeto foi o engenheiro francês, Raul Mesnier du Ponsard — discípulo de Eiffel — e responsável pela maioria dos elevadores de Lisboa.
A linha pela qual percorre o elevador tem numa extensão de 318 metros e uma inclinação de 42 graus. Em 1932, foi vendido à Câmara Municipal da Nazaré, passando a ser esta entidade a responsável pela utilização e conservação deste meio de transporte considerado Património Municipal.
As primeiras carruagens eram movidas por meio de uma máquina a vapor, que esteve em funcionamento até 1963 — data do único acidente da história do elevador. Após o desastre, a linha esteve encerrada durante cinco anos. Passado esse tempo, voltou à atividade com dois novos elevadores e um novo sistema de tração e acionamento elétrico, provido de um triplo sistema de travagem.
Até meados de setembro de 2001, transportaram vários munícipes e turistas. Cerca de um ano depois, a 24 de junho de 2002, foram construídas novas carruagens — mais modernas, confortáveis e seguras — que se mantêm até hoje
Cada viagem no elevador da Nazaré demora cerca de 15 minuto. O ingresso custa 2,50€ e pode ser comprado nas bilheteiras de cada paragem.
