Há precisamente 20 anos, Portugal recebia, pela primeira vez, o Campeonato Europeu de Futebol, um momento que ficou marcado no coração de todos os portugueses, que viram a Seleção a chegar à final da competição. Além dos estádios, começaram a ser construídas unidades hoteleiras para aumentar a capacidade de alojamento. Algumas delas, contudo, nunca chegaram a receber hóspedes.
É o caso do Hotel de Porto de Mós, como ficou conhecido, que começou a ser construído há mais de duas décadas, numa das entradas principais da vila, e que estava prometido abrir a tempo do Euro 2004 — o que nunca chegou a acontecer.
Inacabado, mas nunca esquecido. Nos anos seguintes, os moradores começaram uma tradição de conviver e colocar bandeiras no local sempre que a seleção jogava. Ainda assim, a degradação do edifício foi inevitável e muito se falou na possibilidade de o demolir. O imóvel mudou de dono várias vezes, alguns deles com projetos que não estavam relacionados com a hotelaria, mas nenhum deles chegaria a avançar — até agora. A unidade hoteleira inacabada que faz parte da paisagem de Porto de Mós há mais de 20 anos está prestes a tornar-se no primeiro hotel de escalada de Portugal, um conceito único na Europa.
“Um investidor português, que mora no Luxemburgo há alguns anos, viu aqui uma oportunidade de negócio e decidiu investir na sua terra natal”, começa por contar à NiT a diretora-geral do Dolinas Climbing Hotel, Cidália Patrício. Ainda tentou perceber se dava para aproveitar o que tinha sido feito no início do século, mas tal não foi possível.
Há cerca de dois anos deu-se início a uma construção de raiz que, na altura, “foi o acontecimento da vila”. “Já há muito tempo que se falava que ia ser construído um hotel ali, mas ninguém acreditava. Quando de facto se avançou com as obras, foi um acontecimento enorme”, revela.
A ideia do investidor, contudo, nunca foi criar apenas mais uma unidade hoteleira. “Se fosse para fazer igual aos outros, não fazia. Queria algo diferente, algo que não existisse nem em Portugal nem no mundo”, adianta a diretora-geral. Como o município do distrito de Leiria e a própria região têm uma ligação muito forte com o desporto de natureza decidiu aproveitar essas características.
“Aqui na zona da Serra de Aires e Candeeiros o desporto de natureza é muito forte. Podem ser feitas inúmeras atividades, desde trails, escalada, parapente. Só no município de Porto de Mós há 17 percursos pedestres disponíveis”, revela. Estava, assim, decidido o conceito: ia fazer nascer o primeiro hotel de escalada do País, que abre em soft opening já no mês de agosto.
Inspirado pelas Serra d’Aire e Candeeiros, o empreendimento vai oferecer “uma experiência única que combina a singularidade das pessoas, do território, o conforto, os sabores típicos e a experiência de escalada indoor”. O Dolinas Climbing Hotel será composto por 93 quartos, de diferentes tipologias: quarto duplo, quarto twin, suite junior e suite mezanino. Esta última é a maior de todas, com dois pisos, um quarto com cama king size e uma sala de estar com sofá-cama, tendo capacidade para quatro pessoas.
“O mote principal da decoração é a serra, que considero o segredo mais bem guardado de Portugal. Temos muita inspiração nos tons e materiais da região, como as cores verde da serra e o branco das rochas”, destaca. Entre as áreas comuns destaca-se ainda a piscina interior aquecida e salinizada, com vista panorâmica para o castelo de Porto de Mós. No mesmo espaço encontrará ainda sauna e banho turco.
Ainda para promover o bem-estar, foi criado com uma zona wellness, com tratamentos e massagens de relaxamento ou desportivas disponíveis, bem como um ginásio. A unidade hoteleira dispõe ainda de um restaurante e lounge bar que vai “homenagear a terra” e surpreender com “uma inusitada modernidade”, bem como uma sala multiusos para eventos e três salas de reuniões.
“Chama-se Solo 24.80 porque queremos destacar tudo o que o território fornece. Vamos recorrer a produtores locais e a tudo o que a terra nos dá. O 24.80 remete para o código postal do município”, revela.
O Dolinas Climbing Center
O grande protagonista é o Dolinas Climbing Center, “um espaço inovador e único em Portugal, onde se alia a oferta diversificada para a prática das várias modalidades de escalada com o conforto das instalações”.
Numa área de cerca de 700 metros quadrados, vai encontrar diversos equipamentos para a prática de escalada indoor, desde circuitos para miúdos, aulas para diferentes níveis de experiências, team buildings ou festas de aniversário. “Com estas características, não existe outro igual em Portugal e talvez no mundo”, garante.
O centro de escalada está dividido em várias zonas. Uma delas é o bloco (boulder), com diferentes configurações e planos que poderão oferecer uma experiência diversificada com diferentes níveis de dificuldade. Há ainda uma estrutura para miúdos com escalada e escorrega e duas fun-walls, em que os mais jovens poderão aliar o desafio da escalada ao divertimento.
Outro destaque é o Kilter Board, uma estrutura de inclinação variável com uma disposição de presas permanente, que tem por base uma aplicação de acesso a uma rede global de atletas profissionais, praticantes de diferentes níveis e ginásios comerciais. Ao usar a aplicação deste equipamento, o utilizador pode criar ou praticar novas vias de escalada existentes nas Kilter Boards de todo o mundo — e são mais de 50 mil.
Ainda no mesmo espaço encontram-se as auto belays, vias de escalada com dispositivos de autossegurança até aos sete metros de altura. O ex-libris do centro (e do próprio hotel) é a parede de escalada com corda de 30 metros de altura, que vai desde o piso -2 ao sexto piso. “Tem características únicas e surpreendentes de verticalidade indoor e é um verdadeiro desafio”, admite.
O Dolinas Climbing Center está disponível para hóspedes e público em geral. A entrada no centro, assim como o aluguer do equipamento, custa 12€ por dia, e dá acesso a todas as estruturas. Quanto ao hotel, as estadias começam nos 120€ por noite. As reservas deverão abrir em breve no site oficial.
Carregue na galeria para ver as primeiras imagens do projeto.