Ricardo Mota comia os “melhores panados com batata frita ou arroz” em casa dos avós, numa pequena aldeia de Vila do Conde chamada Malta. Para acompanhar, uma Coca-Cola, já que era o único sítio do mundo onde tinha autorização para beber o refrigerante.
Nunca se esqueceu dos fins de semana passados na quinta agrícola, datada de 1753. Por isso mesmo, quando percebeu que a casa onde comia os famosos panados estava deteriorada, procurou reverter a situação.
“Há algum tempo que o espaço não era utilizado para a agricultura e foi por aí que quisemos começar”, começa por contar à NiT Ricardo Mota, de 51 anos. Sem qualquer experiência na área, começou a procurar projetos agrícolas que poderiam fazer sentido ali.
Não queria milho, uma vez que este cereal já é um dos mais cultivados em Portugal. Então, com a ajuda da mulher, Eva Moreira, decidiu apostar nas ervas aromáticas. “Pareceu-nos uma interessante e começámos a desenvolver a ideia em 2012. Foi uma oportunidade de dinamizar os terrenos, que estavam parados há alguns anos”, explica.
Fiéis à agricultura biológica, hoje são reconhecidos em todo o País pela qualidade da produção e, inclusive, já receberam prémios de qualidade das hortelãs-pimentas. Há mais de uma década que fazem da agricultura uma atividade part-time e, agora, decidiram abraçar um novo projeto: converter a antiga caso do avô num alojamento.
“Estava quase a aproximar-se de uma ruína e decidimos recuperá-la. Aqui na zona não há nenhum espaço hoteleiro, ainda é uma zona muito verde”, sublinha. Com a oferta na área do turismo, podem dar oportunidade às pessoas que moram em centros urbanos de “estar em contacto com a natureza”, num lugar sem poluição luminosa onde as estrelas se avistam sem esforço.
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Há cerca de quatro anos arrancaram com as obras, sempre com o intuito de reaproveitar e manter a traça original. No mês de dezembro, abriram ao público a Quinta das Aromáticas, onde os dias começam com o aroma fresco das plantas aromáticas.
O novo alojamento de Vila do Conde, situado a 20 minutos do Porto, é composto por seis suítes “decoradas com elegância e atenção ao detalhe”, sala de estar com salamandra e jogos de tabuleiro, uma cozinha rústica com forno a lenha. As refeições também pode ser preparadas na churrasqueira, num anexo de apoio.
Como serviço adicional, caso os hóspedes não queiram cozinhar, há uma cozinheira disponível para preparar pratos regionais, mediante marcação prévia.
Com cerca de 3 hectares de terreno, há muito para explorar na propriedade. Um dos destaques do jardim é a piscina, situada numa área protegida do vento e ideal para os dias de calor. “Fizemos questão e manter algumas árvores quase centenárias no espaço, era uma das nossas maiores preocupações”, refere.
Para o futuro, os proprietários pretendem organizar atividades relacionadas com as ervas aromáticas, como workshops ou showcookings. Para os responsáveis, pernoitar na Quinta das Aromáticas é como “voltar às origens e a um passado onde a vida era mais calma”.
O alojamento tem capacidade para receber até 12 hóspedes e os preços da estadia rondam os 470€ por noite. As reservas podem ser feitas online.
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