Há aproximadamente dez anos, José Manuel Grácio comprou um monte tradicional no Alentejo, situado em Castelo de Vide, dentro do Parque Natural da Serra de São Mamede. Com um profundo interesse pela agricultura, o terreno foi inicialmente utilizado para fins agrícolas. No entanto, o filho Gonçalo, que é arquiteto, percebeu de imediato o potencial daquele espaço.
A primeira menção ao Monte dos Coureleiros remonta a 1871, quando foi representado numa carta do engenheiro militar Filipe Folque, embora a sua história seja ainda mais antiga. Antes de se transformar em alojamento, o local já atraía turistas interessados em visitar o Parque Megalítico dos Coureleiros, que integra uma propriedade com 160 hectares.
Esta área classificada é composta por cinco antas, — quatro classificadas como Imóveis de Interesse Público e uma como Monumento Nacional —, uma verdadeira viagem através dos milénios IV e III a.C. E agora, há mais motivo um para descobrir este lugar: desde o final de julho, é possível pernoitar no monte, com uma forte ligação ao campo, aos animais e ao parque megalítico.
“Hoje continuamos com a exploração agrícola, mas o turismo ganhou um papel complementar. Decidi incluir esta vertente para diversificar a utilização do Monte dos Coureleiros e da Herdade da Murta Velha”, começa por contar à NiT o jovem arquiteto de 27 anos.
O processo de reabilitação arrancou em 2022, quando o espaço já se encontrava devoluto, sendo que Gonçalo decidiu preservar as características da arquitetura tradicional alentejana. O projeto, que denominou de Murta Landscape, combina materiais autênticos, peças de design de autor e de decoração popular. “É um projeto bastante simples, despojado e despretensioso”, destaca.
Como arquiteto, o principal desafio foi desenvolver uma “visão contemporânea” que permitisse reinterpretar a arquitetura típica da região. “Utilizei materiais genuínos, que são uma marca do Alentejo”, explica. Optou por formas sólidas e térreas, valorizando o uso de barro e a predominância da cor branca.
A procura por materiais, fornecedores e mão de obra da região transformou esta construção numa “obra vernacular”. “Tentei procurar projetos nacionais, nos quais eu reconhecesse valor, e agora há peças de design de autor de marcas como a Norm Architects, Fuschini, Solo Ceramic e Estufa Studio”, explica.
Os elementos decorativos foram, na sua maioria, adquiridos em feiras alentejanas, como talhas antigas e potes de barro. A combinação de materiais naturais, mobiliário desenhado e tecidos variados confere ao alojamento um ambiente intemporal.
A habitação está organizada em torno de um pátio “aberto à paisagem e ao céu”, que atua como o “coração da casa”. Com tipologia T2+1 e capacidade para seis pessoas, o espaço, inundado de luz natural, conta com dois quartos e uma sala.
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Em destaque, no pátio, encontra-se um majestoso eucalipto com cerca de 70 anos, que proporciona sombra todo o dia. No exterior, os visitantes têm um tanque à disposição que, durante os meses de verão, funciona como uma pequena piscina. Gonçalo adianta que está previsto para o próximo ano a construção de uma piscina maior. Outro dos projetos é o pomar, que está em fase de crescimento, e de os hóspedes poderão colher fruta à vontade.
Os visitantes podem explorar a área utilizando as bicicletas disponíveis no alojamento, mas há uma forma ainda mais interessante de descobrir a região de Castelo de Vide. Paralelamente ao Monte dos Coureleiros, a família adquiriu a Herdade da Murta Velha, que complementa a experiência de estadia.
“É um monte ainda maior e, neste momento, a reabilitação não é viável, mas é a partir daí realizamos passeios de jipe pela propriedade, proporcionando vistas panorâmicas sobre o Parque Natural da Serra de São Mamede, com percursos que atravessam uma aldeia abandonada”. A atividade, exclusiva aos hóspedes, dá a conhecer a paisagem da Murta, a sua fauna, flora e topografia, tudo isto na companhia das vacas e dos cavalos.
Durante os passeios, que ocorrem numa viatura 4×4 e praticamente sem sair da herdade, é possível visitar uma aldeia abandonada do século XVII (Monte Abreu), uma calçada medieval e a Capela da Nossa Senhora da Penha. As experiências têm uma duração média de 1h30 e têm um custo de 40€ por pessoa.
Quanto aos preços da estadia, começam nos 175€ por noite, em época baixa. As reservas podem ser feitas online.
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