Durante a última década, o Grupo Independente, anteriormente conhecido como The Independente Collective, tem conseguido surpreender e inovar com novos conceitos que juntam viajantes de todo o mundo e de todas as idades. Foi há dez anos que quatro irmãos empreendedores (Duarte, Martim e Bernardo D’Eça Leal e Afonso Queiroz) se reuniram para admirar a capital do miradouro de São Pedro de Alcântara, e prometeram que, um dia, iriam conseguir realizar o seu sonho: criar um novo conceito de hotelaria. E foi assim que este projeto começou.
Primeiro, veio o Independente Lisboa (The Independente Suites & Terrace), um hostel de estilo Art Déco situado mesmo em frente ao miradouro que São Pedro de Alcântara, com 22 quartos e dois restaurantes, o Decadente e Insólito. Depois, em 2018, veio o The House of Sandeman, o primeiro hostel de marca no mundo, que surgiu em colaboração com a Sandeman, uma das mais famosas marcas de vinho do Porto em Portugal.
Agora, em 2023, os irmãos continuam a sonhar mais alto e vão expandir o conceito com a abertura de dois novos hotéis nos destinos mais trendy de Portugal: Lisboa e Comporta. “Nunca ficámos afetos nem tivemos como princípio basilar da nossa empresa estarmos limitados a uma só tipologia de turismo. Por termos dois hotéis, nunca nos afastámos da ideia de abrir também hotéis. À medida que vamos crescendo temos interesse em explorar outras vias para receber viajantes”, começa por explicar à NiT Duarte D’Eça Leal, um dos quatro irmãos fundadores do grupo Independente.
A ideia surgiu ainda antes da pandemia, “de forma muito natural”. A Comporta é um dos locais mais cobiçados da Europa para aproveitar tudo o que é bom e simples na vida. Com abertura prevista para maio, mesmo antes do pico do verão, o Independente que está a nascer naquela freguesia do município de Alcácer do Sal será o primeiro hotel de quatro estrelas na região e representa um investimento de 2,2 milhões de euros.
“A Comporta é um destino que conhecemos bem na ótica do utilizador. Em miúdos, íamos muitas vezes para lá com a família, até porque o nosso pai é arquiteto e tinha um grande projeto na região. Queremos acrescentar uma nova camada lúdica ao destino”, refere. Localizado nas Bicas, perto de Muda, está inserido numa propriedade de 12 hectares, inspirado na cultura da aldeia e nos valores comunitários.
“Quer seja um hostel, um hotel ou mesmo um parque de campismo, as pessoas querem aproveitar a companhia dos que lhes são mais queridos, querem conhecer novas pessoas e criar memórias inesquecíveis que durem uma vida inteira”, explica. O conceito começou a ser pensado há cerca de quatro anos e está a ser construído de raiz, em parceria com o promotor local Authentic Bicas, que também participa noutros projetos na região. “Convidaram-nos a participar e nós trouxemos a nossa experiência e visão. Em conjunto, de uma forma simbiótica e colaboradora, criámos este espaço”, diz Duarte D’Eça Leal.
Fiel à visão do Independente de construir uma comunidade, a propriedade apresenta 40 quartos e suites e 34 villas (desde estúdios a casas de cinco quartos com pátio) que já estão todas vendidas. Cada villa terá o seu proprietário que, depois, “entregará as noites que entender à exploração do hotel.”
O Independente Comporta inclui ainda um spa regenerativo, três restaurantes (um deles só vai abrir no próximo ano), uma área de take-away, um quiosque com revistas nacionais e internacionais, uma loja de vinhas e produtos com uma curadoria especial, uma piscina bar ao livre e um pequeno parque de aventuras para os miúdos.
Um dos grandes destaques desta unidade hoteleira é que terá uma incrível sala multifunções, ao qual vão dar o nome de Casão. “É uma sala de eventos grande, preparada para receber todos os nossos hóspedes. Metade do espaço será um estúdio de ioga e pilates”, adianta. Terá um programa de eventos bastante completo, com mercados semanais, sessões de cinema, performance ao vivo e muitas outras atividades.
“A maioria dos hotéis acaba por desenhar as áreas sociais de acordo com a rentabilidade económica. Se quisermos jogar às cartas, ou é no quarto ou no bar, com alguém a perguntar o que queremos beber. Tendencialmente, não há oferta de um espaço social, de interação, que as pessoas não estejam lá para consumir o que quer que seja”, explica. Foi precisamente para combater essa lacuna que criaram o Casão, um espaço com lareira, mesas de jogos e sofás onde os hóspedes (e a comunidade local) se podem encontrar.
É também nesta área do hotel que os hóspedes podem encontrar o experience manager, a pessoa que os ajudará a programar e planear toda a experiência na zona, seja através de bicicletas elétricas, tours pelos arrozais, passeios de barco, sessões de pesca, aulas de surf ou até mesmo saltos de paraquedas. “Vamos ter uma pessoa a desenhar o programa de férias dentro e fora do hotel, não queremos que os hóspedes estejam apenas no Independente, queremos que descubram o destino.”
Quanto à decoração, também será inspirada no artesanato alentejano. “Existe a ideia de que existe um Alentejo interior e outro litoral e, apesar de ser óbvio que são duas regiões distintas, acreditamos que a Comporta, embora tenha proximidade com o mar, tem um historial marcadamente alentejano que não se pode perder e deve ser contada”, reforça. É para não deixar cair essa história no esquecimento que os irmãos decidiram recorrer ao trabalho de artesãos de todo o Alentejo.
Cada quarto do hotel terá uma tapeçaria de Arraiolos, com um dos oito padrões que foram criados exclusivamente para a unidade hoteleira. Vão ter também uma cama alentejana no terraço, e até mesmo os jarros e as chávenas de café “refletem o cariz forte do artesanato da região”. Os candeeiros, por exemplo, foram feitos em vime e à mão por um casal de Évora. Esta promoção do local também se nos restaurantes, cujas cartas serão uma ode à cozinha alentejana.
O Independente Comporta deve começar a receber hóspedes em maio e os preços irão rondar entre os 200€ e os 450€ por noite, dependendo da época.
