Carla e António Torradinhas, ambos de 51 anos, recordam-se bem das férias que costumavam passar com os filhos num monte que está na família há mais de 150 anos, em Montemor-o-Novo. Não tinham piscina, mas divertiam-se a tomar banhos de mangueira ao ar livre. Sem Internet, nem televisão, passavam os dias “a ver quem ganhava mais jogos de tabuleiro”. Outra das memórias que acarinham é a de irem buscar filmes ao clube de vídeo que existe em Santiago do Escoural, que viam ao relento graças a um projetor que compraram para esse propósito.
Viveram “noites mágicas” no Alentejo — e agora querem proporcionar experiências semelhantes a quem os visita. Decidiram transformar o Monte da Masmorra de Baixo num alojamento local, e começaram a receber hóspedes em junho.
O terreno sempre pertenceu à família que ainda hoje lhe dá o nome, mas já ninguém tem esse apelido. Isto porque o bisavô de António, Alexandre Masmorra, ofereceu parte da herdade ao filho ilegítimo [o avô do atual proprietário] — que só reconheceu perto do fim da vida — e decidiu manter o nome da mãe.
Assim, foi passando de geração em geração, mas ainda hoje se encontram as memórias dos tempos passados ali. “Encontramos documentos nas ruínas que mostram o pagamento de impostos desde 1879, cartas que os antigos proprietários escreviam à família quando estavam na tropa”, começa por contar à NiT Carla, a mulher do atual herdeiro.
Antigamente, existiam três pequenas casas independentes onde ficavam os trabalhadores, “que andavam de canto em canto” pelo monte. Nos anos 60 ainda tentaram vender o terreno, mas o negócio, felizmente, nunca chegou a acontecer. Assim que António se tornou proprietário de uma das casas, há cerca de duas décadas, começou logo em recuperar o imóvel e manter viva a história dos seus antepassados.
“Era um armazém e só íamos lá tratar do terreno, que tinha umas árvores de fruto. Entretanto, há três anos, conseguimos comprar o resto das casas”, revela. Apenas conseguiram manter a estrutura de uma delas. As restantes foram deitadas abaixo e construídas de novo, mantendo a traça típica dos montes alentejanos.
Quando herdaram todo o Monte da Masmorra de Baixo, perceberam que o espaço era demasiado grande para a família, que só lá ia passar umas temporadas no verão e pouco mais. Foi então que nasceu a ideia de transformá-lo num alojamento local. “O projeto surge para apoiar nas despesas da manutenção do monte, dando oportunidade a outras pessoas de usufruírem da magia do Alentejo”, confessa.
O turismo rural, situado na vila de Santiago do Escoural, fica inserido numa propriedade com dois hectares e é ideal para “umas relaxantes férias no campo”. Das três casas que recuperaram, apenas duas estão disponíveis para alugar. Cada uma tem um quarto e casal, um quarto em mezzanine (com escadas) com duas camas individuais, casa de banho, kitchenette totalmente equipada e uma sala de estar — e estas já têm televisão.
As infraestruturas incluem ainda uma piscina de água salgada, cadeiras de apoio, mesa exterior, camas de rede e grelhador a carvão. O monte é completamente isolado, num terreno com as “árvores típicas do Alentejo”, como as oliveiras. Contudo, é provável encontrar por lá (fora das vedações) um rebanho de 80 ovelhas. “Fizemos uma parceria com um pastor local. Damos-lhe uma parte do terreno e elas acabam por limpar a terra. É maravilhoso poder vê-las ao lado da piscina”, destaca Carla.
Cada alojamento pode ser alugado individualmente, mas também é possível reservar as duas casas em conjunto. Neste caso, terá acesso exclusivo à piscina e área envolvente. Quanto aos valores da estadia, ronda os 120€ por cada casa. As reservas podem ser feitas no Booking.
A seguir, carregue na galeria para conhecer melhor o Monte da Masmorra de Baixo.