“Where art meets history”, ou em português, “onde a arte encontra a história”. É este o mote do novo Artsy Cascais, o boutique hotel de cinco estrelas que abriu esta quarta-feira, 31 de maio, bem no coração da vila. Ali, as fotografias, a street art e a arte contemporânea fundem-se num espaço que combina o histórico com o contemporâneo. Até porque o palacete onde o empreendimento se instalou tem uma história ligada à alta burguesia dos séculos XIX e XX.
“A ideia partiu de três sócios que queriam transformar uma propriedade de família num hotel. A casa foi herdada por um deles, Francisco Maria Balsemão, há cerca de 12 anos”, começa por contar à NiT Francisco Pestana, o diretor do Artsy Cascais. O palacete, originalmente construído por um empresário amigo do rei D. Carlos, foi propriedade do grande industrial português Alfredo da Silva, mas acabaria por chegar às mãos do avô materno do atual proprietário.
Francisco Maria Balsemão começou a passar os meses de verão no palacete quando tinha 12 anos, mas quando o herdou conclui que era “demasiado grande para ser apenas uma casa de férias”. Devido à sua localização privilegiada e ao tamanho do edifício, o melhor seria mesmo construir um hotel, pensou.
O projeto do Artsy Cascais começou a ser desenvolvido há cerca de três anos. Ao antigo palacete, agora renovado, juntou-se um moderno edifício, construído de raiz e com uma particularidade especial: uma instalação artística na fachada da autoria do famoso artista urbano português Vhils.
“Queríamos que fosse um espaço onde a arte se encontrasse com a história e, como estamos no bairro das artes de Cascais, fez todo o sentido. É um elemento diferenciador que acreditamos que vai atrair ainda mais pessoas”, refere o diretor.
O hotel resulta da conjugação de um palacete antigo do século XIX, “em que se respira a história da vila onde se insere”, e outro edifício mais contemporâneo, que contrasta com o edifício centenário, mas sem nunca lhe retirar o protagonismo. É a prova viva de que o antigo e o novo são “opostos que se complementam”.
Os dois edifícios estão interligados e unem-se por uma estrutura de vidro, “que representa a passagem entre o século XIX e o século XXI”. O projeto de arquitetura ficou a cargo do arquiteto Pedro Gomes Fernandes, que combinou o moderno com o tradicional, mantendo os traços originais do palacete em estilo rococó, que data de 1899.
A arquiteta Marta Carreira foi a responsável pelo projeto de decoração e design do interior do hotel foi a que trouxe aos quartos elementos da areia e mar que remetem às praias de Cascais. Além disso, contou com a colaboração da artista londrina Fipsi Seilern, que explora a arte urbana, que desenhou uma cópia de um auto retrato do pintor Rembrandt. A peça encontra-se na parede das escadas e no Library Bar, mesmo à entrada do hotel.
“O resultado é um diálogo entre o exterior do palacete e os livros antigos da biblioteca com a obra de Vhils na ala moderna, ou as obras de arte contemporânea com alusão a Rembrandt e móveis de cores vivas desenhadas à medida”, destaca. Outra peça icónica (e intemporal) que se pode encontrar na unidade hoteleira é o candeeiro de suspensão de Gino Sarfatti, que ilumina o Library Bar.
No lobby e na escadaria do hotel destacam-se ainda as peças de arte de Alice Morey, Daniel Lergon, João Gabriel e João Vasco Paiva, que podem ser visitadas por não hóspedes. Pode-se dizer que o Artsy Cascais funciona quase como um museu, mas ao contrário dos espaços museológicos, é possível comprar os quadros. “Queremos que as pessoas se sintam atraídas nesse sentido, até porque temos intenção de ser um hotel diferente de tudo o que existe”, sublinha o diretor.
Os 19 quartos e suites (13 no edifício contemporâneo e os restantes seis no palacete antigo) da unidade hoteleira estão divididos em quatro pisos e cinco categorias — com dimensões que vão dos 20 aos 50 metros quadrados. Para as pessoas que ficarem hospedadas nas unidades de alojamento da ala moderna, a experiência é como dormir “dentro de uma escultura e acordar envolvidos pela luz que atravessa a instalação de arte de Vhils”. Do lado do palacete, os quartos destacam-se pelos seus tetos altos e as grandes janelas, que permitem ter vistas incríveis das ruas e jardins de Cascais.
Com um design sofisticado e tons neutros, uma coisa é certa: em todas as suites os hóspedes irão encontrar elementos de arte moderna de artistas locais, como o caso das obras do fotógrafo Miguel Velasco. Os alojamentos dividem-se em cosy rooms (os menores, com áreas até 20 metros quadrados), os superior rooms, a attic suite (perfeita para três pessoas), os artist rooms (com ou sem terraço) e as signatures suites (as mais espaçosas, com uma área de 50 metros quadrados).
No piso térreo, mesmo à entrada do hotel do lado direito, fica o Library Bar, aberto ao público, onde se pode tomar um copo ou simplesmente ler um livro, sempre com a arte como pano de fundo. Há ainda um espaço chamado Pink Room, uma sala com paredes rosa que pode ser usada para reuniões de pequenas dimensões, workshops e jantares privados.
A par de toda a arte espalhada pelo hotel, outro grande destaque do Artsy encontra-se no último piso do edifício: um rooftop exclusivo para os hóspedes, onde encontram também uma piscina aquecida com água entre 26 e 30 graus, um honesty bar e uma vista imperdível sobre a zona história da vila.
O rooftop promete tornar-se um dos melhores spots deste verão, assim como o restaurante Art, encabeçado pelo chef Daniel Estriga e o seu braço-direito, Carlos Nunes. “Queremos distinguir-nos dos outros espaços de restauração, portanto oferecemos uma experiência que passa muito pela interação entre o chef de cozinha ou o barman com os nossos hóspedes”, refere.
A carta tem “influências do mundo inteiro”, mas foca-se sobretudo nos produtos do mar: ali poderá pedir gambas do Algarve e ovas de salmão com ervilhas, por exemplo. O restaurante está aberto de terça-feira a domingo, das 19 horas à uma da manhã.
O Artsy vai disponibilizar ainda várias experiências aos clientes, com visitas guiadas à Casa das Histórias de Paula Rego, visitas ao atelier de Joana Vasconcelos e tours personalizadas por Cascais e arredores. As reservas podem ser feitas online e os preços começam nos 120€ por noite na época baixa.
A seguir, carregue na galeria para conhecer melhor o novo boutique hotel de Cascais.