É no Parque Natural da Serra de São Mamede, num vale quase intocado pela civilização e abundante de água — mesmo com a situação de seca —, rodeado pela flora luxuriante e fauna selvagem, que se encontra a histórica aldeia de Porto da Espada. É lá que fica um dos segredos mais bem guardados de Portugal: o Largo do Cerejal, um refúgio que parece que parou no tempo.
O responsável por voltar a dar vida àquela zona da serra é Pedro Loureiro, de 52 anos, que decidiu deixar para trás a vida na cidade para ser feliz no campo. Há cerca de seis anos estava a viver no Estoril e tinha duas empresas, uma de estudos de mercado e outra de consultoria de marketing, até que começou a sentir uma certa inquietação.
“Comecei a querer fazer outra coisa da vida, estava cansado da cidade. Na altura eu e a minha mulher estávamos à procura de um espaço no campo, não para fazer turismo mas apenas para sair de Lisboa”, começa por contar à NiT o responsável. No início, não sabiam bem para onde ir mas só tinham a certeza de uma coisa: tinha de ser uma zona com muita vegetação e água.
Procuraram em Sintra, Évora, Santarém, percorreram toda a zona do Tejo com esperança de encontrar aquele refúgio que tanto queriam. Numa pesquisa num site de turismo, Pedro viu uma reportagem sobre os percursos terrestres na Amieira do Tejo e “era exatamente o que andava à procura”.
“Nem sabia onde era. Liguei para a Remax em setembro de 2017, e cinco dias depois estava já a comprar a propriedade, uma quinta na aldeia histórica de Porto de Espada”, recorda. Desde então, o casal vendeu todas as empresas para se dedicar a 100 por cento ao turismo, até porque têm uma enorme “paixão por viajar e pela hotelaria”.
Quando lhe perguntam porque escolheu esta pequena aldeia em Marvão, Pedro não tem qualquer dificuldade em responder. “Aqui encontramos uma ideia romântica do campo, tem um encanto único. Quando ia passar férias à casa de campo dos meus avós, a vida era mais descontraída e natural, uma ideia que guardei o resto da vida. É o que me conforta quando me sinto desequilibrado emocionalmente. Foi aqui que reencontrei essa imagem emocional que guardo deste Portugal de há 50 anos”, explica. Por ser uma zona sem estrada por perto e por não ter linhas férreas, não há grandes acessos para lá chegar e isso acabou por proteger a beleza da Serra de São Mamede.
A casa principal da quinta — que tem menos de três hectares — foi construída há cerca de 150 anos para servir de habitação à família proprietária. Em 2022, foi completamente remodelada “para permitir a comunhão com a natureza envolvente” e abriu aos hóspedes a 17 de julho.
“Recuperámos todo o edifício principal que estava praticamente em ruínas. Transformámos o antigo estábulo num ginásio”, revela. Ao todo, o investimento da remodelação exterior e interior rondou os 150 mil euros.
A decoração foi pensada para integrar o conforto dos hóspedes com a natureza envolvente e utilizaram, sempre que possível, “materiais retirados de florestas e ecossistemas sustentáveis”, de forma a respeitar a história e o caráter da casa. Ainda assim, foram também incorporadas peças de decoração mais modernas, como posters de cinema.
O casal deu o nome de Largo de Cerejal ao turismo rural por ser uma zona muito conhecida pelas cerejas e ginjas. “Há 80 anos havia muitas cerejeiras aqui na zona, mas restaram apenas meia dúzia. O nome da rua também é Largo do Cerejal e, como achámos bonito, decidimos manter o nome”, diz.
A casa principal inclui três suítes, uma sala de refeições com uma pequena cozinha de apoio e uma sala de estar. Por opção do casal, não há televisões em nenhum dos quartos, só na sala. “Nós entendemos que os quartos são para descansar e não para ver televisão, por isso quem quiser ver é só ir para a sala”, explica. É importante referir que a televisão da casa inclui subscrição na Netflix, por isso pode ver todas as séries e filmes disponíveis na plataforma sempre que lhe apetecer.
No exterior encontra três camas balinesas, seis espreguiçadeiras, um pátio de refeições, um antigo estábulo que inclui um espaço fitness, mas o grande destaque é a ampla piscina para uso exclusivo dos hóspedes. É a maior piscina privada do concelho de Marvão e é lá que os hóspedes podem ter a visão completa da serra, “uma vista única”.
Em relação ao ginásio, o casal decidiu manter o espaço interior do estábulo tal como era antigamente, com as paredes de xisto, “que foram envernizadas para evitar que caia”. Como a casa está no fim da pequena aldeia, as noites de lua nova oferecem as condições perfeitas para a observação do céu noturno.
A casa é alugada por inteiro a um grupo e está preparada para receber nove hóspedes. Na época alta, entre julho e agosto, o preço por noite é de 800€. Na época média alta (nos meses de junho e setembro), custa 600€ por noite, enquanto no resto do ano fica a 375€. Como abriram recentemente, o turismo rural está com promoções superiores a 35 por cento neste momento e as reservas podem ser feitas online.
De seguida, carregue na galeria para conhecer melhor o Largo do Cerejal.