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O “paraíso semi-selvagem” que abriu nas margens de um dos rios mais limpos da Europa

A Quinta das Sumidas fica mesmo à frente do rio Ovelha, onde costumam avistar-se lontras. O alojamento abriu ao público em julho.
Fica em Amarante.

A médica Catarina Carvalho, de 44 anos, já há algum tempo que andava com uma “vontade pré pandémica de sair da cidade e fugir da confusão”. A viver no Porto e a trabalhar em Paredes, estava cansada de “perder muitas horas do trânsito”.

A vontade de refugiar-se numa localidade mais tranquila fez com que começasse à procura de um terreno no Norte do País. A oportunidade surgiu quando visitou uns amigos na zona de Amarante e contaram-lhe sobre uma propriedade à venda nas margens do rio Ovelha.

“Lembro-me que fui visitá-la num dia de muito calor, mas foi amor à primeira vista. A decisão emocional foi muito rápido e o preço era mais convidativo do que um T1 ou T2”, começa por contar a médica à NiT.

Não foi preciso pensar muito. Em setembro de 2020, comprou o terreno com quatro hectares, com uma espécie de “rio privado” mesmo à frente, uma casa e um antigo moinho e celeiro. Era para ser apenas uma segunda casa, um refúgio para o fim de semana, mas acabou por se mudar para lá posteriormente.

No processo, Catarina descobriu um pouco da história do Moinho das Sumidas. A antiga proprietária, Maria Ribeiro, vive agora um pouco mais acima para fugir do inverno húmido e frio. Com 88 anos, a mulher contou à “Gondar com Memória” que a sua vida sempre esteve ligada ao local, uma vez que os avôs maternos já trabalhavam no moinho, que na altura era alugado a Jaime de Amarante.

Era ainda uma miúda quando começou “a colocar a mão na farinha” e a andar pela freguesia na companhia de um cavalo. Foi numa dessas viagens que conheceu aquele que seria o futuro marido, António Carvalo. Quando se casaram, o lavrador foi viver para a propriedade e passou a fazer parte do negócio.

O casal acabaria por comprar o moinho por cerca de 50 contos na altura (250€) e começaram a reformulá-lo. Chegou a ter cinco rodas a girar com a força das águas e era ali que se moíam cereais, como milho, trigo e centeio. 

“O moinho funcionou até aos anos 90. Os filhos foram todos criados ali, viviam da moagem. No verão, os emigrantes queriam todos levar farinha dali, era um bom negócio”, conta Catarina. O rio Ovelha, contudo, deitou abaixo a azenha várias vezes. Ao início o antigo proprietário ainda conseguiu recuperá-la, mas com a idade deixou de ser possível e deixou de funcionar.

Da relação de ambo6s nasceram nove filhos, mas nenhum mostrou interesse em continuar com o negócio de moagem, pelo que acabaram por vendê-lo — e foi parar às mãos da médica do Porto. A casa principal ainda estava habitável, até porque a antiga proprietária, antes de vender o terreno, ia para lá todos os dias regar as plantas.

A ideia de transformar o local num alojamento surgiu quando percebeu que podia reabilitar o moinho e o celeiro e criar ali “um paraíso semi selvagens”, como lhe chama. As obras foram feitas com calma, sempre “numa perspetiva tranquila”. 

“Foi tudo reconstruído, tivemos uma equipa a trabalhar com a parte da pedra e cimento. O meu companheiro, Arnold, fez todas as estruturas em madeira. Foi um processo que demorou quatro anos e é quase tudo feito à mão e personalizado”, conta Catarina.

A 7 de julho, a Quinta das Sumidas abriu oficialmente ao público. Nesta primeira fase tem disponível apenas o “celeirinho”, mas o objetivo é abrir também moinho.

“O celeiro é todo de pedra e fizemos um anexo de madeira. As paredes são todas irregulares porque foi feito antes de 1952 e era tudo torto, sem ângulos retos. Tivemos de adaptar toda a mobília ao espaço”, explica. O pequeno chalet pode acomodar até duas pessoas e dispõe de uma cama de casal, cozinha totalmente equipada, casa de banho, uma salamandra e uma varanda com vista para o rio.

Quanto à decoração, tem pormenores que chamam a atenção, como joalharia com prata e apontamentos coo flores secas. No exterior existem alguns espaços de lazer, com cadeiras e sofás, bem como uma horta biológica onde os hóspedes podem ir buscar vegetais ou ervas aromáticas.

Outro destaque é o rio Ovelha, que nasce na Serra do Marão, e é considerado um dos mais limpos da Europa. Prova disso é que, por vezes, é possível avistar lontras, conhecido por ser o mamífero das águas limpas. Existe ainda uma plataforma junto ao rio par apanhar sol e relaxar.

A localização é outra vantagem da Quinta das Sumidas. Apesar de estar a cinco minutos da autoestrada, o barulho do rio abafa o som dos carros, e há na mesma uma “sensação de isolamento”, já que não se vê mais nenhuma casa ali.

Os preços da estadia começam nos 85€ (época baixa) e podem chegar aos 95€ nos meses de verão. As reservas podem ser feitas online.

Carregue na galeria para ver mais imagens deste “paraíso semi-selvagem” que abriu em Amarante.

FICHA TÉCNICA

  • MORADA
    Caminho de Sumidas 436
    7X7G+96 Amarante
ESTILO
alojamento local
PREÇO MÉDIO
Entre 50€ e 100€
AMBIENTE
rio

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