Com uma população ligeiramente superior a 400 habitantes, a aldeia de Alvados, situada no Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros, pode passar despercebida à maioria dos visitantes da região Centro. Contudo, para Veerle Vandamme e o marido, Raphael Nolens, não existe destino mais especial. É ali que, entre árvores e quedas de água, se encontra a Casa Boho, o turismo rural inaugurado pelo casal no final do verão de 2024.
Veerle e Raphael conheceram-se na Bélgica, o país natal de ambos, quando estudavam na Universidade de Leuven, cidade universitária a cerca de 30 quilómetros de Bruxelas. A belga, que ambicionava construir uma carreira na gestão cultural, concretizou esse sonho e foi o seu trabalho que a trouxe a Portugal, há mais de uma década.
“Sempre estive ligada a instituições culturais, como museus, centros de arte e companhias de teatro, incluindo o Teatro Nacional D. Maria II, em Lisboa. Viajava frequentemente para a capital a trabalho e, assim, conheci grande parte do País em viagens de comboio. Apaixonei-me pelas paisagens, pelas pessoas e pela gastronomia”, conta Veerle, de 50 anos, à NiT.
Anos depois, Veerle trouxe o marido a Portugal, em férias, e apresentou-lhe não só Lisboa, mas também algumas zonas rurais. “Estabelecemos uma ligação natural com Portugal. As pessoas são extremamente acolhedoras, a cultura é muito rica e as paisagens têm uma beleza extraordinária, quase mágica. Percebemos que era um país onde gostaríamos de viver”, explica.
O casal explorou diversas regiões e, ao chegar a Alvados, no município de Porto de Mós, ficou impressionado com “o silêncio, as árvores, as grutas e a natureza em geral”. Embora tenha apenas 400 habitantes, é uma localidade com uma boa oferta de restaurantes e atividades. O equilíbrio entre o facto de ser uma aldeia recôndita, mas com tanto “por viver”, encantou Veerle e Raphael.

Em 2023, decidiram mudar-se e encontraram um turismo rural com mais de 10 anos à venda. Compraram o espaço e o negócio, remodelando-o para criar a Casa Boho, onde “todos os dias se pode assistir a um espetáculo natural inigualável; o pôr do sol”. Para proporcionar uma vista priveligiada aos hóspedes, decidiram construir um jardim de inverno climatizado voltado a oeste, onde o sol se põe.
“Transformámos algumas zonas da casa para que os hóspedes se sintam bem-vindos em qualquer época do ano. Além disso, focámo-nos na sustentabilidade e em minimizar os custos, recorrendoa painéis solares e a parcerias com outros negócios locais”, explica.
A Casa Boho abriu em modo soft opening a 13 de maio de 2024, um dia considerado “especial” pelo casal. No entanto, a inauguração oficial ocorreu apenas no final de setembro. Com um total de oito quartos, um deles é adequado para uma família com miúdos, enquanto os outros são pensados para casais — quatro localizam-se no piso superior, com vista para as serras, e os restantes no piso inferior, com acesso direto ao jardim.
Uma das principais atrações da propriedade é a piscina com vista panorâmica. A Casa Boho oferece ainda uma variedade de atividades dedicadas ao relaxamento e bem-estar. “E temos também uma biblioteca onde os hóspedes podem um livro para ler, jogos de tabuleiro para os mais novos e bicicletas para quem desejar explorar a região sobre duas rodas”, afirma a proprietária.
“É o refúgio perfeito para uma estadia romântica ou familiar, em harmonia com a natureza”, sublinha a proprietária. Os nómadas digitais são bem-vindos e podem prolongar a sua estadia. “Preparámos o espaço para este estilo de vida mais recente. Dispomos de mesas grandes para que escritores, artistas ou criadores de conteúdo possam trabalhar com vista para a serra. Além disso, organizamos workshops, clubes de leitura e outras atividades em parceria com entidades da região, para que todos os que nos visitam possam, tal como nós, descobrir o melhor deste País”, conclui Veerle.
Os preços da estadia começam nos 100€ por noite e por pessoa, e as reservas podem ser feitas online.
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