É uma história que se repete no interior do País. São muitos os que emigram em busca de melhores condições e eventualmente regressam à terra que os viu nascer. Fernanda Martins fez isso mesmo e, ao fim de 18 anos, voltou a Outeiro, em Montalegre, com um plano nas mãos.
Para trás deixara uma propriedade que tinha apenas um palheiro, mas um trunfo pouco escondido: a soberba vista sobre a Serra do Gerês. Pôs mãos à obra e ali construiu uma casa para si e para quem quisesse partilhar a vista.
Na Casa Albelo do Gerês — um nome que serve de homenagem ao avô — mora hoje um turismo rural de pequena dimensão. Não mais de dez quartos ocupam a casa principal e alguns anexos que foram sendo construídos ao longo dos dois anos de funcionamento, mesmo que atrapalhados por uma pandemia.
“Inicialmente, queríamos que funcionasse apenas como alojamento, mas como estamos um pouco longe de tudo, acabamos por também fazer um restaurante”, explica à NiT a proprietária de 44 anos, que garante que, por ali, tudo é caseiro: do trato ao cultivo dos produtos levados à mesa.
Aquele que é hoje um dos postais da casa só foi construído um ano depois da inauguração. Falamos da piscina com vista sobre a albufeira da Paradela e a serra, de água salgada e aquecida para servir de consolo nos frios dias do inverno transmontano.
A hotelaria foi mais uma área nova na vida de Fernanda Martins e da família. “O meu marido trabalhava na restauração, eu fazia limpezas”, recorda. Hoje, fazem tudo nesta casa no meio da natureza.
Ao todo, a casa tem dez quartos, na sua maioria individuais, mas há também dois triplos e um apartamento com cozinha. Acabadinhos de estrear estão dois bungalows triangulares, feitos de madeira, a que adequadamente chama de “ninhos do amor”. Cuidadosamente apontados à vista privilegiada, beneficiam de uma fachada envidraçada e de um alpendre.
Na propriedade cultivam-se também os legumes — e os porcos que dão origem aos enchidos caseiros — que vão à mesa, mas apenas aos almoços e jantares. O pequeno-almoço, incluído no valor da estadia, percorre todas as tradicionais etapas, dos bolos caseiros ao pão regional, frutas, ovos e compotas caseiras.
No restaurante, que também se abre a não-hóspedes, reina a cozinha regional, do cozido ao cabrito, à cabidela, galo na caçarola ou coelho grelhado. E, claro, não falta a tradicional posta, o mais famoso prato da região do Barroso.
Saltitar entre uma mesa bem recheada, uma cama com vista sobre a serra e uma piscina com água à temperatura certa pode parecer tudo o que precisa para umas boas férias. Contudo, a região tem mais para oferecer.
A GR50, a Grande Rota Peneda-Gerês — uma rede de percursos de 19 etapas que percorrem o Parque Nacional — passa mesmo ali à porta. Pode também aproveitar para mergulhar na cascata de Cela Cavalos, nas Sete Lagoas ou conhecer a aldeia pitoresca de Pitões das Júnias.
Os valores por noite começam nos 60€ na época baixa — e embora o frio desmotive idas à piscina, é época de aposta em mais tesouros gastronómicos — e nos 80€ na época alta. O segredo, diz Fernanda Martins, é que na Casa Albelo, todos são família. “Somos uma casa familiar e quase todos os hóspedes que cá vêm, regressam.”
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