Quem passa pela Estrada dos Canaviais, em Évora, nos dias de hoje, vai encontrar um turismo rural moderno com três hectares de vinhas. Mas nem sempre foi assim. Durante 50 anos, tudo o que lá existia eram ruínas das paredes que sobreviveram ao tempo e que hoje contam a história da Quinta da Amendoeira.
Antigamente, era uma quinta onde havia apenas duas explorações agrícolas. Agora, renasceu como um refúgio de férias no coração do Alentejo — e o grande culpado por esta transformação foi o farmacêutico Pedro Amaro, de 43 anos.
Nascido e criado em Coimbra, foi na cidade dos estudantes que conheceu a mulher, também farmacêutica, e com quem se mudou para Évora, há cerca de 20 anos. Foi lá que tomaram conta de uma farmácia na freguesia de Nossa Senhora de Machede, onde abriram o primeiro alojamento turístico, precisamente no mesmo edifício: a Casa da Planície.
Foi a estreia do casal nesta área do negócio, mas os dois não se ficaram por aqui. Quando começaram a trabalhar na farmácia dos Álamos, na cidade de Évora, decidiram mudar efetivamente de casa.
“Encontrámos uma quinta com 12 hectares e inicialmente foi comprado por necessidade, para construir uma habitação”, começa por contar à NiT. Quando a viram pela primeira vez, só lá estavam duas ruínas: numa delas construíram a casa; na outra, decidiram seguir um caminho diferente.
“A nossa experiência de vida com dois filhos e várias viagens que fizemos com eles levou-nos a acreditar que podíamos aproveitar a segunda ruína para um projeto de turismo e recuperar o património”, explica. Assim, enviaram uma candidatura ao Turismo de Portugal, que foi aceite, e avançaram com o turismo rural Quinta da Amendoeira.
As obras arrancaram há cerca de três anos e o processo foi mais demorado do que esperavam devido à pandemia. Só ficou concluído em setembro deste ano, altura em que começaram a receber os primeiros hóspedes.
“Conseguimos pôr um bocadinho da nossa impressão digital no projeto, tudo aquilo que gostamos de alguns sítios por onde passamos, alguns apontamentos”, refere Pedro.
O casal conseguiu ir buscar a identidade da ruína, mas reconstruiu praticamente tudo de raiz, mantendo os traços das casas típicas alentejanas. Os fundadores do conceito descrevem-no como uma “construção simples, minimalista e que procura ir buscar a casa branca”, respeitando aquilo que era a obra original.
A segunda ruína transformou-se assim num edifício com seis apartamentos de tipologia T1, com um quarto, casa de banho e kitchenette. Com 30 metros quadrados — e janelas que vão do chão até ao teto — cada uma das unidades de alojamento tem uma cama de casal, ou duas individuais, e um sofá cama, tendo capacidade para acomodar até quatro hóspedes. Quatro deles, contudo, são comunicantes, o que permite transformá-lo em quartos familiares. Existe, ainda, um T2, com 60 metros quadrados, com uma sala maior, casa de banho e dois terraços.
Já no exterior, foi instalado um hectare de olival e três hectares de vinha, com o objetivo de começarem a produzir o próprio vinho a partir do próximo ano. O enoturismo será um dos pontos principais deste turismo rural a dois quilómetros de Évora: cada um dos apartamentos tem o nome de uma adega alentejana (como Cartuxa, Dona Dorinda, Mainova, Fita Preta, Tapada de Coelheiros, Ervideira e Monte Branco) e há uma prova de vinho diferente a cada dia da semana.
“Temos parcerias com sete adegas, pelo que às vezes vem um enólogo à nossa quinta fazer as provas, ou podemos nós visitá-las”, explica.
O alojamento dispõe ainda de um campo de padel e uma incrível piscina de água salgada e aquecida, mesmo ao lado das vinhas. Já no local onde antigamente existia um curral para guardar os animais, agora há uma horta que está a crescer cada vez mais.
Os hóspedes têm também à disposição uma série de atividades, como geocaching, “uma espécie de caça ao tesouro com GPS, com 12 pontos de visita”, canoagem no lago, que passa no limite da quinta, piqueniques, passeios a cavalo e de bicicleta. Há ainda um buggy elétrico e duas vespas elétricas que podem ser utilizados na propriedade ou até mesmo para visitar a cidade.
Além da estadia, é possível alugar o espaço para eventos de team building, por exemplo. “Podem fazer os almoços e jantares aqui, utilizar a sala para fazer reuniões e depois temos ações de team building ao redor da cidade. Uma das mais famosas é o balonismo”, destaca.
Quanto aos valores da estadia, os preços por noite começam nos 99€. As reservas podem ser feitas online.
A seguir, carregue na galeria para conhecer melhor o novo turismo rural de Évora.