Filha de pais portugueses, Simone Lopes viveu praticamente toda a vida do outro lado do mundo. Nasceu em França, mas tinha apenas cinco anos quando a família se mudou para o Canadá, onde estudou e trabalhou. Depois viveu com o marido, Patrick, no Arizona, nos EUA, durante 28 anos em “pleno deserto vibrante do sudoeste americano”.
Agora, aos 59, decidiu mudar-se definitivamente para o país que tão bem ouviu falar quando era mais nova. Já cá tinha estado aos 19 anos, quando estudou Relações Internacionais em Coimbra, e desde essa altura que sabia que, um dia, iria regressar sem bilhete de ida.
Voltar ao país das suas origens era um dos sonhos mais antigos de Simone. Só o concretizou em outubro de 2020, com as filhas já adultas e bem estabelecidas. “Há alguns anos, eu e o Patrick tomámos uma decisão derradeira. Dado que as nossas filhas já tinham concluído a faculdade, seria a nossa altura de embarcar num novo e entusiasmante capítulo das nossas vidas”, conta à NiT.
Antes da mudança definitiva, fizeram uma viagem a Portugal, em 2015, para explorar até que ponto se imaginariam a viver no País. “Não demorou muito até que nos sentíssemos em casa e preparados para um novo começo após os 50”, confessa.
Venderam tudo o que tinha nos EUA, tratou dos papéis para emigrar e, de malas feitas, Simone e Patrick vieram para Portugal na altura da pandemia, ainda sem terem escolhido a cidade onde iriam dar início ao próximo capítulo das suas vidas. O plano sempre foi criar um lugar tranquilo e sereno para os visitantes descansarem e recarregarem energias.
Desde a adolescência que Simone aprendeu a “arte enriquecedora de hospedar”, sobretudo devido ao envolvimento dos pais na comunidade portuguesa no Canadá, fundadores do Clube Português de Sudbury. Além disso, ajudou na criação do primeiro guia turístico da cidade e tantas outras experiências que a ensinaram sobre a “importância de abraçar as mais diversas culturas”.
Em Portugal, viu a oportunidade perfeita de estender a paixão pela hospitalidade. Estava em Setúbal quando teve conhecimento de uma quinta à venda em Santarém, uma região que pouco ou nada conhecida, mas pela qual se apaixonou à primeira vista.
“Lembro-me que chegámos ao terreno por volta das 16 horas e senti logo que era o nosso lugar, com todo aquele sossego e paz. Vi todo o trabalho que ainda tínhamos pela frente, mas estávamos ansiosos por dar esse passo”, sublinha Simone. O casal não precisou de procurar mais. Era ali, na quinta aninhada no coração do Ribatejo, que iam construir um “santuário só para adultos”.
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“Desde o início que queríamos um refúgio só para maiores de idade porque sinto que as pessoas precisam mesmo de descansar, de fugir ao ruído e de não pensar em mais nada”, justifica. Nos primeiros meses dedicaram-se a restaurar a propriedade. O passo seguinte foi encontrar uma empresa portuguesa especializada em casas modulares e sustentáveis. Durante a pesquisa encontraram a Jular, a empresa familiar com quem trabalham desde que a fase de construção arrancou, em fevereiro de 2023.
O projeto ficou concluído em agosto de 2024, altura em que abriram as portas da Quinta Nere Maitia. O nome, explica, surgiu de uma expressão que ouviu pela primeira vez quando estudou em Madrid. “Passei algum tempo com uma senhora mais velha, que me chamava sempre nere maitia, que significa ‘o nosso amor’”, conta.
O agroturismo conta com 10 bungalows, cada um deles com o nome de uma região portuguesa, como Madeira, Beira Interior, Açores, Ribatejo, Douro ou Minho. No entanto, sentiam necessidade de arranjar uma forma de “introduzir Portugal aos estrangeiros”.
“Um dos elementos característicos dos bungalows, feitos de madeira, são os azulejos pintados à mão, que capturam a essência das diversas regiões e funcionam como uma espécie de storytelling”, adianta. O objetivo foi alcançar um “equilíbrio entre a homenagem à autenticidade de cada local, mantendo uma estética harmoniosa e minimalista”.
Mais do que um “santuário só para adultos”, é um refúgio para “promover Portugal”. Desde o início que uma das missões do casal foi adquirir o máximo de produtos locais possíveis. Para enriquecer ainda mais a experiência, criaram livretes que partilham as histórias por detrás de cada azulejo.
Cada unidade de alojamento possui uma cozinha totalmente equipada, zona de jantar e sala de estar, casa de banho, quarto com cama de casal (quatro deles têm dois quartos) e um pátio exterior, onde é servido o pequeno-almoço. Para além dos bungalows, a quinta possui ainda no jardim uma piscina biológica, que se funde com a envolvência verdejante que abraça a propriedade.
“Estes elementos distintos refletem o nosso compromisso em criar um retiro ecologicamente consciente que celebra as tradições de Portugal, assim como a sua beleza sem precedentes”, refere.
Mesmo em frente à piscina, rodeada de espreguiçadeiras e chapéus de sol, fica o centro de atividades multiusos, chamado Meraki. O espaço pode receber team buildings, reuniões de negócios ou workshops, tendo capacidade para 25 pessoas sentadas.
A sala também pode ser usada para sessões de grupo de ioga, meditação e pPilates, uma vez que possui todos os equipamentos necessários para estas práticas. Além disso, o centro tem também uma cozinha profissional totalmente equipada, permitindo a confeção de refeições e outras atividades ligadas ao mundo culinário.
Os preços da estadia rondam os 110€ e os 165€, dependendo da época e da tipologia escolhidas. As reservas podem ser feitas online.
Carregue na galeria para ver mais imagens do refúgio de Simone e Patrick.
