A Covilhã é cidade de reinvenção. Pólo de indústria têxtil até aos idos anos 1960, a cidade viu perder parte do seu pulmão económico com o fim das antigas fábricas. A cidade resistiu e renovou-se. A Universidade, novos negócios e uma expansão que se fez notar encosta abaixo deram-lhe novo fôlego.
Hoje em dia, a cidade continua a ser o farol de uma imensidão de aldeias que a rodeia mas tem a sua própria vida, jovem, com festivais de arte urbana que se juntam a uma tradição serrana que nunca deixou de marcar presença. Os funiculares e elevadores que hoje em dia fazem parte da paisagem da cidade são também uma ajuda bem-vinda numa cidade que, ao fazer-se sob a encosta, sempre foi sinónimo de subidas e descida.
Quem sobe até ao topo da Serra da Estrela pelo lado da Covilhã, encontra agora uma razão extra para parar. O Pena D’Água Boutique Hotel & Villas nasceu a 25 de dezembro na Rua Francisco Alves num antigo edifício do século XIX num local privilegiado. “Estamos na melhor zona possível, junto ao centro da cidade, e com a estrada de acesso à serra logo ao lado”, conta à NiT Carlota Barata, diretora do espaço.
O projeto começou a ser desenhado há dois anos e meio e começou a receber reservas no último 25 de dezembro. O inverno é sinónimo de frio e isso, no ponto mais alto de Portugal Continental, é um convite à neve. Este ano, no entanto, com o confinamento, a época alta foi afetada. “Foi complicado”, admite Carlota Barata. “Estava a correr bastante bem, estávamos com muita adesão, muitas reservas, e no momento em que começaram a sair as novas restrições isso veio por aí abaixo” .
Um percalço, sem dúvida, mas não uma sentença. “Tínhamos aberto há tão pouco tempo que assumimos que não íamos fechar”, conta. Assim foi. O edifício principal do Pena D’Água Boutique Hotel & Villas ocupa o tal edifício centenário, que foi recuperado ao detalhe.
Ali há 19 quartos, dos quais quatro são suites, a que se juntam oito villas independentes colocadas acima da piscina exterior, alimentada por água que vem da nascente da serra, e que vai ser uma extra especial nos meses de maior calor. O hotel conta também com piscina interior, além de spa e restaurante, que estarão prontos para receber da melhor maneira os hóspedes assim que as restrições o permitam.
“O mentor do projeto é o meu pai”, conta à NiT. A família sempre viveu no centro da Covilhã e já tem experiência no ramo. Há meia dúzia de anos, Rui Barata e a filha abriram ali próximo uma boutique guest house na região, Casa com História, um espaço que recuperou a antiga casa do bisavô de Carlota. Mas o Pena D’Água Boutique Hotel & Villas é já um projeto de outra dimensão. “Somos o único hotel de montanha de quatro estrelas no centro da cidade”, conta.
O conforto e tranquilidade, a proximidade de um passeio sempre especial como é a Serra da Estrela, já seriam trunfos fortes. Mas a ligação à serra não é apenas de passagem. É com espírito sustentável que se fazem as coisas. “A serra é a nossa essência”, destaca Carlota, que explica que ali tudo é “muito ligado à natureza e à montanha”.
As cores refletem isso mesmo mas também opções como manter as pedras já antigas e as oliveiras que dão outra vida ao terreno. Há este lado antigo mas longe de ser algo rústico. A arquitetura tem um toque contemporâneo, elegante, um daqueles casos em que menos é claramente mais
Os preços de estadia começam nos 155€ para o quarto clássico, sendo que todas as tarifas contam com pequeno-almoço incluído. O espaço ainda é recente e o confinamento adiou muitas reservas mas também ali se percebe o carinho, muito justificado, que os portugueses têm pela serra. É a neve nos meses mais frios, é certo, mas o tal ponto mais alto de Portugal Continental é também terra conhecida pelos enchidos, queijos e têxteis típicos. Os portugueses predominam mas não é acaso, em especial no verão, passarem cada vez mais turistas estrangeiros pela região.
Quem visita a região continua a ter essa visita obrigatória, serra acima, até lá ao topo. No resto do tempo, há agora um lugar novo, especial, com o centro da cidade ali à mercê, onde vai poder respirar os ares da serra com todo o conforto. Ali, onde história e natureza se encontram.