É uma coleção invulgar de pequenas caixas de música que Maria do Carmo colecionou ao longo de uma vida. Hoje, estão expostas numa pequena casa que nasceu nos jardins do Carmo’s Boutique Hotel e que tem servido de palco improvável a jantares românticos com o ocasional pedido de casamento.
Não é uma visão comum num hotel que, sempre sem deixar de o ser, procura aproximar-se da confortável casa de família. À frente do projeto que foi inaugurado em 2012 está a filha de Maria do Carmo, Raquel do Carmo Barbosa, que comanda com orgulho o boutique hotel que, em quase dez anos, se cimentou como uma das referências de Ponte de Lima e do Minho.
A hotelaria era um negócio estranho à família portuense quando decidiu investir no terreno que hoje é ocupado pelo Carmo’s Boutique Hotel. “A ideia inicial nem sequer passava por criar um hotel, ia ser algo mais simples. Depois as coisas foram crescendo”, explica à NiT a diretora e dona da unidade.
Cresceu e de que maneira. Ao longo dos anos, foram sendo acrescentadas novas zonas de relaxamento, um novo spa e até três tendas luxuosas que se tornaram na imagem de marca do hotel.
A quinta na freguesia de Gemieira, em Ponte de Lima, tinha apenas uma velha casa que foi demolido, para erguer dois edifícios modernos, com a assinatura do atelier Carvalho Araújo. O betão e as linhas modernas foram atenuadas no interior, graças a uma decoração que encontra a união entre o mobiliário clássico — entre móveis de madeiras nobres como o pau santo ou ébano — e moderno, com um toque art déco. O luxo prossegue nos tecidos, entre peles, veludos e sedas.
“Queremos ser um verdadeiro boutique hotel. Um boutique hotel está sempre também ligado à parte artística (…) criamos um ambiente como se as pessoas estivessem em casa, rodeados de arte e música. Nos quartos, os quadros e pinturas são todos diferentes. Como seria na nossa casa”, explica Raquel Barbosa.
Muitas das pinturas e dos livros vieram diretamente da coleção privada da família, entre desenhos de Álvaro Cunhal e quadros de Mário Rocha.
Aos 12 quartos duplos existentes desde a inauguração foram acrescentadas em 2016 duas tendas-suite, numa zona elevada do terreno, quase sempre elogiada pela vista. “Tínhamos lá umas camas panorâmicas com vista para a montanha onde os hóspedes dormiam. Diziam que adoravam aquilo e decidimos criar um sítio para as pessoas lá ficarem.”
As duas tendas de inspiração colonial e com uma banheira estrategicamente colocada junto à janela tornaram-se no símbolo do Carmo’s Boutique Hotel. Mas ainda havia mais surpresas. Noutro espaço elevado surgiu, um ano depois, a tenda das tendas, a Privilege, que é “um verdadeiro privilégio” — e que junta ao luxo um duche e um jacuzzi exterior.
Nasceu também a Oficina do Vinho, um espaço de provas de vinho, mas também de convívio e de degustação de pequenos petiscos — onde é possível conhecer os vinhos, sobretudo os famosos verdes da região, à mão não de escanções, mas dos funcionários com formação. A ideia é que nada ali seja demasiado formal, na Oficina e no hotel em geral.
“Não temos um serviço de mãos atrás das costas porque não faz sentido nesta região. As pessoas não são assim, são acolhedoras e gostam de receber, mas de forma simples.”
Lá fora, os jardins foram crescendo ao mesmo ritmo da fama do hotel. Piscina com largas e confortáveis camas, percursos para caminhar e até uma tenda exterior de spa — que complementa o spa já existente no edifício principal —, o Divino Spa onde reinam os tratamentos de ayurvédica.
Por fim, claro, as duas pequenas casas dos brinquedos, “o Mundo Encantado”, como lhes chama Raquel Barbosa. Ao lado da casa que acolhe a coleção de caixas de música, há também outra recheada de brinquedos. Tudo espaços para visitar livremente mas que, a pedido, podem ser reservados para jantares privados.
A personalização é outro dos fatores que o Carmo’s Boutique Hotel pretende reforçar. Os espaços existem para serem vividos como os hóspedes o entenderem. E o ambiente familiar e informal sente-se também à mesa, no restaurante.
Sem carta fixa e com ementa diária — os jantares são pensados no dia, consoante os produtos frescos disponíveis —, os hóspedes terão que avisar atempadamente que se irão sentar à mesa. Ali, nada é preparado de forma antecipada. Depois, à mesa pode chegar um cabrito ou um peixe, algo mais leve como um carpaccio ou até uma salada. Tudo assente na cozinha tradicional portuguesa.
Caso os hóspedes também queiram, podem fazer uma refeição mais ligeira ao almoço: na sala interior ou no espaço exterior onde, à noite, se acende uma acolhedora lareira.
Uma das últimas novidades é o Gin Bar, outra tenda que nasceu no espaço exterior e que mais uma vez é adaptável à vontade do hóspede. Um espaço recheado de livros, bebidas, mesas cadeiras e sofás para quem queira descansar, ler um livro ou até trabalhar. Mas prepare-se: neste paraíso em Ponte de Lima, o trabalho vai ser a última preocupação que vai ter.
Os preços dos quartos duplos começam nos 215€ por noite. As tendas-suite, graças a um preço promocional, partem dos 360€. Por fim, a tenda privilege, custa no mínimo 385€ por noite.
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