Este verão até foi tímido, talvez por isso tenha um gosto especial esta sensação de que ainda foi a tempo de roubar os últimos cartuchos de sol. Chegámos com sol para um mergulho na praia e outro na piscina. No regresso, nem o céu cinzento e primeiros pingos de chuva chegaram para tirar aquele sorriso de vitória: não ganhaste, outono.
Longe vai o tempo em que partir a caminho do Algarve era sinónimo de vontade mas também coragem, que o destino que atrai gerações obriga sempre a dores de cabeça, seja pelo excesso de filas (do trânsito aos super mercados), seja pela música para entreter ingleses a rebentar noite dentro. Felizmente, Algarves há muitos.
O que encontrei desta vez é aquele que aprecio especialmente: sem caos, a um passinho da praia, com noites sob estrelas e sons de grilos por perto. É bem perto da natureza mas se houver vontade de um pouco de caos urbano Armação de Pêra é ali a um salto. Ainda para mais, o local aonde a NiT ia contava com o extra de piscina, spa, campo de jogos, e um ambiente sereno de aldeamento onde dá para dar uma volta com os miúdos meio à solta. Não era essencial mas à chegada vimos que também isto ia ser necessário.
Saímos de Lisboa com o tempo medido. É tática que quem tem um filho pequeno bem conhece e que no nosso caso funcionou na perfeição. Boa parte da viagem foi com ele a dormir a sesta. Chegamos e ainda estamos a tratar das malas e já o pequeno, quase dois anos de vida, palmo e meio de gente e energia extra para gastar, se foca nos buggies elétricos que por ali há. É fácil de perceber o fascínio.
Estamos em Porches, mais concretamente no White Shell Beach Villas, espaço inaugurado a 2 de julho ainda em modo soft-opening e que foi bem a tempo de ter casa cheia durante o verão. São ao todo 55 villas, de T1 a T3, todas envidraçadas e com espaços amplos, o tipo de lugar onde sabe bem estar dentro de casa mas em que cada passo fora pode ser sinónimo de uma refeição na varanda ou banhos de sol em espreguiçadeiras super confortáveis.
Acabamentos e detalhes
O lugar já está 100 por cento operacional mas vê-se que ainda há pequenos acabamentos a decorrer nos percursos exteriores e acessos à piscina. Nada que dê para o mais exigente dos hóspedes torcer o nariz. Na verdade, quem teve oportunidade de descobrir o espaço ainda no verão já tem mais por descobrir.
As casas são todas num tom terra facilmente enquadrável na zona. É até lugar bastante discreto quando se passa à volta mas no interior do aldeamento as linhas modernas e cuidadas da arquitetura chamam rapidamente a atenção.
Houve aqui bom gosto na preparação e ao entrar na villa notamos logo na decoração, na cozinha bem equipada mas também em pequenos detalhes, onde nem faltam máquinas de lavar ou pequeno eletrodoméstico da Smeg. Os pais reparam nisto, o pequeno anda a correr pelo corredor amplo feliz da vida a descobrir portas, sofá e tudo o mais. Para primeira impressão, dá para ver que ele vai gostar. E não está sozinho.
O interior das villas oferece conforto e elegância, com uma luminosidade natural a toda a prova. A decoração é com linhas minimalistas e bom gosto, o que se quer quando o que se procura é casa de férias. É conceito all-in, trabalhado com materiais sustentáveis e todo um espírito de redução de pegada ecológica. Fomos em modo escapadinha mas é fácil de ver que com mais tempo vale a pena investir numa estadia mais longa.
A receção é junto à entrada, no mesmo edifício onde está o restaurante e se servem pequenos-almoços e que não abdica de piso superior com vista que se prolonga. O carro pode ficar no estacionamento subterrâneo (quem viaja de carro elétrico tem onde o carregar). É estacionar e ficar descansado. Na verdade, é só mesmo descer a rua a pé e uns minutinhos depois já estamos na praia da Senhora da Rocha, um daqueles enclaves especiais que o Algarve nos continua a dar, com a areia e o mar escondidos por entre rocha escarpada. Mas continuemos cá em cima, no White Shell.
Viver na concha
A piscina é ponto central do aldeamento, um daqueles lugares onde facilmente todos os caminhos do eco resort vão dar a um mergulho. Há piscina para os mais pequenos, e uma piscina grande, circular, ampla que baste para ser possível encontrar um espaço sem confusão mesmo quando o aldeamento estiver cheio.
É também ali ao lado que há um espaço onde o bem-estar é sagrado. Há um pequeno ginásio, piscina interior aquecida, hidromassagem, sauna e salas de massagem onde uma hora consegue ser ao mesmo tempo o tipo de coisa que passa a correr e que parece prolongar-se até ao dia seguinte.
Como casal e pais já temos a lição estudada e acertamos a nossa ida à vez com a sesta do miúdo. A mãe foi primeiro, o pai depois. Na prática para o miúdo foi o mesmo: quando a tarde estava a começar tinha dois pais rejuvenescidos, com as costas com força renovada para os colos e cavalitas que viessem a ser precisos.
Saindo da concha, Porches é o tipo de lugar que convida a chinelo no pé. Há restaurantes, supermercado, praia e o que mais for preciso a curta distância. Está é também uma daquelas zonas onde pode muito bem valer a pena pegar no carro e explorar a zona à volta, que há mais praias escondidas, algumas de acesso de terra batida. É possível chegar por terra a pequenos esconderijos mas há também percursos de barco na zona que revelam grutas e pequenos pedaços de areia que parecem resistir serenos a um destino já com fama por esse mundo fora. Algarves há muitos e este é um daqueles que mostra que a diversidade, nas paisagens e oferta turística, continua a ser fator de sucesso.
De volta ao aldeamento há aquela sensação de recanto escondido. O White Shell é o tipo de espaço que parece adaptar-se facilmente. Dá para descobrir em casal, com miúdos, é pet friendly pelo que até aqui tem um trunfo bem moderno. Se a família é grande há também villas com área para caberem lá todos. E tudo isto sem que alguma vez se perca a sensação de privacidade e conforto. É uma aldeia de pequenos recantos dentro do tal recanto maior.
É também fácil de ver que dá para passar todo um dia ali sem precisar de muito mais. Dá para gastar energias pela manhã na passadeira ou numa partida de ténis ou padel, há piscina, spa e bar para um copo ao fim de dia ou à noite. Há margem para tratar das refeições dentro de casa ou ir experimentar o restaurante.
Aqui a ementa é uma combinação de tradicional e contemporâneo, onde as opções vegetarianas não ficam esquecidas. O restaurante serve pequenos-almoços, brunch, almoço ou snacks ligeiros, tanto a hóspedes como clientes que visitem o espaço. É possível desfrutar em modo petiscos, brincando com as entradas. No nosso caso apostámos num risotto de espargos com uma textura certeira e num magret de pato (25€) com uma pequena explosão de sabores no prato. A refeição vai andar entre os 35€ e os 50€ por pessoa dependendo da maior aposta em entradas, vinho e sobremesa.
Vale bem a pena explorar o espaço, algo que é fácil de fazer a pé e ainda mais fácil de bicicleta. Se faltar algum toque a uma refeição mais caseira pode sempre dar um saltinho ao jardim de ervas aromáticas.
Longe vai o tempo em que a ideia de luxo era feita de excessos e extravagância. O mundo atual pede outro tipo de responsabilidades e isso não tem sequer de significar menos conforto. O White Shell apresenta-se como um eco resort onde o serviço cinco estrelas se faz com esse cuidado. Tem trunfos que baste para receber bem o ano todo mas é fácil de imaginar que quando voltar a época alta já se apresentará como um dos segredos algarvios que importa descobrir.
O empreendimento White Shell situa-se na Quinta da Sra. da Rocha, Porches. Há nesta altura programas com estadias de duas noites a partir de 275€, mas também diferentes programas onde o investimento extra se reflete na tal aposta no bem-estar. As reservas podem ser feitas online e qualquer informação extra pode ser pedida pelo e-mail res@nullwhiteshellbeachvillas.com ou através do 282 248 440.
Depois de três dias bem passados, lá vamos fechando as malas. Quem viaja com miúdos pequenos sabe bem que as férias podem também ser um teste à paciência. Não há receitas perfeitas nem dois miúdos iguais mas uma coisa temos descoberto: o local também conta.
No nosso caso, estamos quase de malas aviadas quando o céu cinzento se mostra pela primeira vez. O pequeno está pronto para a viagem. Passou três dias a pedir ao pai para ir ver cada buggie sempre que íamos a algum lado. Está naquela maravilhosa fase papagaio, onde atira “bom dia” e “obrigado” bem-disposto a qualquer pessoa. Está visto que fez sucesso entre os funcionários do resort.
Antes de sairmos ainda o convidam para um último passeio pelo aldeamento num dos buggies. Lá vai ele, de caracóis ao vento e ao colo da mãe, com o ar mais concentrado do mundo. Está visto que adorou a estadia. Não está sozinho.