Após o Halloween, o próximo grande evento a ser celebrado nos Estados Unidos — e em muitos outros países — é o Natal. Esta época festiva transforma as cidades, enchendo-as de cores e decorações características; no entanto, o verdadeiro destaque é a árvore de Natal, que se estabeleceu como o grande ícone desta quadra.
A maioria das pessoas que celebra esta altura do ano costuma decorar uma árvore em casa. Contudo, a mais famosa do mundo encontra-se do outro lado do Atlântico. O pinheiro do Rockefeller Center, em Nova Iorque, é um das atrações natalícias mais visitadas da cidade.
Pela primeira vez desde 1959, este ano foi escolhido um abeto da Noruega do estado do Massachusetts, mais especificamente da localidade de West Stockbridge. Com 23 metros de altura e 13 de largura, o transporte da árvore de 11 toneladas começa a 7 de novembro, com previsão de chegada ao centro de Manhattan dois dias depois, a 9 de novembro.
Como em anos anteriores, o abeto será adornado com mais de 50 mil luzes LED, e no seu topo brilhará uma estrela Swarovski, coberta com três milhões de cristais e avaliada em aproximadamente 1069€. A cerimónia de inauguração está agendada para o dia 4 de dezembro e a árvore permanecerá em exibição até janeiro de 2025. Após o término das festividades, a madeira do pinheiro será reaproveitada e doada à associação Habitat for Humanity.
Como nasceu a árvore de Natal mais icónica do mundo
Tudo começou em dezembro de 1931, quando os trabalhadores do Rockefeller Center juntaram o dinheiro para comprar uma árvore de Natal. Os homens da construção civil que erguiam o empreendimento decoraram o abeto de apenas seis metros com grinaldas feitas à mão pelas próprias famílias, para trazerem um pouco de calor e magia ao local. Viviam-se tempos difíceis, em plena Grande Depressão.
A crise económica assolava os Estados Unidos, como recorda a “Culture Trip”. O país tentava sobreviver após a queda do mercado acionista em 1929, “quando cada centavo contava”, o grupo de trabalhadores da construção civil juntou (algum) dinheiro para fazer a compra simbólica.
“Não era comida, roupas nem combustível. Em vez disso, compraram uma árvore de Natal para ficar no local do Rockefeller Center, que estava apenas a começar a ser construído no centro de Manhattan”, lê-se na publicação. O abeto com as grinaldas feitas em casa serviu como um símbolo de esperança e otimismo durante aqueles tempos financeira e economicamente complicados.
Os trabalhadores acabaram por criar uma tradição monumental que se alastrou ao resto do mundo. Apenas dois anos depois, com a situação um pouco melhor, um publicitário do Rockefeller Center iniciou uma cerimónia de iluminação de árvores, que aconteceu na praça entre as ruas 48 e 51 e a Quinta e Sexta avenidas, desde então. O centro decidiu então tornar a árvore de Natal uma tradição anual: apadrinhou e assumiu a primeira cerimónia de iluminação do pinheiro nesse ano.
Em dezembro de 1936, já havia mais novidades e motivos para festejar: nesse ano, não uma, mas duas árvores foram erguidas no local, onde até aconteceu um concurso de patinagem, para assinalar a inauguração do famoso ringue.
Uns anos depois, voltaram os tempos mais difíceis: em 1942, durante a Segunda Guerra Mundial, quando a árvore já era um ícone, a decoração mudou para um tema mais patriótico, com decorações vermelhas, brancas e azuis e estrelas de madeira pintadas à mão. Nesse ano, não se podia usar ali nenhum material que pudesse fazer falta ao esforço de guerra, pelo que era uma versão minimalista.
Dois anos mais tarde, o mundo continuava em guerra e o abeto foi erguido, mas sem luz, devido ao racionamento do consumo de energia imposto pela situação geopolítica. Algo que voltou a acontecer nos Natais seguintes. Quando o conflito terminou, em 1945, seis projetores de luz ultravioleta foram usados para fazer parecer que os 700 globos fluorescentes da árvore brilhavam, compensando a escuridão dos anos anteriores.
Em 1951, a cadeia de televisão NBC passou a transmitir a cerimónia de iluminação da árvore de Natal do Rockefeller Center, o que ajudou a consolidar a mística associada ao famoso pinheiro. A inauguração realiza-se sempre na semana seguinte ao Dia de Ação de Graças, sendo um evento gratuito e aberto ao público, por ordem de chegada. O local acolhe milhões de visitantes durante a quadra natalícia e o Ano Novo, permanecendo em exibição na primeira semana de janeiro.
A partir dessa altura, com todo o país e o mundo a poderem admirar a árvore, tudo se tornou progressivamente mais elaborado e aprimorado. A decoração foi ficando cada vez mais detalhada e luxuosa e chegam a ser necessários 20 trabalhadores em andaimes, durante vários dias, para a decorar totalmente.
Em 1969 chegaram à árvore as também famosas figuras e anjos de arame da escultora Valerie Clarebout. Hoje em dia, com toda a decoração, a árvore — normalmente um abeto norueguês com mais ou menos 50 anos e 18 a 30 metros — chega a ser decorada com oito quilómetros de luzes LED.
Como se isto não bastasse, a partir de 2004 passou a ser adornada por uma estrela com milhões de cristais Swarovski, cada vez maior e mais luxuosa. A deste ano tem três milhões e pesa cerca de 408 quilos.
A tarefa de encontrar a árvore certa a cada novo ano também não é fácil e recai sempre sobre o jardineiro-chefe do Rockefeller Center, explica a “Culture Trip”. O responsável percorre os estados circundantes à procura do abeto ideal. E chega mesmo a fazer uma shortlist com meses de antecedência — vigia e trata os candidatos ao longo do ano e depois escolhe o vencedor. O abeto é sempre doado pelo proprietário, de bom grado.
Quando o Natal termina e as luzes se apagam, a árvore gigante já chegou a ser replantada (algo que se relevou infrutífero). Hoje em dia, acaba por ser cortada e a madeira é enviada para construção civil de grupos associados à caridade.
Até agora, o recorde em termos de altura foi registado em 1999, quando a árvore media 30 metros. Após os ataques de 11 de setembro de 2001, foi decorada com o vermelho, branco e azul patrióticos, como acontecera durante a guerra, num símbolo de homenagem e patriotismo.
Carregue na galeria e veja algumas fotografias da árvore de 2023.