Mesmo no centro de Londres, há uma estação de metro que foi um verdadeiro fracasso como tal, mas que viria a servir depois do abandono um propósito muito maior: foi um bunker na Segunda Grande Guerra e serviu como refúgio temporário do primeiro-ministro da altura, Winston Churchill. Agora, existem visitas guiadas e regulares para a conhecer.
São tours, garante quem já as fez, absolutamente imperdíveis pelo lado histórico, mas sobretudo por toda a mística em torno da arquitetura do mundo subterrâneo. Mas já lá chegaremos.
Segundo a plataforma “MyLondon“, a história da Down Street Station começa no início do século passado, quando foi inaugurada: 15 de março de 1907. A nova estação no bairro mais endinheirado de Mayfair esperava ter números de passageiros fortes, mas acabou por ser um “enorme fracasso”, por vários motivos.
Em primeiro lugar, porque era uma zona de classe média-alta, onde se usava outro tipo de transportes, mais caros. Também por isso, houve mesmo moradores mais ricos que se terão insurgido contra o “ter uma estação de metropolitano à porta”. Tinham receio, reza a história, que atraísse multidões “indesejáveis”.
Ainda assim, a transportadora estava a apostar em novas estações com entrada pela estrada principal, na sua nova linha que é agora a de Picadilly. Só que também não conseguiu a entrada onde queria, mas sim numa rua lateral de Picadilly, o que claramente não ajudou. Esta solução não era facilmente acessível, nem todos os metros paravam e para piorar o caso, havia duas outras estações populares relativamente próximas: Hyde Park Corner e Dover Street.
Com tudo isto, a nova estação simplesmente não pegou. Por isso, em 1932 seria encerrada, destinada a passar o futuro como um poço de ventilação da linha de Piccadilly. Só que segundo o “MyLondon”, ao contrário do expectável, o espaço acabou por se tornar mais útil na sua segunda vida, ou depois do abandono.
Em 1939, quando a Segunda Guerra Mundial começou, tornou-se num bunker subterrâneo, usado pelo Comité Executivo Ferroviário e pela organização encarregada de manter as linhas de metro e comboio a funcionar durante a guerra. Eram várias entidades, reunidas neste comité, que garantiam que os transportes se mantinham ativos e isto significa que as pessoas, a comida e as armas chegavam ao seu destino. Este importante comité precisava de um espaço central, grande e literalmente à prova de bomba: e encontraram tudo isso e até mais na estação de Down Stret.
A entrada mais escondida que havia ditado o seu fim e o abandono aparente tornaram-na num refugio perfeito. Até tinha um detalhe: uma segunda saída que podia funcionar como fuga de emergência, além do acesso pela rua.
Segundo os registos, havia também uma parte da linha ainda acessível pelos comboios que passavam e um truque: em caso de emergência ou de necessidade de recolha de alguém, era deixada uma luz vermelha. Os comboios paravam, a recolha era feita, e os passageiros nunca sabiam porque havia parado o seu metro.
A sua nova vida foi crescendo e com o decorrer da guerra nos seus enormes túneis nasceram escritórios, dormitórios, uma central telefónica, elevadores, balneários e salas de estar e de jantar. Foram realizadas centenas de reuniões secretas.
Nos serviços secretos a estação da Mayfair’s Down Street chegou a ser considerada um espaço tão seguro que a dado ponto até o primeiro-ministro, Winston Churchill a usou, juntamente com membros do seu governo. Reza a história que a utilizou diversas vezes antes da conclusão das salas secretas de guerra em Westminster e que chamava à estação “O Celeiro”. Quando a guerra terminou, os túneis foram limpos e abandonados, mas ficaram vestígios que contam a incrível história.
Desde 2017 que esta é uma de quatro atrações secretas que abrem portas todos os anos para novos passeios “Hidden London” do London Transport Museum.
Segundo as informações no site da transportadora londrina, os passeios à Estação Secreta de Churchill acontecem entre novembro e fevereiro, repetem normalmente no final do verão e duram cerca de 90 minutos O único problema: mesmo com bilhetes à volta dos 75€, eles esgotam com alguma rapidez, sendo a melhor maneira de os conseguir subscrever os alertas da pagina, para saber logo quando são lançadas novas datas.
Para ir a Londres e visitar a estação de Churchill (depois de conseguir um bilhete da visita), só tem de apanhar um voo, com custos de Lisboa e volta a rondar normalmente os 38€. Do Porto, encontra voos a partir de 40€.