A Costa Blanca, designação turística da zona costeira do Mediterrâneo na província de Alicante, em Espanha, atrai anualmente milhões de turistas em busca de sol, praias e climas agradáveis. No entanto, esta região oferece muito mais do que apenas momentos de lazer à beira-mar — também vale a pena explorar as aldeias do interior, que parecem transportar-nos para épocas passadas.
Um exemplo notável é El Castell de Guadalest, em Alicante, é uma das povoações que integra o grupo Los Pueblos Más Bonitos de España, cuja associação foi estabelecida em 2011 com a missão de promover e preservar o património cultural e natural das pequenas localidades espanholas que se destacam pela sua beleza e encanto.
Empoleirada numa tela rochosa que servia de abrigo e defesa, esta incrível aldeia medieval deslumbra os visitantes com a sua impressionante localização à beira de uma falésia. Situa-se sobre uma rocha com quase 600 metros de altura, enquadradada pelas serras de Xortâ, Serrelha e Aitana.
O monumento mais emblemático é o castelo que dá nome à aldeia, também conhecido como San José. Construído pelos muçulmanos que habitaram a região no século XI para se protegerem da crescente ameaça dos cristãos, é um dos símbolos de Guadalest, apesar de já ter passado por diversas reformas devido aos danos sofridos em batalhas e terramotos.
O povoado onde se estabeleceram os agricultores da época nasceu na encosta. O vale era de difícil acesso, um refúgio de vegetação escondido entre as montanhas, mas perfeito para fins defensivos. Na altura, a única forma de chegar à aldeia era por um túnel escavado na parte superior da elevação rochosa.
A icónica fortificação serve como testemunho das diversas culturas que ali deixaram as suas marcas, reunindo influências muçulmanas e cristãs. Mesmo com a passagem do tempo, ainda hoje se encontram vestígios do que foi o edifício original, mas o grande destaque é mesmo a localização estratégica, que oferece vistas impressionantes sobre todo o vale. A entrada no castelo custa 4€ e os bilhetes podem ser comprados no local.
É ali, no topo, que se avista o famoso reservatório semelhante a um grande lago com água cristalina — e é uma das paisagens mais fotografadas da zona. A cor turquesa, que remete para as praias das Caraíbas, deve-se às minúsculas partículas de lodo suspensas na água. A barragem foi construída ao longo do rio Guadalest no final da década de 1950. Com 270 metros de comprimento, fornece água a muitas vilas e aldeias locais, incluindo a cidade de Benidorm.
Ao longo dos anos, a povoação manteve a sua arquitetura medieval, com as casas pintadas de branco e telhados vermelhos e as ruas estreitas de paralelepípedos, que criam uma atmosfera mágica que parece saída de um conto de fadas.
A vida em Guadalest acontece entre os bairros Arrabal e Castillo. No primeiro, abraçado pela rocha, encontram-se as típicas casas brancas enfeitadas com vasos de flores e lojas de artesanato. É este lugar que conduz os visitantes à parte antiga da aldeia através de uma longa escadaria e uma porta escavada na rocha.
Já o Castillo abriga uma torre de pedra e as ruínas restauradas do castelo de San José. Por onde quer que passe, todo o local é um verdadeiro miradouro natural, elevado acima da rocha, com vista para a barragem turquesa e para as montanhas circundantes.
A riqueza cultural aliada à grande afluência de turistas nos últimos tempos fez surgir vários museus — e hoje é a localidade com mais museus por habitantes em Espanha.
O reconhecimento é possível graças aos seus oito museus e aos 274 moradores, segundo os dados do Instituto Nacional de Estatística, correspondentes a 2023. Um deles é a Casa Orduña, um edifício construído após o terramoto de 1644, onde habitava uma família nobre, que se transformou num museu com objetos decorativos típicos da burguesia da segunda metade do século XIX.
Os turistas podem ainda conhecer o Museu de Microminiaturas, que, como o nome indica, abriga dezenas de miniaturas que podem ser vistas através de lentes, ou o Museu Etnológico, instalado numa típica casa do século XVIII escada na rocha, que apresenta a vida dos habitantes entre os séculos XVI e XX.
O Museu da Tortura, com mais de 70 peças ou instrumentos que foram usados para tortura, e o Museu de Veículos Históricos, com mais de 140 motos e carros pequenos dos anos 20 aos anos 70, são outros dos destaques. Se ainda tiver tempo livre, pode aproveitar para conhecer a prisão do século XII do Castelo de Guadalest. Situada na cave da Câmara Municipal, ainda tempo o poder de assustador os visitantes.
O ambiente natural também convida a caminhadas, pelo que há vários percursos pedestres que dão a conhecer as coloridas encostas da cordilheira que rodeia a aldeia. Um deles é o trilho circular da Barragem de Guadalest, um passeio simples e adequado para toda a família, que permite aproveitar o cenário idílico de um dos vales mais encantadores da província de Alicante, ao longo de cerca de 10 quilómetros (ida e volta).
Como lá chegar
O aeroporto mais próximo da aldeia é o de Alicante, que fica a cerca de 50 minutos de carro. Se partir de Lisboa, encontra bilhetes de ida e volta desde 48€. Caso apanhe o avião no Porto ou em Faro, há voos a partir de 56€ e 138€, respetivamente.
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