Um dos momentos mais temidos dos viajantes é chegar ao aeroporto e perceber que há demasiadas pessoas à espera de embarcar no mesmo avião. Todos os anos, milhares de passageiros com cartões de embarque válidos não podem entrar nos voos porque há overbooking. Ou seja, a companhia vendeu mais bilhetes do que o número de lugares do que tinha disponíveis e alguém vai ter de ficar para trás. Mas, afinal, como é que se faz essa seleção?
Quando existe overbooking, a primeira coisa que a companhia aérea faz é perguntar se alguém se voluntaria para não embarcar naquele voo, em troca de um pagamento em dinheiro. Se não for possível encontrar voluntários suficientes, são os próprios funcionários da empresa que escolhem os passageiros cujo embarque será negado, mesmo que seja contra a sua vontade.
No caso da easyJet, a companhia aérea abre uma exceção para aqueles que reservaram um pacote de férias com a easyJet Holidays, revelou o “The Independent”, que começou a investigar um incidente em que uma família numerosa foi dividida no aeroporto de Liverpool.
Em abril, a família de Gemma Archer fez check-in no aeroporto de Merseyside para embarcar num voo da easyJet para Faro, em Portugal. O grupo de 10 pessoas estava a viajar para o Algarve com um pacote de férias da companhia aérea low cost.
Contudo, um problema técnico fez com que o avião original tivesse que ser substituído por uma aeronave mais pequena, que não tinha lugares suficientes para levar todos os passageiros — e foi aí que começou a seleção das pessoas.
Três membros do grupo foram autorizados a embarcar, mas os restantes seis ficaram em terra. Esta decisão acabou por ir contra a política da empresa, que deve proteger todos os passageiros que têm o pacotes de férias.
“A easyJet estava a dizer ao pessoal da terra que precisávamos de entrar no avião, pois tínhamos um pacote de férias e estávamos protegidos acima das pessoas apenas com voos”, contou ao “The Independent” Gemma Archer.
Um porta-voz da easyJet Holidays confirmou que, de facto, estes têm prioridade em caso de overbooking. “A nossa equipa recebe orientações sobre quais os grupos de clientes que devem tentar evitar deixar para trás no caso de não haver voluntários suficiente. Isso inclui pessoas com necessidades especiais e, sempre que possível, os clientes da easyJet Holidays”, disse.
A política de dar prioridades aos clientes que tenham o pacote de férias aumenta as hipóteses de o embarque ser recusado aos passageiros que compraram apenas os voos ou que têm reservas com outros operadores turísticos.