“O meu nome é Afonso Arribança e acabei de realizar uma viagem que talvez nunca tenhas imaginado que existia.” É assim que se apresenta o psicólogo e viajante português de 35 anos, no vídeo que documenta “a viagem da sua vida”.
Durante 17 dias, Afonso percorreu a rota da Estrada Real, a mais extensa via turística do Brasil, localizada no estado de Minas Gerais. Passou por inúmeras cidades, vilas e parques naturais, todos marcados pela história dos caminhos que os portugueses e brasileiros trilharam em busca de ouro e pedras preciosas.
A odisseia representou a realização de um sonho para o criador de conteúdos de Santarém, que cresceu a assistir às novelas da Globo. “Aos quatro anos, ainda sem saber ler, já sentia fascínio por revistas de viagens, mesmo sem saber ler, e sonhava em conhecer o mundo através das fotografias”, explica à NiT.
O Brasil, contudo, sempre foi o seu destino favorito. Cresceu a ouvir o pai dizer que o avô considerava o Rio de Janeiro a cidade mais bela do mundo, e em miúdo já se apresentava como carioca. “Viajo para o Brasil desde os 11 anos, mas sempre em contexto de resort, sem conhecer a verdadeira cultura brasileira. A minha curiosidade foi crescendo até que decidi reunir um grupo de amigos para explorar um Brasil que poucos conhecem”, relata.
Embora não se lembre do momento em que ouviu o primeiro relato sobre a exploração do ouro pelos portugueses, quando descobriu a que a Estrada Real existia, Afonso soube imediatamente que tinha de a percorrer. Com aproximadamente 1.600 quilómetros de extensão, a rota atravessa mais de 400 cidades e vilas que ainda preservam um riquíssimo património histórico e cultural.
O trajeto funciona de forma semelhante à Estrada Nacional 2 e ao Caminho de Santiago, permitindo que os viajantes carimbem um passaporte à medida que chegam aos destinos. “É uma rota que revela muito sobre a identidade dos dois países. Não vim à procura do Brasil mais português, mas sim do mais autêntico”, confessa.
@afonsoarribanca Episódio 1: A Estrada Real é comporta pelos antigos caminhos do ouro e dos diamantes, explorados por portugueses e brasileiros ao longo da historia colonial. Percorrer este caminho por entre serras, cachoeiras e cidades históricas por mais de 2000km é viver uma história que faz de Portugal e Brasil serem o que são hoje. Entre igrejas e palácios, parques naturais e cachoeiras, vilas e cidades, vive o povo mais amado do Brasil. Minas é, como muitos dizem, a “casa da vó”. É a “Pátria Minas”, como lhe chamam, o berço da melhor gastronomia, do povo mais educado e afável, e da estrada real que é, ainda hoje, o maior trajeto turístico do Brasil. Este é o 1° episódio de uma história que vos quero contar e que foi a melhor viagem da minha vida. O segundo capítulo já está disponível aqui no perfil. Partilhas para fazer chegar a mais pessoas este paraíso que poucos portugueses conhecem? #minasgerais #minasgerais🔺 #história #cidadeshistoricas #cultura #estradareal #brasil #diamantina #serro #portuguesespelomundo #portugues #linguaportuguesa #viagenspelomundo #viagenspelobrasil #viagensincriveis #lugares #aventura #aventuras
A história da Estrada Real remonta ao século XVIII, quando a Coroa Portuguesa decidiu oficializar os caminhos para o transporte de ouro e diamantes de Minas Gerais até aos portos do Rio de Janeiro. Os trilhos, designados pela realeza, passaram a ser conhecidos como Estrada Real.
Percorrer este caminho entre serras, cascatas e cidades históricas é “viver uma história que moldou tanto Portugal como o Brasil. É conhecer Minas Gerais, o berço da melhor gastronomia e do povo mais educado e acolhedor”, descreve.
“Na rua, as pessoas cumprimentam-nos mesmo sem nos conhecerem. Se não soubermos onde fica determinado local, interrompem o que estão a fazer para nos ajudar”, recorda o psicólogo.
Esta “viagem de uma vida”, como frequentemente a descreve, teve início a 1 de agosto, em Belo Horizonte. Com um carro alugado, seguiu rumo a Diamantina, uma das principais cidades da rota dos diamantes durante a colonização portuguesa. É por lá que se deve começar a experiência da Estrada Real e, para Afonso, não podia ter começado da melhor maneira.
“Nunca vi um português aqui. Porque é que vocês não vêm? É tão semelhante a Portugal e a história é comum aos dois países”, disse-lhe um senhor que encontrou em Diamantina. A bondade e simpatia do povo mineiro manifestaram-se novamente pouco depois.
“Queríamos carimbar o passaporte logo no início da viagem, mas aproveitámos para comer numa pastelaria. A senhora que nos atendeu cometeu um erro no pedido, mas voltou com lágrimas nos olhos para pedir desculpa e oferecer-nos pão de queijo. Disse que não era comum ver turistas estrangeiros e que se sentia muito emocionada”, recorda.
Após Diamantina, Afonso visitou Santana do Riacho e Ouro Preto, uma das cidades mais relevantes durante a exploração do ouro no Brasil, que hoje é património da UNESCO e “100 por cento segura, com um charme quase inigualável”. Aqui, viveu um dos momentos mais tocantes da aventura.
Ao visitar a famosa Igreja de São Francisco de Assis, Afonso fez uma rápida paragem, mas posteriormente decidiu voltar para a admirar com mais calma. “Quando regressei, encontrei um senhor de boina, como as que se usam muito no Alentejo, que começou a contar-me tudo sobre a igreja. Desde a história da fachada à mensagem que pretendia transmitir, até o que acontecia aos escravos na época. Contava uma história triste, mas sempre com um sorriso, ao som de música clássica ao fundo”, relata.
De repente, uma multidão juntou-se à volta, todos com lágrimas nos olhos a ouvir as suas palavras. “Era pintor e estava ali para vender as suas obras, mas no final não aceitou dinheiro de ninguém. Disse que gostava apenas dar a conhecer aquela história”, conta.
@afonsoarribanca 👉🏽Este é o 2° episodio. Podes ver o 1º episódio no meu perfil para entender esta grande viagem que organizei para o meu grupo. 📍Percorrer a estrada real, com o passaporte do Instituto Estrada Real é viver mais de 2000km de uma história que faz de Portugal e Brasil serem o que são hoje. Entre igrejas e palácios, parques naturais e cachoeiras, vilas e cidades, vive o povo mais amado do Brasil. Minas é, como muitos dizem, a “casa da vó”. É a “Pátria Minas”, como lhe chamam, o berço da melhor gastronomia, do povo mais educado e afável, e da estrada real que é, ainda hoje, o maior trajeto turístico do Brasil. 📤 Partilhas para fazer chegar a mais pessoas este paraíso que poucos portugueses conhecem? #minasgerais #minasgerais🔺 #cidadeshistóricas #cidades #tradição #cultura #estradareal #brasil #tiradentes #ouropreto #saojoaodelrei #portuguesespelomundo #portugueses #portugal🇵🇹 #portugalviral #roadtrip #viagemtiktok
No percurso, Afonso ainda parou em Convento de Macaúbas, Barão de Cocais, Brumal, Catas Altas, Mariana e Tiradentes. Em Tiradentes, embarcou num comboio com mais de 150 anos, numa linha de ferro inaugurada pelo imperador do Brasil, para uma visita rápida a São João Del Rei.
Já com o tempo a escassear, Afonso apanhou um voo de Belo Horizonte para o Rio de Janeiro, de onde partiu para Paraty, a antiga principal porta de entrada e saída durante a época colonial, antes de o Rio de Janeiro assumir essa posição. “Visitar Paraty é como fazer uma autêntica viagem no tempo e é um deleite para quem aprecia cidades encantadoras à beira-mar”, afirma.
Depois, regressou ao Rio de Janeiro, onde ficou até ao resto da viagem. Pelo meio foi conhecer Petrópolis, a “cidade gémea de Sintra” que serviu como refúgio de verão para a nobreza. Já na “Cidade Maravilhosa”, Afonso dedicou-se a explorar a zona histórica, onde ainda se “ouvem ecos de um tempo majestoso”, confirmando o que o avô sempre lhe dissera.
“O Rio é uma fusão de modernidade e antiguidade; é praia e tranquilidade, história e grandiosidade do período colonial e imperial, cultura e diversão. Não há cidade no mundo que tenha tanto quanto o Rio tem para oferecer”, conclui.
Com a exceção do voo, todo o percurso foi realizado num carro alugado, com paragens em cerca de 20 localidades. O custo total da viagem, incluindo todas as despesas, rondou os 3.000€. A rota foi realizada com o passaporte (gratuito) do Instituto Estrada Real, cujo objetivo é promover este produto turístico.
Carregue na galeria para ver algumas imagens da viagem de Afonso pela Estrada Real.