O Airbnb como nós o conhecemos pode estar prestes a mudar. A plataforma de reserva de casas mais famosa do mundo vai anunciar, em novembro, a “maior atualização de sempre” desde que foi criada, em 2008. Uma das novidades poderá ser o lançamento de ofertas de arrendamento até um ano, um prazo muito mais longo do que o normal.
O presidente-executivo da empresa, Brian Chesky, admitiu ao jornal “Financial Times” esta quarta-feira, 4 de outubro, que tem intenções de levar o negócio “além das viagens”, incluindo uma expansão das experiências e serviços. “Existe uma eventual oportunidade para o Airbnb se tornar uma parte maior no dia a dia das pessoas. Não apenas uma ou duas vezes por ano”.
Oferecer arrendamentos até um prazo máximo de um ano representa, assim, uma “grande oportunidade” para a plataforma. No segundo trimestre deste ano, 18 por cento das reservas através do Airbnb tinham prazos superiores a 30 anos, pelo que o gestor acredita que é possível explorar mais o mercado, principalmente “neste mundo pós-pandemia”, onde muitas pessoas têm a possibilidade de trabalhar fora do país.
Além da nova oferta de arrendamento, o responsável está a considerar outras ideias, como oferecer serviços de aluguer de automóveis. Ainda não se sabe, contudo, se as novidades serão lançadas no mercado português.
A renovação do modelo de negócio da Airbnb surge precisamente num momento mais complicado para a plataforma, que está “em guerra” com várias cidades devido à crise habitacional.
Nova Iorque, um dos maiores mercados da empresa, introduziu em setembro regras bastante rígidas para os proprietários, de forma a regulamentar os arrendamentos de curta duração. O objetivo é combater atividades ilegais e a especulação, numa altura em que os destinos mais turísticos sofrem com a crise habitacional.
A partir de agora, só os anfitriões que moram na cidade é que podem colocar uma casa para arrendar no Airbnb — e têm de estar presentes quando alguém está hospedado. Cada pessoa só poderá ter, no máximo, dois convidados.
Embora a empresa possa continuar a operar em Nova Iorque, as novas regras são tão rígidas que a plataforma considera que são “uma proibição, de facto, ao arrendamento de curto prazo” e vai acabar por reduzir “drasticamente” as ofertas disponíveis.
Florença também se juntou recentemente à guerra contra o Airbnb e vai suspender a abertura de novos apartamentos turísticos no centro histórico. As autoridades da cidade, um dos destinos de férias mais procurados de Itália, tentam assim libertar espaço para novos moradores, especialmente na zona histórica, onde se concentram atualmente quase três quartos dos apartamentos destinados ao arrendamento de curta duração.