Ainda antes de entrar num avião pela primeira vez, Ana Pereira já sonhava viajar e conhecer o mundo. Não sabe bem como surgiu “a vontade gigante de explorar outros países”, mas a verdade é que ansiava pelo dia em que o pudesse, finalmente, fazer. Um sonho que só concretizaria aos 18 anos, quando decidiu começar a trabalhar e estudar ao mesmo tempo, para conseguir poupar algum dinheiro. Afinal, sempre lhe disseram que viajar era caro. Porém, mais tarde descobriu que “estavam completamente errados”.
Quando Ana Pereira, agora com 24 anos, foi a Barcelona, a primeira cidade estrangeira que visitou, concluiu que tinha andado enganada este tempo todo. “Percebi que aquilo que muitos mostravam na internet, as viagens de luxo, não correspondiam à realidade. Tinha aquela ideia de que não eram acessíveis a uma pessoa como eu, mas fiquei chocada com o quão barato viajar pode ser”, conta à NiT a jovem do Porto, que está a concluir o mestrado em Psicologia.
Na altura, não imaginava que iria viver dezenas de aventuras e passar muitas noites em aeroportos. “Percebi que era isto que queria fazer para o resto da minha vida”, recorda. As viagens tornaram-se regulares e os novos destinos também.
Continuou a estudar e trabalhar em simultâneo e investia todo o dinheiro que ganhava em escapadinhas de fim de semana. Apanhava um avião na sexta-feira e regressava na segunda-feira de madrugada, pronta para mais um dia de trabalho.
Quanto mais viajava, mais percebia que podia fazê-lo sem gastar tudo o que tinha. Descobriu como reservar os voos mais baratos, os alojamentos mais em conta e trocava os restaurantes por comida feita em casa. Agora, partilha “as suas dicas infalíveis” no TikTok — na conta “Viajar Mais com Menos”, que já soma mais de 80 mil seguidores.
@viajarmaiscommenos Já conheciam? Juro que vale mesmo a pena ❤️ #fy #viagembarata #escapadinha
“Muitas pessoas diziam que nunca poderiam fazer tantas viagens como eu, por isso, quis mostrar uma realidade diferente. Queria começar a desconstruir a ideia de que é possível fazê-lo mesmo não vindo de um berço de ouro”, admite.
O primeiro “mandamento” para conseguir escapadinhas baratas é simples: ser uma pessoa prática. “Às vezes, faço coisas que outras pessoas rejeitam à partida, como apanhar um voo de madrugada e dormir no aeroporto para poupar no alojamento. Sou descomplicada e estou disposta a fazer o que for preciso para pagar menos”, confessa.
Em vez de hotéis de cinco estrelas, prefere passar as noites em alojamentos encontrados em plataformas de arrendamento temporário (uns melhores que outros). Desde que tenham uma cama para dormir, não precisa de mais nada. “O Airbnb tem sido o meu maior aliado, em vez de arrendar uma casa inteira, reservamos só o quarto e, pelo meio, ainda conhecemos pessoas de outras culturas. É a forma mais enriquecedora de viajar”, diz Ana.
Quanto aos voos, muitas vezes opta por fazer escalas noutras cidades, em vez das ligações aéreas diretas que são, geralmente, mais dispendiosas. Encontrar estas escapadinhas exige, claro, muita “pesquisa e paciência”. “Começo por ver sites mais generalistas, que me permitem fazer uma pesquisa mais alargada, depois vou diretamente às plataformas das companhias aéreas e compro por lá por ser mais seguro”, explica. O Google Flights, por exemplo, é a “ferramenta predileta” da jovem, uma vez que permite ver os sítios mais baratos para viajar nos seis meses seguintes.
Já no que diz respeito à alimentação, também não há nada que enganar: anda (quase) sempre com comida atrás, mas também gosta do “desafio de encontrar um bom restaurante a um ótimo preço”. “Sinto que faço um pouco de tudo e consigo encontrar um equilíbrio, nunca deixando de ser uma viagem bastante económica”, sublinha.
Prova disso são algumas das escapadinhas que fez nos últimos meses, umas mais baratas do que outras, dependendo dos destinos. Mesmo cidades que, à partida, são conhecidas por serem mais dispendiosas, como Edimburgo, conseguiu encontrar opções mais em conta. Veja alguns exemplos:
Milão, Verona, e Florença (Itália)
“Como é que um grupo de amigos pobres consegue visitar três cidades italianas em três dias?”, foi a pergunta que fez num dos vídeos do TikTok. A resposta é fácil: os voos (ida e volta) do Porto para Milão custaram 40€ cada. Em Milão, apanharam um Flixbus até Verona (11€), onde passaram a noite por 21€.
No dia seguinte, apanharam um comboio até Florença (18€), sendo que a estadia ficou a 24€. Regressaram a Milão e a última noite custou 20€. O custo total da viagem para quatro dias, em fevereiro, rondou os 150€, com estadias, voos e deslocações em Itália.
@viajarmaiscommenos Segue o baile 🤣 #fy
Bath (Inglaterra)
Com vontade de viajar na altura da Páscoa, Ana teve alguma dificuldade a encontrar voos em conta. Ainda assim, conseguiu fazer uma escapadinha de fim de semana a Bath, cidade no sudoeste de Inglaterra. Pagou 70€ pelos voos e 25€ por noite.
Madrid (Espanha)
A viagem de três dias aconteceu no mês de maio. Os voos custaram 30€ (ida e volta) e a estadia ficou a 36€ por noite. Com voos e alojamento, o custo total foi de 66€, sendo que no último dia dormiu no aeroporto, uma vez ia apanhar o avião por volta de madrugada. Quanto a atrações, pagou apenas pelo Parque Warner (opcional), que custa cerca de 30€.
Bordéus (França)
No meio de tantas viagens, esta foi a primeira vez que viajou sozinha. Ana foi para Bordéus em junho e conseguiu voos a 80€, ida e volta. Ficou hospedada num hostel e pagou 45€ pelas duas noites.
Edimburgo (Escócia)
Em setembro, o destino escolhido foi a capital escocesa, uma “cidade extremamente cara”. Ainda assim, Ana conseguiu voos de ida e volta a 98€ por pessoa. A viagem de ida foi direta, mas, no regresso, fez escala em Londres, por ser mais barato.
Quanto à estadia, arranjou um alojamento no Airbnb por 110€ para três noites e gastou cerca de 50€ em alimentação e transportes. Contas feitas, a viagem rondou os 250€ por pessoa.
A seguir, carregue na galeria para ver algumas das viagens económicas de Ana Pereira.