“Fechadas para manutenção”. É assim que vão estar, durante dois dias da primavera de 2020, as paradisíacas Ilhas Faroé, no Atlântico Norte. Os locais de origem vulcânica e paisagens únicas no mundo precisam de recuperar da invasão turística e de agressões ambientais. Depois do sucesso de uma iniciativa piloto do início deste ano, os responsáveis locais decidiram fechar serviços, chamar voluntários e pôr todos a ajudar com um objetivo comum — a sua preservação.
Para quem adora contribuir para o meio ambiente e ainda conhecer regiões incríveis no processo, este é um programa de sonho. Qualquer pessoa no mundo se pode apresentar como voluntário através de uma candidatura online para a limpeza e recuperação das lhas Faroé. A má notícia é que as inscrições para a próxima edição, a acontecer no fim de semana de 16 e 17 de abril de 2020, já estão fechadas. No entanto, é quase certo que a ação se repetirá para o ano, pelo que pode já colocar um lembrete no seu smartphone: as vagas costumam abrir em outubro.
No fim de semana marcado, pessoas de todo o mundo vão unir-se em projetos de conservação. Do seu bolso pagam as viagens, mas o alojamento é oferecido. Em troca realizam trabalhos de conservação: erguendo placas de sinalização, reconstruindo montes de pedras, construindo miradouros, limpando e arranjando caminhos, ajudando a recuperar o ecossistema.
As 18 ilhas vulcânicas Faroé ficam entre a Escócia e a Islândia mas são integradas tecnicamente na Dinamarca — e, ainda assim, autónomas. Autênticas pérolas rochosas no meio do oceano, sempre foram um dos locais mais perfeitos do mundo para caminhadas, trekking e observação de pássaros.
No entanto, têm sido invadidas nos últimos anos por turistas: cerca de 110 mil visitantes a cada ano. Metade deles chegam em navios de cruzeiros à pitoresca capital de Torshavr — com uma população de 20 mil habitantes e apenas dois hotéis, mais dois em construção.
Este ano, um novo restaurante da ilha, KOKS, dirigido pelo chef de 26 anos Poul Andrias Ziska, trouxe às ilhas a sua primeira estrela Michelin, pelo que se espera que o turismo ainda possa aumentar.
As ilhas têm o objetivo assumido de aceitar e até fomentar as visitas, tornando o turismo fonte de rendimento crucial para o país e foram por isso realizadas até diversas campanhas. Contudo, será sempre, dizem os responsáveis, mantido o cuidado para as preservar. “Sabemos que as nossas ilhas são especiais. Mas acreditamos que podemos aumentar o mercado sem prejudicar a essência do que significa ser faroês”, disse o primeiro-ministro das Ilhas, à imprensa, aquando do lançamento da experiência-piloto.
Aksel Johannesen garantiu que valoriza a “enorme responsabilidade” de cuidar da comunidade e do meio ambiente. “Embora recebamos pessoas de todo o mundo para conhecer as Ilhas Faroé, também precisamos de preservar e proteger o que temos, para garantir um futuro sustentável”, acrescentou.