Já não é propriamente uma novidade, mas continua a surpreender. E contrasta com a crise imobiliária que se vive um pouco por toda a Europa, sobretudo nas grandes cidades.
Em Itália, várias aldeias têm colocado à venda casas a partir de 1€, para resolver outro problema — o despovoamento. Apesar de não haver certezas quanto ao início desta tendência, um dos primeiros registos apontam para a vila de Gangi, na ilha italiana de Sicília. Atualmente, já são mais de 20 os povoamentos que vendem as suas residências vazias por valores quase risíveis.
Desta vez, em Sambuca di Sicilia, uma pequena comuna perto do extremo oriental da Sicília, está a vender mais um lote de 12 casas, por 3€ cada uma. Atualmente, os imóveis pertencem à autarquia, que as adquiriu após terem sido abandonadas pelos residentes na sequência do terramoto que abalou a região em 1969.
O que explica este fenómeno é simples: reconstruir as habitações locais e renovar a sua população, combatendo assim com o despovoamento das localidades. Estima-se que, até agora, a venda de 250 casas tenha trazido cerca de 20 milhões de euros para a economia local, graças às receitas de novos alojamentos locais, lojas e contratos com arquitetos, construtores, topógrafos e designers de interiores.
No entanto, apesar das boas intenções, o esquema não é bem assim. Embora os preços sejam uma verdadeira “pechincha”, o valor final será bem mais elevado. Os imóveis estão em leilão e quem quiser participar terá de fazer um depósito no valor de 5 mil euros (garantia que será devolvida, caso a oferta não seja bem sucedida). Os preços acabam por rondar os 5 mil e os 10 mil euros.
Além disso, muitas das casas precisam de intervenções, que devem ser concluídas no prazo de três anos depois do negócio ser fechado. As renovações podem ficar entre 30 mil a 200 mil euros.
A autarquia ambiciona atrair ainda mais compradores. “Os turistas e os investidores interessados que estejam a viajar para Itália, ou a planear uma viagem para breve, podem vir dar uma olhada”, afirma o presidente da câmara, Giuseppe Cacioppo.
Contudo, o estado de degradação da maioria dos imóveis não são o único obstáculo. As heranças têm sido um obstáculo em vários processos. Primeiro, é necessária a disponibilidade dos proprietários ou dos seus herdeiros para se desfazerem das casas antigas. Só depois desse consentimento é que é possível colocar as propriedades à venda.
Em Patrica, uma cidade a sul de Roma, foi feito um apelo público e cidade chegou a receber uma resposta positiva de 10 proprietários. No entanto, todos acabaram por desistir. O autarca Lucio Fiordaliso acredita que terão mudado de opinião devido a problemas com outros familiares, que detinham ações sobre a mesma propriedade, como disse em entrevista à CNN, citado pela NiT.
Nas antigas cidades italianas, os edifícios abandonados são divididos entre várias pessoas, mas a lei dita que tem de existir o consentimento escrito de todos os herdeiros para que a venda da propriedade possa avançar. Em muitos casos, estas casas nunca foram divididas oficialmente entre os descendentes e a cronologia foi-se perdendo ao longo do tempo. A sua localização, em muitos casos também se revela uma adversidade, sendo que muitos emigraram há vários anos, sendo difícil encontrar o seu paradeiro.
Caso esteja interessado em comprar uma casa a preço de saldo em Sambuca di Sicilia, pode consultar as possibilidades e formulários de inscrição no site da autarquia.