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Compraram online uma casa numa cidade italiana. Só custou 42 mil euros (já mobilada)

Quando descobriram que a localidade vendia propriedades antigas, e habitáveis, a preço de saldo, não pensaram duas vezes.
Vão viver o sonho italiano.

Largar a vida agitada de uma grande cidade e assentar arraiais numa região pitoresca é um sonho para muitos, mas nem sempre é fácil deixas as raízes para trás. Há, contudo, oportunidades que nunca se devem desperdiçar. Quando o casal Nadine, de 59 anos, e o marido, Kim, de 61, descobriram que podiam comprar uma casa na pitoresca cidade de Latronico, no sul de Itália, sem gastar uma fortuna, não pensaram duas vezes. Em breve, vão mudar-se com os dois filhos, Lorenzo (29 anos) e DeNae (27 anos), para começarem uma nova vida. 

Nos últimos anos, o governo italiano tem lançado várias iniciativas para rejuvenescer as pequenas vilas, aldeias e ilhas que sofreram com a sangria demográfica: tanto colocam à venda casas antigas a preços de saldo como até oferecem dinheiro a quem se mudar para lá. Viver o sonho italiano é uma tentação difícil de resistir — e a família Dawkins sabe-o melhor do que ninguém. 

Quando descobriram a iniciativa de Latronico de vender casas baratas (e já habitáveis) por cerca de 11 mil euros, lançada em 2019, os norte-americanos começaram a ficar entusiasmados com a ideia de se mudarem da sua casa em El Paso, no Texas. Afinal, Nadine, reformada do exército e agora empresária, “sempre sentiu uma ligação a Itália”. O seu trisavô era italiano e foi viver para a América no século XIX.

“Como militar destacada na região muitos anos mais tarde, prometi regressar. Anos mais tarde, o meu marido e eu trouxemos os nossos filhos para eles saberem de onde vêm”, revelou à “CNN Travel”. Quanto à sua trisavó, Lucinda, pouco ou nada sabe sobre a sua história, apenas que era uma mulher escravizada numa plantação do Arkansas. Tudo o que sei é que ela era uma escrava e que ele a comprou. A minha avó e a minha bisavó nunca me disseram mais nada sobre ela. Creio que foi por causa das atrocidades que a escravatura e as memórias dela lhes causaram”, recorda. 

A decisão de deixar os EUA de vez surgiu em 2020, logo após o assassinato de George Floyd. A morte do norte-americano, que foi vítima de violência policial em Minneapolis, nos Estados Unidos, gerou vários protestos contra o racismo em todo o mundo, um movimento que ficou apelidado como “Black Lives Matter”. “Todo o racismo, toda a polarização, todo o ódio que a última administração [Trump] fez vir ao de cima provocou um êxodo de pessoas negras que têm os meios para o fazer”, disse Nadine. 

A família.

Assim, durante a altura da pandemia, descobriu a iniciativa da cidade italiana e enviou logo um e-mail ao vice-presidente da Câmara, Vincenzo Castellano. Depois, aconteceu tudo muito rápido: respondeu-lhes no dia seguinte, marcaram uma videochamada e mostrou-lhes um vídeo da casa que tinham escolhido. Mesmo sem a ver ao vivo, não tiveram dúvidas: era ali que queriam morar— e começaram a trabalhar para isso. 

“Precisamos de sair da América, por isso vamos embora. Os Estados Unidos são um país dividido e divisivo, os direitos de voto estão a ser reduzidos e a história dos negros está a ser desfeita. Estou cansada”, confessou.

À distância, encontraram uma “equipa de sonho” que os ajudou com todo o processo de venda e a encontrar empresas locais para remodelar e mobilar a casa de três andares, situada no bairro histórico de Latronico. As escrituras da propriedade foram assinadas em 2021 e o custo final da casa foi de 42 mil euros.

Em tempos, o edifício pertencia a uma mulher de classe alta, que tinha decorado o espaço com peças de mobiliário antigo, pelo que não foram necessárias muitas obras no interior. O exterior, contudo, ganhou uma nova cor e foi pintado de fresco.

Quando a família adquiriu a propriedade, estava equipada com duas camas, um roupeiro e outros artigos, como chávenas de porcelana. Acrescentaram duas casas de banho (só existia uma), transformaram a cozinha numa enorme sala de jantar e alargaram as varandas panorâmicas com vista para a igreja principal. O espaço dispõe ainda de dois quartos e uma adega subterrânea.

A família está neste momento a passar uma temporada no Panamá e deverá mudar-se para Itália em breve. Quando chegarem, Nadine pretende ensinar inglês aos jovens da região e quer colocar a aldeia no mapa turístico da zona. E, quem sabe, pode até descobrir mais sobre a história dos seus antepassados. O objetivo é passar seis meses por ano em Itália até conseguirem o visto de residência permanente.

A casa.

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