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D. Pedro II apareceu decapitado num dos desfiles do Carnaval de São Paulo

A representação tem gerado polémico e dividido opiniões, sobretudo por se tratar de uma falta de respeito com o último imperador do Brasil.
Está a ser alvo de polémica.

O desfile de Carnaval da escola de samba Académicos de Tucuruvi, realizado em São Paulo no passado domingo, 2 de março, tem gerado controvérsia. O grupo apresentou-se de forma surpreendente, tanto por razões positivas como negativas, ao exibir a cabeça decapitada do último imperador do Brasil, D. Pedro II, que era o filho mais novo do rei português D. Pedro IV.

A cabeça do rei, que governou o país durante 49 anos, entre 1840 e 1889, estava nas mãos de um guerreiro indígena. Este ano, a escola homenageou a restituição do manto sagrado tupinanbá, que estava na posse da Dinamarca e foi desenvolvida ao Brasil em 2024. O manto, considerado sagrado por alguns povos indígenas, é feito com penas da ave Guará e usado habitualmente em cerimónias e rituais.

Contudo, as reações ao carro alegórico não foram consensuais. Enquanto alguns expressaram orgulho na apresentação da escola, outros consideram que a imagem do último imperador do Brasil foi desrespeitada. 

“D. Pedro II era fluente em tupi e valorizava mais a cultura indígena do que qualquer um dos imbecis que organizaram esse desfile. Se não é um herói nacional, quase ninguém é”, escreveu um utilizador da plataforma X.

Nas redes sociais, houve quem acusasse a escola de ter uma “total falta de conhecimento sobre a verdadeira história”. Um dos críticos afirmou que “representar o imperador D. Pedro II, uma figura que valorizava os indígenas e chegou a aprender tupi-guarani, como um inimigo destes povos, é um equívoco histórico inaceitável”.

A iniciativa dos Académicos de Tucuruvi também foi criticada por D. Bertrand de Orleães e Bragança, chefe da Casa Imperial Brasileira, que se manifestou publicamente. “Após ouvir o apelo de amigos e daqueles que formam uma crescente corrente monárquica, manifesto — não apenas como descendente e sucessor dinástico, mas sobretudo como brasileiro que ama a sua pátria e valoriza a sua história — o meu repúdio ao ataque de certa escola de samba à figura do meu trisavô, no ano do bicentenário do seu nascimento”, declarou.

Os responsáveis pela representação “demonstram uma ignorância abismal ao retratar um indígena a cometer um ato de indizível violência contra D. Pedro II”, que foi um “verdadeiro amigo e protetor dos indígenas”, salientou.

Enquanto a “memória do imperador prevalecerá para sempre” devido aos seus feitos,  “a pequenez dos que se aproveitam de dinheiro público e outros patrocínios para promover a revolução cultural, a desconstrução dos padrões tradicionais, a extravagância, a imoralidade e a cultura do caos” será “rapidamente esquecida”.

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