Ainda antes do Mark Zuckerberg ter criado o Facebook, em 2004, um jovem de 33 anos que sempre foi apaixonado por tecnologia e programação lançava aquela que seria uma das redes sociais mais populares do mundo: o MySpace. Todos o conhecem como “o amigo Tom”, uma vez que era automaticamente adicionado à lista de amigos de todos os novos membros da plataforma. Ou seja: era literalmente o amigo de toda a gente.
A ideia visionária de criar uma rede social que permitia criar perfis personalizados, partilhar músicas, fotografias e informações — e que foi lugar de destaque para artistas emergentes — partiu de Tom Anderson e Chris DeWolfe. Os norte-americanos trabalhavam os dois na empresa de marketing eUniverse quando começaram a idealizar um projeto que pudesse ser uma alternativa ao Friendster, que estava a ganhar popularidade, mas tinha várias restrições.
Com ambição de criar uma rede mais aberta e personalizável, criaram, em 2003, o MySpace. Mas não foi um sucesso instantâneo.
Os primeiros utilizadores eram, de facto, amigos próximos dos fundadores e o site precisou de um ano até atingir o sucesso. A partir desse momento, foi um caminho sem rumo. Os membros mais ativos na rede eram artistas e fãs de música, e rapidamente o MySpace virou a sua atenção para o conteúdo musical, ultrapassando os cinco milhões de utilizadores.
Era o “paraíso prometido da música”, com bandas a criar perfis gratuitamente e a disponibilizar informações como biografia, fotografias e as canções. Artistas como Lily Allen e Artick Monkeys, por exemplo, foram alguns exemplos dos que recorreram ao site.
Tom Anderson revolucionou a indústria da música e mudou a forma como uma geração se comunica. Mesmo com mais de 200 milhões de amigos, o empresário decidiu, dois anos depois da criação do MySpace, vender o projeto à News Corp por 580 milhões de euros.
A chegada de outras redes sociais semelhantes, como o Facebook, foi um dos principais motivos. “Sentíamos que tínhamos atingido o pico. Não estávamos a perder força, mas o nosso crescimento estava desacelerado”, contou em entrevista ao “The Guardian”, em 2008.
O empresário escolheu então vender a plataforma e, de repente, um dos perfis mais visitados do mundo rapidamente desapareceu no abismo. A icónica fotografia em que aparece com uma T-shirt branca, contudo, nunca desapareceu. Ainda hoje a usa nas suas redes sociais e não tem intenções de o deixar de fazer.
“Se usasse uma fotografia nova, a Internet ia abaixo. A minha fotografia é mais vista do que a da Mona Lisa”, escreveu em 2012 no Twitter, em resposta a um utilizador que comentou que deveria mudar de imagem.

O negócio multimilionário deu-lhe oportunidade de se reformar em 2009 e apostar nas suas outras paixões: arquitetura e design. “Quando saí do mercado de trabalho, comecei a projetar a casa dos meus sonhos. Mergulhei na arquitetura e comprei sete terrenos. O meu plano era construir uma casa, mudar-me e construir a próxima”, contou em entrevista ao “Red Bulletin”.
A verdade é que se ficou pela terceira casa. Quando terminou a construção dessa última propriedade, começou a interessar-se por fotografia. A paixão surgiu numa viagem ao Burning Mann, em 2011, o festival mais alternativo do mundo que leva as pessoas ao deserto de Black Rock, no estado do Nevada, nos EUA.
“Tirei fotografias no evento e não conseguia acreditar que aquilo estava a sair da minha própria câmara. Fiquei viciado na hora”, confessou à “Architectural Digest”. Quando começou a fotografar, sempre disse que seria apenas um hobby — desde que se reformou que desistiu completamente de fazer dinheiro, seja de que forma fosse.
“Não queria aceitar encomendas, vender as minhas fotografias ou fazer alguma coisa comercial com elas. Isso pareceria apenas trabalho, o que não quero fazer”, disse depois ao “Business Insider”. Em vez disso, começou a viajar pelo mundo, escolhendo destinos apenas ao ver as suas fotografias online.
Se o MySpace mudou a indústria da música, o “Instagram mudou a indústria do turismo”. E Tom foi um dos que se renderam à aplicação. Durante as viagens, diz também que “não se importa de gastar dinheiro. “Pago muito para não perder tempo. Tempo é a coisa mais importante para mim”, afirmou.
Nos últimos anos teve a oportunidade de visitar e fotografar países como Peru, Chile, Argentina, Bolívia, Havaí, Japão, China e Islândia. As imagens cénicas dos destinos que visita costumam ser partilhadas na sua conta do Instagram, “myspacetom”, onde tem mais de 800 mil seguidores.
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