Viagens

De Portimão a África: a história do algarvio que se tornou guia de safaris

Já esteve frente a animais selvagens e apanhou alguns sustos. A NiT esteve à conversa com Pedro Quirino, de 39 anos.
É especializado em safaris de natureza e vida selvagem.

Pedro Quirino nasceu perto do mar e cresceu a ouvir o som das ondas a bater na areia. Com a prancha de surf na mão e o fato colado ao corpo, aventurava-se pelas águas das praias algarvias sem imaginar que um dia iria mergulhar noutros mares, alguns deles a milhares de quilómetros de distância da cidade que o viu crescer. 

Algarvio de gema, Pedro Quirino tem 39 anos e muitas histórias para contar. Saiu de Portimão aos 18 anos rumo a Lisboa para estudar arquitetura, uma paixão mais do pai do que propriamente sua. Os estudos levaram-no a fazer as malas e voar até Amesterdão, na Holanda, para fazer um estágio na área. Pouco depois, o destino levou-o para Copenhaga, na Dinamarca, onde esteve a trabalhar durante uns tempos.

Em ambos os países, Pedro veio a descobrir que os seus colegas estrangeiros pouco ou nada sabiam sobre os locais para praticar surf em Portugal que, pelos vistos, não faziam parte dos roteiros europeus. Para combater esse desconhecimento, o algarvio começou a mostrar aos colegas que o País é, na verdade, um dos melhores destinos do mundo para apanhar ondas.

“Quando tiveram oportunidade de visitar Portugal, acabei por lhes traçar um plano com os sítios onde podiam comer e ficar. Adoraram e começaram a espalhar que havia um português que percebia muito de surf”, começa por contar à NiT Pedro Quirino. Os itinerários fizeram sucesso e foi aí que percebeu que podia ser o início de um negócio, até porque naquela época, em 2007, “não havia informação nenhuma sobre o surf em Portugal”.

Quando regressou, na altura da crise, o algarvio não conseguia arranjar trabalho na área de formação e esse foi o ponto de partida para deixar para trás a arquitetura e começar a investir a 100 por cento na indústria do turismo. Criou a primeira agência de viagens online a nível europeu,  a Surfinn, que colocou Portugal no mapa do surf. “Era um site específico para surfistas. As pessoas podiam fazer reservas diretamente no site, coisa que na altura não era muito comum”, conta.

Com o aparecimento de outros projetos semelhantes, começaram a “perder a carruagem porque a concorrência começou a aumentar e tinham plataformas de reservas de qualidade superior”. Foi nessa altura que começou a procurar novos caminhos. 

Um safari que mudou a vida de Pedro

Apaixonado por viagens desde que se lembra e com o sonho de conhecer o continente africano através de safaris, e quando a possibilidade surgiu nem quis acreditar. “Sempre me pareceu um sonho inatingível, aquelas ideias excêntricas que ficam só no imaginário. Quando surgiu a oportunidade, agarrei-a sem pensar duas vezes”, diz. 

Em 2015 participou no safari que lhe abriu as portas para começar a trabalhar em África, numa altura em que se estava já a desligar do surf. Fez um safari de overlanding, uma viagem de camião auto-suficiente desde a África do Sul até às Cataratas de Vitória, no Zimbaué, onde explorou locais remotos e interagiu com culturas diferentes. 

O camião.

“Fiquei quase um mês na África do Sul e tornei-me logo amigo do guia, que nem era para estar lá nesse dia. Entretanto, ele montou a própria empresa e convidou-me a ajudá-lo”. A Footsteps Through Africa começou a correr bem melhor do que o esperado, ao ponto de terem de comprar mais camiões. “Foi aí que me convidou a ficar com o segundo camião da empresa”, recorda.

Pouco depois de se juntar a esta aventura dos safaris, Pedro teve de tirar um curso de três meses na África de Sul, em 2018, na academia EcoTraining para ter um certificado que lhe possibilita entrar em alguns parques naturais com pessoas sob a sua responsabilidade. “Foram das melhores experiências da minha vida. Três meses no mato sem eletricidade, sem telemóveis, onde aprendi tudo sobre as plantas, técnicas de sobrevivência, as pegadas…”, explica.

Apesar de gostar de viajar acompanhado, diz que não existe nada como uma aventura sozinho. “Dá para conhecer muito melhor os sítios, a ligação que temos aos lugares é feita de forma mais completa”.

Namíbia, Botswana, Zimbabwe, Uganda, Quénia e Tanzânia são só alguns países da longa lista que o algarvio já visitou. Nos últimos anos, de safari em safari, sozinho ou acompanhado, o português tem vindo a percorrer o continente africano percorrendo estradas, atravessando fronteiras, e conhecendo paisagens e comunidades, com algumas surpresas pelo meio.

“Já apanhei alguns sustos. Quando fazemos overlanding ficamos a acampar no meio dos parques naturais em zonas onde há muitos animais selvagens. Já aconteceu termos que interromper o jantar porque aparece um elefante ou um leão e temos que nos recolher para a tenda”, conta o guia. 

Entre tantos países, todos eles especiais à sua maneira, há dois que lhe ficaram mais marcados: o Botswana, onde já esteve frente a frente com animais selvagens; e a Namíbia, pela dimensão do país e as paisagem incríveis do deserto e do mar.

Juntou-se à agência de viagens Landescape e agora é o responsável por tornar real o sonho de qualquer viajante. Especializado em safaris de natureza e vida selvagem, organiza itinerários por toda a África, onde a aventura é garantida. A grande novidade deste ano é a viagem a Socotra, a misteriosa ilha esquecida no Índico abriu ao turismo pela primeira vez no final do ano passado. 

De seguida, carregue na galeria para conhecer alguns dos momentos das viagens do algarvio.

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